Igreja Cristo Ressuscitado exibe “Dom Paulo”

CineB Solar esteve no dia 14 de junho no Salão Paoquial da Igreja Cristo Ressuscitado, localizada na Zona Leste da capital para exibir o documentário “Coragem – As Muitas Vidas de Dom Paulo Evaristo Arns”.

CineB Solar estreia “stand” de recepção do público.

O Salão Paroquial da Igreja Cristo Ressuscitado, localizado na Cidade A.E. Carvalho, região de Itaquera, contou, pela primeira vez, com uma exibição do projeto CineB Solar no último dia 14 de junho. A sessão foi organizada pela ONG Juntos – Jardins Unidos Num Trabalho de Obra Social, que há oito anos mantém uma parceria entre a Paróquia e a Prefeitura de São Paulo para organizar atividades para 100 idosos, de segunda à sexta pela manhã. A entidade é parceria do CineB Solar há anos. Humberto Canavesi, diretor administrativo da ONG, contou que em toda a Zona Leste são atendidos 800 idosos em 8 polos, além de 480 crianças em contraturno escolar e 120 adolescentes. “Eu sempre elogio o trabalho do CineB e do Sindicato dos Bancários [de São Paulo, Osasco e Região]. Se cada sindicato investisse na área social como faz os bancários, teríamos inúmeras atividades como teatro, cinema, dança e pintura espalhados pelos bairros”, imagina.

Apresentação do grupo Luta pela Igualdade faz apresentação da dança da peneira.

A comunidade, que lotou o salão, acompanhou o filme “Coragem – As Muitas Vidas de Dom Paulo Evaristo Arns”, de de Ricardo de Carvalho, que retrata a história de um dos mais importantes cardeais brasileiros do século 20. Dom Paulo foi um intransigente defensor dos direitos humanos e enfrentou como poucos o regime militar. Co-organizou um dos mais importantes documentos sobre a ditadura, ainda no período militar: o projeto Brasil, Nunca Mais, que virou um livro que denunciou milhares de torturas, desaparecimentos e assassinatos. O cardeal Arns também organizou os pobres da cidade de São Paulo para que pudessem reivindicar os seus direitos fundamentais como educação, saúde, habitação e emprego por meio da organização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

Para o pároco Jalmir Mateus de Oliveira muitos nem conhecem o trabalho de Dom Paulo à frente da igreja em São Paulo e o trabalho que ele fez no período da ditadura civil militar, quando “acolhia aqueles que estavam sendo perseguidos. Ele é mais conhecido fora do Brasil do que aqui. Quando se vai para o exterior o povo fala de Dom Paulo, pergunta sobre Dom Paulo, e aqui parece que muitos católicos passaram uma borracha, esqueceram todo o trabalho que ele fez, especialmente nas periferias”, reflete.

Na abertura oficial da sessão, Cidálio Vieira Santos, coordenador do CineB Solar, Humberto Canavesi, diretor da ONG Juntos e o pároco Jalmir Mateus de Oliveira.

Antes do início da sessão, o grupo “Luta pela Igualdade”, formado pelos idosos que frequentam as atividades da ONG Juntos, fez uma apresentação da dança folclórica da peneira. Segundo Tamires da Silva, a professora Mel, que dá aulas de capoeira adaptada para idosos há três anos, às quartas-feiras pela manhã, o trabalho é focado na capoeira. “Como os idosos têm dificuldades com os movimentos da capoeira, adaptamos os movimentos com danças folclóricas”, comenta.

Ao final da sessão, mesmo com o frio que assolou São Paulo durante a semana toda, o público permaneceu e participou do debate e do sorteio dos brindes do CineB Solar. Para Terezinha de Fátima Forestieri, a sessão estava tão boa que ela deixou de fazer os ensaios do grupo de coral da igreja, que aconteceram no mesmo horário da sessão para acompanhar o filme.

Célia Cândido Pereira, freira, funcionária pública e coordenadora da catequese da paróquia usou o microfone logo ao final da sessão, para lembrar o quanto Dom Paulo faz falta e o quanto “é preciso retomar o trabalho com os pobres. O filme mexeu comigo”, considera. Para Kátia Libardi Geroto, esteticista, aposentada por questões de saúde, o filme destacou o grande drama que o período da ditadura civil militar representou para a sociedade brasileira, com perseguições, torturas e assassinatos.”Os mais jovens falam sobre a volta do militarismo. O filme mostrou o quanto esse período foi horrível. As pessoas não sabem o que falam quando pedem o militarismo de volta”, denunciou.

A sessão contou com a presença de José Coelho da Silva, de 95 anos. Ele frequenta o grupo de idosos do espaço e nunca foi ao cinema. Originário do Crato, no interior do Ceará, está em São Paulo desde 1951. Acompanhado da filha, ele contou que gostou muito do filme e do jeito que tudo foi organizado. “Não sou chegado a assistir filme, mas foi tudo bem legal”, revelou. Ao final da sessão, o público pode conhecer como funciona o sistema de captação solar do projeto.

O CineB Solar é um circuito alternativo de exibição que, desde 2007, leva cinema brasileiro para várias regiões da cidade. O projeto, que agora passa a se chamar CineB Solar quando estiver nas comunidades, já contabiliza um público superior a 60 mil pessoas em mais de 480 sessões gratuitas em comunidades, escolas e universidades de São Paulo. Já foram exibidos na tela do CineB mais de 116 longas metragens e 73 curtas metragens.

2 comments

  1. Amei este progeto teve parte do filme que me emociono

  2. Muito bom,amei conhecer um pouco mais sobre a vida do nosso querido Dom Paulo Evaristo .

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