Foi a maior sessão do ano. O Procedu, entidade assistencial localizado no bairro União de Vila Nova, reuniu as famílias atendidadas do projeto para acompanhar o longa “Shaolin do Sertão” de Halder Gomes.
Os moradores do bairro União de Vila Nova, antigo Pantanal, localizado às margens do rio Tietê e da rodovia Ayrton Senna, na Zona Leste de São Paulo, aproveitaram o período de férias para acompanhar, na última sexta-feira, 14/7, mais uma sessão do CineB. O Projeto Cultural Educacional Novo Pantanal (Procedu) recebeu, pela quinta vez em seu salão de atividade, toda a estrutura do CineB, com cadeiras, tela, som e pipoca, tudo de graça. O espaço foi pequeno para as 307 pessoas que compareceram à sessão.
Em cartaz, a comédia “Shaolin do Sertão”, escrita e dirigida por Halder Gomes. Lançada em outubro de 2016, conta a história dos lutadores de vale-tudo que durante a década de 80 passaram por dificuldades devido à falta de lutas profissionais. A fim de manter a paixão pela luta, eles desafiam os valentões no interior do Ceará que aceitam participar da competição. É assim que Aluiso Li vê a chance de ouro para realizar o sonho de se tornar um verdadeiro mestre das lutas como os heróis de seus filmes favoritos. Com Edmilson Filho e Falcão no elenco.
Para o gerente do Procedu, Everton Vicente Marcílio é muito gratificante ter o CineB na comunidade. “Têm muitas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de conhecer o que é um cinema, e através desse projeto acabam conhecendo”, reflete. Ele explica que a grande maioria das famílias presentes são aquelas atendidas pela entidade. “São cerca de mil famílias e uma pequena parte respondeu ao nosso chamado”, conclui.
A sessão estava tão cheia que as duzentas cadeiras que o projeto levou para a sessão não deu conta e foi necessário utilizar mais de cem cadeiras da entidade para que todos pudessem sentar confortavelmente e acompanhar a sessão. José Mario de Queiróz, morador da União de Vila Nova e funcionário do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região acompanha todas as sessões que acontecem no local. Ele conta que a adesão da comunidade sempre é grande. “Tá lindo, tá bonito”, elogia. Ele avalia como fundamental a relação sindicato e comunidade “principalmente pelos desafios que temos à frente, com tantos ataques desse governo golpista e as comunidades mais carentes são aos primeiras a sofrer as consequências desse desgoverno, então o Sindicato como o dos Bancários que tem um papel tão importante para a democracia, para a luta, para a resistência tem que estar presente nas comunidades”, conclui.
A segunda exibição de “Shaolin do Sertão”, caiu nas graças do público. Ao final da sessão o público aplaudiu bastante o filme. Para Marlene Rodrigues de Souza, que estava pela primeira vez numa sessão do CineB ao lado dos três filhos, foi uma expeiência “ótima”. Já Marcele Carvalho de Oliveira, moradora da União de Vila Nova há cinco anos, nunca tinha ido a uma sessão de cinema antes. “Lá na minha cidade, São Miguel do Guamá, no Pará não tem cinema, e depois que eu cheguei em São Paulo, meus filhos foram, mas eu nunca tive vontade”, explica. Mas ela conta que depois de perder três sessões do CineB no Procedu, dessa vez resolveu acompanhar uma sessão. “Vim com minha vizinha e o filho dela e eu gostei”, finaliza.
Thais Rodrigues Veríssimo estava feliz ao final da sessão porque ganhou brindes do projeto em dois momentos diferentes: quando Cidálio Vieira Santos coordenador do CineB sorteou os livros doados pela ONG Eh Aqui e camisetas do projeto, o primeiro a partir dos números das pulseiras que o público recebe quando entra na sessão, a segunda a partir dos questionários preenchidos depois do filme. “Eu nunca ganhei nada em sorteio e hoje foi duas vezes. É felicidade em dobro. Eu amei o projeto, é muito gostoso participar da sessão”, comenta.
Para o jovem casal Tiago Patrick e Girlaine Mirella a sessão valeu a pena. “Filme nacional eu valorizo muito” comentou Tiago, que é tatuador e grafiteiro profissional. “Eu valorizo o grafite que tem mensagem, não o rabisco”, explicou.
Outra família presente pela primeira vez na sessão e adorou o projeto foi a de Claudia Clemente da Silva. Ela estava acompanhada do marido Adventor e dos filhos Luiz Miguel, Mel Cristina, Maria Isabel e conta que é balconista de padaria, mas atualmente está desempregada. “Eu tenho o costume de ir no cinema, mas como o acesso ao cinema está difícil atualmente é interessante a gente receber um cinema no bairro”, completa.
Na sessão foram sorteados livros doados pela ONG Eh Aqui, uma parceira que funciona como uma facilitadora na doação de livros, visando democratizar o acesso à cultura. O CineB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 56 mil espectadores em mais de 430 sessões gratuitas realizadas em comunidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Foram exibidos na tela do CineB mais de 100 longas-metragens e 69 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.