Mulher negra é tema de filme nos Bancários

O CineB exibiu, na última quinta-feira, 14/12, no Auditório Amarelo do Sindicato dos Bancários, o documentário “Nega Que É Nega Não Nega Ser Nega Não” de Fábio Nunez e organizou um debate que reuniu o diretor do filme e representantes do movimento sindical.

Ana Marta, diretora do Sindicato que integra o Coletivo de Combate ao Racismo. Veja todas as fotos no final do post.

O CineB encerrou, na última quinta-feira, 14/12, a temporada de exibição do documentário “Nega Que É Nega Não Nega Ser Nega Não”, de Fábio Nunez. A sessão aconteceu na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, no Centro de São Paulo. O Auditório Amarelo recebeu a quinta e última sessão do filme de Nunez na temporada 2017.

O coordenador do CineB, Cidálio Vieira Santos, aproveitou para exibir, na abertura da sessão, o novo site do projeto, mais moderno e dinâmico, além de apresentar uma prévia dos números do CineB na temporada. “Contamos com a presença do diretor, diretora ou roteirista dos filmes em 15 das 45 sessões deste ano. Foi um recorde. Também realizamos 4 sessões especiais e pré-estreias durante o ano”, revela.

O documentário exibido no Sindicato foi produzido e dirigido pelo músico e cineasta Fábio Nunez e é inspirado na música de mesmo nome de Nunez e Jacson Matos. Apresenta a pluralidade e a força do universo negro feminino. Mulheres de todos os segmentos sociais e profissionais, referência para futuras gerações e grandes exemplos de resistência e luta contra os persistentes processos de machismo, racismo e exclusão deram seus depoimentos sobre suas trajetórias de vida, o que pensam e como vêem os processos de exclusão e racismo no Brasil.

O diretor participou, ao final da exibição do filme, de um debate ao lado de Ana Marta, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e integrante do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato e de Rosana da Silva, Secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP.
Nunez explicou que fez o filme a partir das gravações do videoclipe da música “Nega Que é Nega Não Nega Ser Nega Não”, lançada em 2009. “Em 2015, a música recebeu um novo arranjo e a voz da rapper Cris do grupo SNJ. Então resolvemos fazer um videoclipe e convidamos mulheres negras com histórias lindas, e eu quis fazer o making off do clipping com o depoimento dessas mulheres. Ficou um trabalho tão denso, tão rico, que acabou virando um documentário que terminamos antes do clipe”, explica.

Ana Marta lembrou que foi uma ótima escolha organizar uma sessão do CineB no Sindicato para fazer um debate, “importantíssimo. Não só sobre a mulher negra, mas também sobre o combate ao racismo, sobre o combate à homofobia”, lembrou. Para Júlio César Santos, também diretor do Sindicato dos Bancários e coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo da entidade, existem 24% de pessoas negras e pardas trabalhando no setor bancário, mas estudos feitos a partir da convenção coletiva “apontam que os negros não conseguem ascender na hierarquia dos bancos. Os negros muitas vezes possuem escolaridade até superior a das pessoas não negras, mas o processo estrutural de discriminação impossibilita os negros e negras de ascenderem”, denuncia.

Fábio Pereira, também integrante do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato, lembrou que o filme traz uma realidade sobre a discriminação da mulher negra trabalhadora. “Nos bancos, as mulheres também estão em serviços secundários. Queremos mudar essa realidade para essas mulheres se empoderarem dos melhores cargos também”.

O público participou do debate com comentários e muitos elogios ao filme. Para Rosana da Silva, o documentário traz uma mensagem bastante forte. “Você vê negras com seus cabelos soltos, com sua história. Quando você leva esse filme na periferia as crianças negras, as adolescentes e jovens negras não vão querer mais alisar o cabelo. Vão querer ser iguais a essas negras empoderadas. O filme ajuda a mudar esse processo elitizado fortalecendo o que é real, que é delas”, conclui.

O CineB é um circuito alternativo de exibição que, desde 2007, leva cinema brasileiro para várias regiões da cidade. O projeto, realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e produzido pela Brazucah Produções, já contabiliza um público superior a 60 mil pessoas em mais de 480 sessões gratuitas em comunidades e universidades de São Paulo. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 116 longas metragens e 73 curtas metragens.

2 comments

  1. Parabéns ao CineB por essa iniciativa de abordar esse tema com tanta relevância.
    O filme Nega que é Nega não nega ser Nega não foi exibido no Sindicato dos bancários com um debate riquíssimo.

  2. Meus Parabéns a esse Equipe maravilhosa do CineB que tem a frente O Cidálio e levam Cinema de qualidade e com temas interessantes que provocam debates e rodas de Converça com os Participantes.
    Foi isso que aconteceu no dia 14 de Desembro no Sindicato dos Bancarios.Nega que é nega não nega ser nega Não.Amei esse filme que na minha Opinião deve continuar sendo apresentado nas Perferias e Univercidades de São Paulo
    Nada como ter uma estrutura de Alto Nivel ,como oCineB levando cinema com Pipoca para o Povo.

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