A comunidade da Água Funda, Zona Sul de São Paulo, assistiu ao filme “Sobre Rodas” de Mauro D’Addio no pátio da Paróquia Santo Afonso de Ligório.
Água Funda é um bairro localizado ao lado da Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo ao litoral paulista, e conta com muitas atrações: o Parque Estadual Nascentes do Ipiranga, local da nascente do córrego do Ipiranga, o Jardim Botânico e o Zoológico. Mas no último sábado, 13/04, contou com uma atração a mais: uma sessão de cinema ao ar livre.
A sessão aconteceu no pátio da Paróquia Santo Afonso de Ligório e alcançou um público que frequenta a Paróquia e a Associação de Moradores e Amigos da Água Funda (AMAAF), além de visitantes do bairro que acompanharam a exibição do longa-metragem “Sobre Rodas”, filme de Mauro D’Addio, que estreou no CineB Solar em abril, ao mesmo tempo que no circuito comercial.
O filme, premiado em festivais internacionais e no Brasil, conta a história de Lucas (Cauã Martins), um menino que chega a uma nova escola depois de sofrer um acidente que o colocou em uma cadeira de rodas. Ele então faz amizade com Laís (Lara Boldorini), uma colega de classe que sonha em conhecer o pai que a abandonou. Juntos, ambos iniciam uma jornada inesperada e decidem fugir de casa quando a menina descobre o suposto paradeiro do pai.
Há três anos que o bairro recebe o CineB, inicialmente, AMAAF, e desde 2018, na Paróquia Santo Afonso de Ligório. Para Isabel Ramos, presidente da AMAAF, a exibição ao ar livre lembra outros momentos da comunidade. “Há uns 50 anos tinha exibição de filmes, não tinha o salão da igreja, era feito tudo precário, mas tinha. Essa comunidade já foi bastante ativa, tinha um grupo de jovens muito bom. Hoje nós queremos resgatar as coisas boas que aconteciam aqui”, comenta.
Também foi exibido o curta-metragem “Yzalú – Rap, feminismo e negritude”. O documentário narra a jornada de Yzalú, rapper negra, que encontrou na música uma ferramenta poderosa de combate ao racismo, machismo e classismo. O curta retrata a história de seu single mais famoso, “Mulheres Negras”, que se tornou um hino entre as feministas negras. Com direção e produção de Inara Chayamiti e Mayra Maldjian.
A sessão contou com muitas famílias e as crianças levaram até cobertor para assistir ao filme. Ao final do longa, Maria Dolores Gomes, contou que foi a primeira vez em 50 anos que foi a uma sessão de cinema. “Os filmes que eu assisti na minha vida foram poucos, como ‘Dio Come Ti Amo!’, ‘Ben Hur’ e os filme do Frei Mojica”, confessa. Moradora do Tucuruvi, Dolores passava em frente à igreja para visitar o pai, cadeirante e com 99 anos, quando viu o cartaz e ficou sabendo da sessão. “Adorei o filme, é maravilhoso, um exemplo de vida”, comenta. Cristiane Rodrigues de Abreu, também visitava os pais e aproveitou para ir ao cinema “Moro no Jardim Ângela, meu pais moram aqui perto, minha irmã me convidou e eu adorei o filme”, confessa.
Para Luiza dos Reis Conceição, aposentada e colaboradora da AMAAF, a sessão surpreendeu. “Foi agradável, veio bastante gente, e o filme é bem apropriado, trata da questão do deficiente físico, da juventude, da amizade, do respeito, porque mostram uma amizade pura”, analisa. Ao final da sessão foram sorteados brindes como camisetas e os produtos orgânicos da empresa Mãe Terra, que apoia o projeto CineB Solar.
O CineB Solar, parceria entre a Brazucah Produções e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, é um circuito alternativo de exibição de filmes que, desde 2007, leva cinema brasileiro para várias regiões da cidade. O projeto, já contabiliza um público superior a 64 mil pessoas em mais de 512 sessões gratuitas em comunidades, escolas e universidades de São Paulo. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 124 longas metragens e 73 curtas metragens.