Amaurih Oliveira, ator do longa-metragem “Irmã Dulce”, participou de um gostoso bate-papo na última terça-feira, 17/12, no Santuário Nossa Senhora da Paz, localizado em Itaquera, zona leste de São Paulo. A sessão foi a última do ano.

A última sessão em 2019 do projeto CineB Solar, que aconteceu na última terça-feira, 17/12, seria ao ar livre. Mas por conta da constante chuva que caiu no final do dia, os frequentadores do Santuário Nossa Senhora da Paz, localizado em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, tiveram que acompanhar a exibição no salão paroquial.

O espaço já foi palco de muitas exibições do projeto, e dessa vez, acomodou o público que, mesmo numa terça-feira chuvosa, marcou presença para acompanhar a história de irmã Dulce. O longa-metragem dirigido por Vicente Amorim estreou no CineB em 2016 e apresenta a trajetória de vida de irmã Dulce da década de 1940 aos anos 1980. Mostra como a religiosa católica enfrentou uma doença respiratória incurável, o machismo, a indiferença de políticos e até mesmo os dogmas da Igreja para dedicar sua vida a cuidar dos miseráveis, deixando um legado que perdura até hoje, e a fez se tornar a primeira santa brasileira, num ato de canonização realizado pelo Papa Francisco, no Vaticano, no último dia 13 de outubro.

O filme emocionou tanto os moradores quanto o ator Amaurih Oliveira, que interpretou o filho adotivo de irmã Dulce no filme, acompanhou a sessão desde o início, e participou do debate ao final da exibição. “Fiquei extremamente emocionado de ver essas pessoas interessadas, dispostas a ver um filme como esse, não só pela história da irmã Dulce, mas por tudo que ela representa para o Brasil. É um filme brasileiro, é uma história que a gente precisa mostrar. Acho que o Brasil está carente desse lugar de afeto, de amor, e o filme representa tudo isso” diz.
Oliveira, ator baiano que atualmente mora no Rio de Janeiro, participou da sessão porque estava em São Paulo para realizar uma gravação para um comercial e aproveitou para conhecer o projeto. No debate, o ator lembrou o quanto o papel no filme, que foi gravado em 2014 e lançado em 2015, foi importante na sua carreira. Questionado pelo público, Oliveira lembrou o quanto estamos em um momento delicado para o cinema brasileiro e as artes em geral. “Não tem mais volta, acho que, com toda dificuldade que a arte sempre teve, a gente vai enfrentar e fazer, com pouco dinheiro, sem dinheiro. O artista sempre sobreviveu, a arte, de um modo geral, passou por vários momentos de derrocadas, de quererem acabar e não vai ser agora que vai acabar”, acrescentou.

O padre Dimas Martins de Carvalho, que recebe as sessões do CineB em sua paróquia desde 2011, tem como prioridade fortalecer a fé, a arte e a cultura. “Não estamos tão longe dos shoppings, onde têm salas de cinema, mas o povo, que frequenta a comunidade, não tem condições de ir uma sessão com três, quatro filhos”, reflete. Além das exibições do CineB Solar, padre Dimas organiza sessões de cinema com debates, além de dança, música e teatro mas, para ele, o cinema é o que o povo mais gosta.
As atividades de arte e cultura realizadas pela paróquia apresentam resultado, segundo os próprios moradores. Muitos deles, por exemplo, demonstram interesse em seguir carreira no mercado de audiovisual. É o caso do estudante Vinicius Pacheco, que sonha tornar-se diretor cinematográfico. O cinema, para ele, tem a capacidade de englobar todas as artes, conseguindo expressar, de maneira clara, os sentimentos que quer passar. Pacheco aprovou a sessão do CineB Solar: “É incrível, totalmente essencial você levar o cinema para pessoas que não têm acesso. É algo que todo mundo deveria ter direito, direito a arte, a conhecer a história da irmã Dulce, e tantas outras histórias que o cinema proporciona,” empolga-se.

Outro exemplo de moradora que quer seguir carreira nesta mesma área é a Maria Luiza Campos Miranda. Ela conta que já tinha participado de outras sessões do CineB Solar no Santuário, mas “Irmã Dulce” foi seu filme preferido até agora. Maria Luiza participou da prova no Enem com a pretensão de ingressar no curso de Rádio TV. Conta que lembrou do projeto ao se deparar com o tema da redação, que neste ano abordou a questão da democratização do acesso ao cinema. “Enquanto eu fazia a prova, pensava no que iria escrever na redação do Enem. Quando comecei a escrever, lembrei do CineB, das sessões que aconteceram aqui na igreja, então pensei ser uma oportunidade muito boa para citar esse projeto, porque poucas pessoas conhecem. Aqui na igreja todo mundo conhece, mas por aí pouca gente sabe de sua existência, então eu citei que é uma das possibilidades que a nossa sociedade tem para fortalecer a cultura no Brasil, principalmente o cinema”, destaca.
SOBRE O CINEB SOLAR
O CineB Solar é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 70 mil espectadores em mais de 550 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 130 longas-metragens e 80 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.
Texto: Mirella Magnani (com supervisão de Carlos Rizzo). Fotos: Mirella Magnani e Murilo Durães
Foi um excelente exibição, o filme muito lindo e emocionante! Foi ótimo ter o ator Amaury para falar sobre o filme! O Cine B e o Santuário da Paz estão de parabéns! Agora não perco as próximas sessões que forem exibidas!