Fotos de Vivian Szelpal
Pela primeira vez em seus três anos de existência, o Cine B fez uma exibição no Parque Cocaia, zona sul de São Paulo. Graças a união dos moradores e o trabalho competente dos líderes da comunidade, a exibição teve um público de 120 pessoas. Foi tanta gente para o pequeno espaço que alguns assistiram aos filmes do lado de fora, sentados num carro estacionado em frente à porta da sede da União dos Moradores do Parque Cocaia.
“Na rua que moro, a Nuno Werner de Almeida, conseguimos fechar para que aos finais de semana e feriados houvesse atividades para as nossas crianças que aqui na região não tem muitas opções de lazer e cultura. Até já exibimos alguns filmes por lá, com um projetor emprestado de um amigo e por isso achei interessante trazer o Cine B para cá”, disse Maria Gorete Barbosa.
Ela e Maria Laudeci, conhecida por Mocinha, que procuraram o Cidálio Vieira Santos, da Brazucah Produções, para a realização desta exibição no Parque Cocaia.
“Esses dias nem dormi direito porque ficava com medo que não fosse encher a sessão e ontem não dormi preocupada porque agora o medo é que não caiba todo mundo”, disse Mocinha, momentos antes do público começar a chegar.
“Muita gente aqui nunca foi ao cinema, por isso agradecemos ao pessoal do filme e queremos que o Cine B volte logo para cá”, disse João Neres de Oliveira, presidente da União dos Moradores do Parque Cocaia, que ama cinema e também já passou alguns filmes brasileiros na associação que preside.
NUM FALTA SÓ CULTURA
Faltam também moradias mais dignas para as famílias da região, que construíram suas casas próximos às margens da represa Billings e, por isso, hoje conhecem a face mais competente da Prefeitura de São Paulo: despejar moradores de forma desumana, mas rápida.
“O projeto do Parque Linear está despejando muitos de nossos vizinhos. Algumas famílias já receberam semanas atrás o aviso que tem 10 dias para sair e 8 mil reais para se virar em outro imóvel, o que é muito pouco para se conseguir outra casa”, disse Mocinha.
“Nós também teremos que sair porque estamos a 60 metros da margem da represa, mas ao menos queremos nos inscrever antes no CDHU. Senão, onde iremos morar?”, disse Maria Gorete, que atua como representante de moradia da comunidade.