Fotos de Vivian Szelpal
Embu das Artes teve sua segunda exibição gratuita de filmes brasileiros, através do Cine B, realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e Brazucah Produções. Dessa vez a exibição ocorreu na Escola Municipal Jornalista José Ramos, organizada pela Associação Comunitária do Jardim Santa Tereza.
Há 7 anos, Cremilda Maria da Conceição, fundou a Associação com um grupo de 13 pessoas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da região. “Registramos e começamos nossas atividades num pequeno salão. Hoje funcionamos dentro de uma casa, já temos diversas atividades que acontecem simultaneamente”, disse Cremilda, a qual acrescenta que há 2 anos a organização recebe uma verba da Prefeitura, destinada ao pagamento do aluguel.
Bingos beneficentes e bazares, além das doações de alguns associados, contribuem para que a Associação Comunitária funcione plenamente. Por isso, de segunda a sábado são realizadas aulas de artesanato para crianças e adultos. Segundo Cremilda, o curso estimula a geração de renda e o empreendedorismo. “São 9 professores que se voluntariam para transmitir o conhecimento, alguns são daqui de Embu das Artes e tem uma mulher de São Paulo. No sábado também temos curso para auxiliar administrativo”, disse Cremilda.
As contribuições voluntárias de cada aluno permitem melhoras no local e o pagamento de contas. “Somos uma grande família, quem não pode contribuir participa da mesma forma. Temos um atendimento de 910 pessoas por mês e um banco de alimento que atende 63 famílias, que conta com o apoio da prefeitura local. Não é fácil, mas conseguimos fazer acontecer”, disse Cremilda.
Segundo José Donizete Martins, assessor do Sindicato dos Bancários e profissional da Secretaria de Imprensa do Sindicato, disse que há 30 anos, Embu Guaçu foi berço de muitos movimentos organizados, os verdadeiros responsáveis pela melhora na qualidade de vida dos habitantes. “Hoje a cidade tem teatro e praças com academias a céu aberto e espaço para crianças brincarem”, disse Donizete, o qual produz todas as vinhetas que divulgam o Cine B nas comunidades que serão visitadas, através do carro de som.
“O Cine B acrescenta cultura para nós. Minha opinião é que deveria até ter uma base fixa do Cine B na cidade. Fazer essas exibições em todos os bairros e escolas de Embu das Artes, porque toda escola quer ter um projeto como o Cine B, que amplia a cultura do cidadão”, disse Donizete.
Falando em ensino, para os professores da Escola Estadual João Martins, os empecilhos burocráricos do governo é que estão dificultando o andamento de verdadeiras melhorias para a população. “Há uma preocupação reduzida no que diz respeito ao ser humano, ao que ele sonha, deseja e gosta de fazer. Promover atividades nos finais de semana na escola não valem tanto a pena quanto promover atividades inusitadas de segunda a sexta, quando os alunos já estão naquele ambiente. Mas aí não, durante a semana os professores seguem com matérias e provas e quando chega o fim de semana, o aluno que não se identifica com aquele espaço não tem tanta vontade assim de ir de novo para a escola. Vivem desanimados”, disse Thiago Lima dos Santos, que além de rapper, também é professor de história.
“É fundamental mostrar para as pessoas que o espaço da escola é delas, elas precisam se sentir integradas para promover a mudança e aproveitar aquele ambiente”, disse Aline dos Santos Rocha, professora de primeira a quarta série da EE João Martins.
E quando vemos os espaços como o CEU, com investimentos cortados pelo governo estadual, é possível perceber como faz falta eventos diferenciados, que ampliem a cultura da população e ofereça perspectivas de qualidade de vida.
Por isso, nessas eleições, atenção galera!
“NÃO SOU BOY”
O filme Os 12 trabalhos apresenta muito bem a brutalidade urbana vivenciada diariamente pelos motoboys. Esses profissionais que conectam todos os cantos da cidade, arriscando suas vidas pelo trabalho. A ótima atuação de Sidney Santiago e seus companheiros, permite uma viagem de certa forma mágica por este universo caótico.
Fazendo relação com a educação abordada acima, o personagem Herácles é motoboy por falta de outros empregos que esteja capacitado, assim como os demais companheiros de profissão. Como motoboy é preciso apenas saber dirigir uma moto e estar disposto a se aventurar pela selva do trânsito. Mas Herácles gosta de desenhar, o que faz muito bem.
Mas por que ele não trabalha com isso? Talvez porque ninguém o avisou que poderia.
Talento não existe. Talento é algo que brota, que a gente dá a oportunidade e ele acontece. Se o Roberto Carlos não tivesse um violão por perto e alguém para lhe mostrar como cantar, ele não seria o artista que representa hoje. É fundamental que os brasileiro entendam que não é só educação que nos falta. Falta também cultura. Muita cultura. Movimentos como o do grafismo urbano, a música, o cinema, pintura, teatro e a dança precisam ser aproximados dos jovens. Essas oportunidades mudariam destinos, permitiriam aparecer o brilhantismo e genialidade do povo brasileiro. Por isso é fundamental essas organizações que o Cine B visita nas comunidades. Essas instituições promovem a mudança que muitas vezes, a burocracia e as brigas políticas, como disse o professor Thiago, impedem que o governo seja mais útil. Mas essas associações e cooperativas só funcionam com união e vontade. É preciso ter sabedoria, entender que todas as discussões e horas gastas em planejamento, permitem ações que façam a comunidade evoluir e tomar forças para combater políticas descontinudas e, claro, a corrupção.
O esforço que um habitante empreende em função de sua comunidade, influencia na vida de incontáveis crianças e adolescentes. É um efeito em cadeia que todos podem experimentar, basta arregaçar as mangas e se organizar. Podemos não mudar o mundo com nossas ações, mas ao menos o bairro que vivemos, podemos mudar.