O CINEB esteve na Paróquia São José de Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo, na última quinta-feira (22/9), para exibir o filme Gonzaga – De Pai para Filho, de Breno Silveira. Foi a nona vez que o projeto esteve na igreja do Jaguaré, um dos primeiros locais a receber uma sessão do CINEB.

A Paróquia São José do Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo, é um dos mais antigos espaços que abrem suas portas para receber o projeto CINEB e não foi diferente na última quinta-feira, 22/9, quando o salão paroquial foi o palco de mais uma exibição do filme Gonzaga – De Pai para Filho, de Breno Silveira.

O longa-metragem conta a tumultuada história de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, com seu filho Gonzaguinha. Os dois foram artistas de enorme sucesso. O pai, vindo do sertão pernambucano para o Rio de janeiro nos anos 1940, inventou o baião, o mais popular ritmo musical nordestino. O filho, carioca, do Morro de São Carlos, soube como ninguém traduzir a música do morro em sambas que emocionaram o Brasil nos anos 1980. Entre o pai e o filho, um abismo que foi além dos conflitos de geração, mas que venceu o medo e o preconceito e resistiu à distância e ao esquecimento. O filme tem no elenco o ator Domingos Montagner, protagonista da novela Velho Chico da Rede Globo, que morreu afogado no Rio São Francisco no último dia 15/9. Na película, ele faz o papel de um coronel.


Além dos moradores da região, a sessão contou com a presença de alunos e professores da Escola Estadual (EE) Profª Maria José Martins e da EE Prof. Architiclino Santos. Para Jeane Ventura, coordenadora pedagógica da EE Profª Maria José e professora de inglês da (EE) Prof. Architilino, o CINEB “é extremamente importante, porque conseguimos, através do filme, realizar debates, conversar com alunos, fazer trabalhos interdisciplinares na sala de aula, entre outras atividades”, explica.

Jeane é grande entusiasta dessa parceria entre a escola e o CINEB e contagia outros professores. O professor Guilherme Augusto que dá aulas de matemática e física na EE Profª Maria Eugênia estava pela primeira vez numa sessão do CINEB, e elogiou a iniciativa: “é um projeto bem legal porque entrosa o pessoal da comunidade e traz o cinema nacional para o debate dentro da sala de aula, que é bem escassa de recursos. Mostrar a vida de Luiz Gonzaga, um personagem importante da cultura brasileira, é fundamental para nossos alunos”, considera.

De fato, o estudante Gabriel Martins de Barros, aluno do segundo ano do ensino médio na EE Prof. Artichino, não conhecia a história de Luiz Gonzaga, apesar de conhecer a música do rei do baião: “é uma vida de superação. Ele correu atrás do sonho dele que era simplesmente tocar”. Foi a segunda vez que Gabriel acompanhou uma sessão do CINEB. Ano passado ele esteve na sessão da paróquia, quando o projeto exibiu o longa Irmã Dulce. “Eu recebi uma carta em casa com a divulgação do filme e resolvi vir aqui assistir. Foi muito bom”, finaliza.


Outro que está sempre presente na sessão é Antonio Rogério do Nascimento. Foi a terceira vez que ele acompanhou uma sessão, mas dessa vez trouxe a família. Antonio, veio do Ceará para trabalhar em São Paulo há 20 anos e neste ano casou com Maria Liliane Mota Moraes, que morava Mobaça, cidade do interior do Ceará que fica a 320 km da capital Fortaleza, e trouxe a esposa e os filhos para acompanhar a sessão.

Para o padre Roberto Grandmaison, a paróquia está sempre aberta à população. Na abertura oficial, o padre elogiou iniciativas que valorizam a ação comunitária e em sociedade. “Vocês tem que dar valor à cultura e ao conhecimento, para que isso produza algo novo, algo que rejuvenesça esse país que passa por uma grande turbulência”, comentou.

Na sessão, antes do longa, foi exibido o curta-metragem Annoni: 30 anos, que faz uma homenagem à histórica ocupação da Fazenda Annoni no dia 29 de outubro de 1985, que marcou a primeira grande ação do Movimento Sem Terra (MST).

Luiz Cláudio Marcolino, diretor da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e idealizador do Projeto CINEB quando foi presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, também acompanhou a sessão e lembrou que projetos como o CINEB buscam oferecer cultura a quem não tem acesso: “Um sindicato cidadão não pensa somente nas pautas econômicas, apesar delas serem fundamentais para melhorar a vida dos trabalhadores. Nós também queremos dialogar com a sociedade, e o CINEB, que é uma parceria entre o Sindicato e a Brazucah, tem esse papel, de levar o debate e a cultura brasileira para muitos lugares”.


O CINEB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 54 mil espectadores em mais de 400 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 75 longas-metragens e 50 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.