Texto: Carlos Rizzo. Fotos: Danilo Ramos
O Cine B homenageou, na última terça-feira, 13/12, realizadores e comunidade no 7º Prêmio do CineB do Cinema Brasileiro. O ator Aílton Graça foi o mestre de cerimônias da premiação que contou com a presença dos cineastas Kleber Mendonça Filho, Victor Lopes e Tata Amaral, entre outros. O tom da festa foi de crítica aos retrocessos que o País enfrenta e o fortalecimento da cultura como “trincheira de resistência”.
Foi uma noite de gala, com direito a tapete vermelho, muita festa e a presença de grandes nomes do cinema nacional. O Café dos Bancários foi pequeno para receber, na última terça-feira, 13/12, tantos convidados entre diretores, produtores e atores dos longas e curtas exibidos durante toda a temporada do Cine B, e dos representantes das comunidades e universidades parceiras do projeto. Todos foram premiados com um belo troféu produzido exclusivamente para a ocasião.
A festa foi conduzida pelo ator Aílton Graça, que atuou em filmes como Meu Tio Matou um Cara, Tapete Vermelho, Verônica e Sabotage todos exibidos no Cine B. Ele lembrou o papel fundamental da “arte como uma trincheira de resistência cultural, de cidadania…a gente avançou muito e eu acho que vamos conseguir tirar esses caras daí [em referência ao governo Temer] eles estão usurpando o poder, estão surrupiando algo que não lhes pertence”, comentou antes do início da cerimônia.
A abertura oficial do sétimo prêmio contou com a presença da secretária geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Ivone Maria da Silva, do diretor de Cultura Marcelo Gonçalves, do presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, do ex-presidente do Sindicato e um dos idealizadores do projeto Cine B, Luiz Cláudio Marcolino, pelo coordenador do projeto, Cidálio Vieira Santos e pela diretora da Brazucah Produções, Cinthya Alario. Todos lembraram o quanto o projeto é importante para o fortalecimento da relação entre o sindicato e sociedade. E o papel fundamental que a cultura têm na transformação da sociedade brasileira, principalmente no processo de enfrentamento aos ataques que os direitos sociais e dos trabalhadores vêm sofrendo pelo governo ilegítimo de Michel Temer. Para Ivone, com o Cine B o Sindicato “consegue levar uma luta maior”, utilizando como ferramenta o cinema.
Prêmio
Compareceram à premiação importantes cineastas como Kleber Mendonça Filho, que recebeu o troféu pelo aclamado Aquarius, Tata Amaral, premiada por Trago Comigo, Victor Lopes, premiado por Betinho – A Esperança Equilibrista, Leonardo Brant agraciado por Comer o Que? Cecília Engels, que levou a estatueta por Apart Horta e Cacau Rodhen premiado por Tarja Branca. O produtor Leonardo Barros da Conspiração Filmes recebeu o prêmio por Gonzaga De Pai Para Filho, a atriz Bruna Oliveira representou o cineasta Sérgio Machado de Tudo que Aprendemos Juntos e Daniel Botelho recebeu o prêmio em nome de Anna Muylaert pelo filme Mãe Só Há Uma. Também participaram da cerimônia os atores Sidney Santiago e Eduardo Silva, de Apart Horta, e Nill Marcondes, além da premiação de diretores e atores de vários curta-metragens exibidos na temporada, como Rodrigo EBA!, diretor de Graffiti Dança, Faúston Silva diretor de Meu Amigo Nietzsche, Thiago Koche, diretor de Annoni, 30 anos de Marcos e Roberta Bonoldi, diretora de Verde Chorume. Antes do início da premiação foi exibido um vídeo em homenagem ao ator Domingos Montagner, falecido em setembro, e que atuou em três filmes exibidos pelo Cine B em 2016: Gonzaga de Pai para Filho, Tarja Branca e De Onde Eu Te Vejo.
Para Kleber Mendonça Filho, que veio de Recife para receber o prêmio, é absolutamente essencial um projeto como o Cine B. “Cinema é uma questão de classe. Os multiplex estão nos centros de compras que tentam vender sempre uma ideia muito grande de exclusão. Por isso eu sou a favor de todos os projetos que tentam democratizar o acesso ao cinema […] e com Aquarius a gente apoiou todas essas iniciativas”, explicou.
Por parte da comunidade, estavam representadas mais de 30 entidades, associações, ONGs, escolas, paróquias e universidades que abriram seus espaços para que o Cine B pudesse levar toda a estrutura para transformar cada espaço em uma sala de cinema. Para Maria Madalena Figueiredo, do Jardim Fontalis, o projeto é “importante por conta da falta de oferta de atividades culturais na Zona Norte”, explicou.
Já para Daniela Bontempi, da Associação dos Moradores de Água Funda (AMAF), que acompanhou quatro sessões do Cine B este ano, o projeto tem um caráter que vai além simplesmente de uma sessão. “Quando foi feita a pergunta para a comunidade: quem já tinha ido ao cinema?, a gente se surpreende ao conhecer a quantidade de pessoas que nunca tinham ido antes numa sessão. Então pra gente é emocionante participar desse história”, elogia.
Para o coordenador do CineB, Cidálio Viera Santos, o prêmio Cine B vem se consolidando entre os produtores de cinema. “Neste ano tivemos a presença de diretores e atores importantes, que apoiam e apostam nos projetos de democratização do cinema brasileiro”, comenta. Marcelo Gonçalves, diretor de Cultura do Sindicato lembra do papel das comunidades, presentes no prêmio. “O objetivo do Cine B é alcançar as comunidades. Apesar do ano difícil que vivemos, eu vejo a esperança reunida aqui. De um lado, a cultura representada pelo cinema e a galera da periferia, que é a nossa grande luta, a nossa esperança, que tem que vir para o centro e se fazer ouvida. Aqui no Cine B ela se faz ouvida”, finaliza.
Conheça os longa-metragens homenageados no 7º Prêmio Cine B do Cinema Brasileiro.
O Segredo dos Diamantes, de Helvécio Ratton;
Betinho – A Esperança Equilibrista, de Victor Lopes;
Tudo o que Aprendemos Juntos, de Sérgio Machado;
Chico – Artista Brasileiro, de Miguel Faria Jr;
Trago Comigo, de Tatá Amaral;
Apart Horta, de Cecilia Engels;
Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert;
Gonzaga de Pai para Filho, de Breno Silveira;
Comer o Quê, de Leonardo Brant;
Aquarius, de Kleber Mendonça Filho;
Tarja Branca, de Cacau Rhoden;
De Onde Eu Te Vejo, de Luiz Villaça;
Corda Bamba – História de uma Menina Equilibrista, de Eduardo Goldenstein.
Conheça os curta-metragens premiados
Meu Amigo Nietzsche, de Fauston Silva;
Grafitti, de Lilian Solá Santiago;
Annoni, de 30 Anos de Marcos, de Thiago Koche;
A Casa do Mestre André, de Leo Sykes;
Grafitti Dança, de Rodrigo Eba;
Bravura, de Leonardo Minozzo;
Matadeira, de Jorge Furtado;
Abraço da Maré, de Victor Ciriaco;
O Muro é o Meio, de Eudaldo Monção Jr;
Dá Licença de Contar, de Pedro Soffer Serran;
Do Meu Lado, de Tarcísio lara Puiati;
Vlado, de Felipe Mucci;
O Silêncio Não Está Morto, Querida Vó Helena, de William Costa Lima;
Verde Chorume, de Roberta Bonoldi;
Muriel; de Vanessa Cavalcante;
Fio Terra; de Ian Capillé.
Conheça as entidades agraciadas com o Prêmio Cineb 2016:
Na cidade de São Paulo
Região Norte
Paróquia Natividade do Senhor
Região Sul
Paróquia Santos Mártires, Escola Estadual Assis Chateaubriand, Escola Estadual Samuel Wainer, Caritas Diocesana de Campo Limpo, Escola Estadual Dona Prisciliana Duarte de Almeida, Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, Escola Estadual Herbert Baldus, Paróquia Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores, União dos Moradores do Parque Cocaia, Escola Estadual Irmã Charlita e AMAAF- Associação de Moradores e Amigos da Água Funda.
Região Leste
Associação de Moradores de Vila Rica, Casa de Cultura do Itaim Paulista, PROCEDU – Projeto Cultural Educacional Novo Pantanal, Santuário Nossa Senhora da Paz, ONG Juntos e NCI José Bonifácio.
Região Oeste
Instituto Paredão, Escola Estadual João XXIII, Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Paróquia São José do Jaguaré, Escola Municipal de Educação Fundamental General Alvaro Silva Braga e Escola Municipal de Educação Fundamental Conde Luiz Eduardo Matarazzo.
Região Noroeste
Associação Defesa da Cidadania
Na Grande São Paulo
Cajamar
Associação Sonhos Dourados
Itapecerica da Serra
Paróquia Maria Mãe dos Caminhantes
Osasco
Escola Professor José Liberatti
Universidades agraciadas como o Prêmio CineB 2016.
Universidade Anhanguera – Vila Mariana;
FIAM FAAM – Ana Rosa;
FIAM FAAM Morumbi,
Unisa Santo Amaro; e
Unisantana.