Beto Brant participa de debate no Grajaú

Texto e Foto: Carlos Rizzo

O diretor Beto Brant e o produtor Renato Ciasca estiveram, na última quinta-feira, 23/3, na pré-estreia do documentário “Pitanga” na E.E Herbert Baldus, localizada no Grajaú, Zona Sul de São Paulo, onde participaram de um debate com os alunos do ensino médio.

Foi a primeira vez que Beto Brant, diretor de longas-metragens como “O Invasor” e “Os Matadores” entre outros sucessos do cinema nacional, esteve no Grajaú. Conhecido por ser o ponto final de uma das lotadas linhas de trem da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, o distrito é um dos mais populosos da cidade e berço de muitos rappers, como Criolo. Ali, no Jardim São Bernardo, fica a Escola Estadual Herbert Baldus, que se revelou uma das grandes parceiras do CineB em 2016.

Pre-estreia atraiu alunos para sessão.

A ida de Brant ao Grajaú, surgiu com a possibilidade do CineB realizar mais uma pré-estreia de um filme nacional, dessa vez o documentário “Pitanga”. Mas diferente de todas as outras pré-estreias que aconteceram no espaço Lélia Abramo, localizado na Regional Paulista do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o coordenador do projeto Cidálio Vieira Santos convidou o diretor para ir até a escola na Zona Sul. Brant aceitou de pronto.

Abertura oficial, com Cidálio, a diretora Marlene e professores

Pitangaé dirigido a quatro mãos: Beto Brant e Camila Pitanga. Entra em cartaz no circuito comercial somente no dia 6 de abril, e conta a trajetória artística do ator Antonio Pitanga, pai de Camila, que foi dirigido por grandes cineastas brasileiros como Glauber Rocha, Cacá Diegues e Walter Lima Jr. em alguns dos momentos de maior inquietação artística do cinema brasileiro.

Debate com o diretor Beto Brant (esquerda), produtor Renato Ciasca.

Um filme que combina com o perfil do projeto Faça a Coisa Certa, um cineclube organizado pelos alunos da escola com apoio e orientação do professor de História Kleber Oliveira da Natividade. O nome do projeto é uma homenagem ao mais famoso filme de Spike Lee, cineasta estadunidense militante do movimento negro.

Brant elogiou a qualidade do encontro.
Ciasca lembrou várias passagens do processo de produção.

Foi a segunda vez que o CineB esteve na Herbert Baldus com toda sua estrutura para transformar o pátio da escola em uma sala de cinema. A diretora Marlene Isa Scarlim, que não acompanhou a primeira exibição, em setembro do ano passado, contou que a repercussão foi positiva na escola. Os alunos comentaram durante muito tempo. Tinha aluno aqui que nunca tinha ido ao cinema, e a escola virou um cinema. Foi muito bonito. Só tenho a agradecer o trabalho do CineB, elogiou.

Pátio em silêncio, com todos ligados na conversa.

Além do CineB ter montado na escola uma sessão ano passado, os alunos, comandados pelo professor Kleber, acompanharam duas sessões especiais no Espaço Lélia Abramo: a pré-estreia de Mãe Só Há Uma de Ana Muylaert e Trago Comigo de Tata Amaral, que contaram com a presenta das diretoras para um debate. Mas sessa vez, foi a pré-estreia que foi até a escola. Antes de começar a sessão, o professor Kleber falou da parceria com o CineB e explicou que o projeto de cinema da escola está sempre com atividades e ideias novas. Kleber esperava com bastante expectativa a sessão e a participação de Brant. “É com grande honra que recebemos mais uma vez o CineB, dessa vez com uma pre-estreia, o que é muito positivo, explicou.

Alunos elogiaram o trabalho do CineB.

Quando a sessão começou, às 19h30 em ponto, estavam presentes cerca de 150 pessoas entre alunos e corpo docente. Brant e o produtor Renato Ciasca chegaram na escola meia hora antes de terminar a exibição e ficaram acompanhando a reação do público, que aplaudiu muito o documentário.

Alunos tiveram uma participação ativa no debate.

O debate contou com a participação de Beto Brant, Renato Ciasca e professor Kleber. Teve a mediação de Cidálio Vieira Santos que formou uma grande roda em torno dos debatedores. Brant e Ciasca responderam diversas perguntas sobre o processo de criação do filme, a convivência com Antonio Pitanga, a história do cinema brasileiro, o mercado cinematográfico do país e a atual situação político-econômica-cultural do Brasil. Foi muito bom. Você chegar num lugar que não conhece e entrar numa sala cheia de jovens olhando para uma tela, todo mundo acompanhando, se divertindo com um filme que você fez […] você percebe que aqui tem um fogo aceso, com a conversa que tivemos, com o tipo das perguntas, com a participação do professor de história [Kleber] que fez uma leitura muito lúcida e construtiva do filme como mestre que ele é”, comentou depois do debate.

Foram muitas perguntas para o diretor e o produtor.

A participação dos alunos foi grande e o encontro só se encerrou por conta do limite de horário da escola. Alunos e professores elogiaram a qualidade do filme e do debate. Para a professora de português e espanhol, Miralva de Araújo Damasceno, que atua na sala de leitura da escola, a atividade toda engrandeceu a vida escolar. Os alunos se comportaram de forma perfeita, foram questionadores e até críticos, avaliou. Ketelen Vieira da Silva, do terceiro ano, estava extasiada com a sessão e o debate que aconteceram na escola. O que mais me chamou a atenção foi a vida de Pitanga, o legado dele, que foi o mais bonito que eu já vi. Muito obrigado por vocês vieram até aqui, de verdade, revelou.

Ao final, todos satisfeitos. Na foto, Cidálio, Brant (centro) e professores da EE Herbert Baldus.

Para Gustavo de Almeida Alves, também do terceiro ano, que participou ativamente do debate, o trabalho que o CineB faz de divulgar o cinema brasileiro é de grande importância para a periferia de cidade, para os jovens que muitas vezes só tem esse acesso. Ter contato com o diretor é como você ir na fonte da arte cinematográfica, porque ele representa muita gente, representando o que a gente é. Eu me sinto muito mais forte no que eu sou depois de viver isso, finalizou.

Até a próxima sessão!

O CineB é um circuito itinerante de cinema que completa em 2017 dez anos de atividades ininterruptas. Realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 56 mil espectadores em mais de 430 sessões gratuitas realizadas em comunidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Foram exibidos na tela do CineB mais de 100 longas-metragens e 69 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.

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