O CineB abriu a temporada 2019 exibindo o documentário “Comer o Quê?”, de Leonardo Brant, em meio a uma feira de alimentos orgânicos na Regional Paulista do Sindicato dos Bancários de SP, no sábado, 23/02. O cineasta participou de um debate ao final da exibição.
Em 2019 o CineB completa 12 anos de trajetória levando o cinema brasileiro àqueles que não têm condições de ir ao cinema. E a nova temporada começou com a exibição do documentário “Comer o Quê?” de Leonardo Brant, no auditório Lélia Abramo, durante uma feira Orgânica organizada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
O documentário, de Leonardo Brant, lançado em 2017, busca, através dos olhares dos personagens, mostrar as diversas possibilidades para se ter uma boa alimentação e analisa os hábitos típicos do Brasil. A atriz e nutricionista Graziela Mantoanelli acompanha o dia a dia de Alex Atala, Bela Gil, Helena Rizzo, Marcos Palmeira, Marcio Atalla, entre outros especialistas no tema. Além de mostrar seus hábitos alimentares, o time de chefs consagrados, produtores rurais, profissionais das áreas de nutrição, economia e gastronomia, abordam temas como agronegócio, a comida como forma de sociabilidade, a incorporação de paisagens brasileiras à mesa, alimentos orgânicos, saúde e outros.
A sessão aconteceu na manhã de sábado, 23 de fevereiro, e contou com a presença de Brant, que participou de um debate ao final da sessão, conversando com o público presente sobre detalhes da produção, a motivação para realizar o filme e curiosidades a respeito de novos projetos. “O CineB é um dos projetos mais interessantes nessa batalha de todos nós que trabalhamos com cinema, de alcançar novas audiências, sensibilizar essas audiências. Sempre fazem uma programação coerente, seguida de debate, dando condições para os cineastas terem contato direto com o público”, revelou, pouco antes da exibição do filme.
FEIRA ORGÂNICA
A Feira Orgânica dos bancários funcionou das 10h às 14h com a venda de alimentos orgânicos e agroecológicos como verduras, legumes e frutas, além de artesanato e alimentos produzidos pelo Conecta em Rede, grupo de economia solidária parceiro da iniciativa.
Segundo o secretário de Organização do Sindicato, Ernesto Shuji Izumi, a atividade é uma forma de aproximar o produtor de alimentos orgânicos e agroecológicos do público consumidor. “Estamos com três datas para e queremos transformar em atividade regular”, destaca. Além da feira do dia 23 de fevereiro, estão marcadas outras duas datas: 9 de março e 23 de março, todas aos sábados. “Em cada atividade, além do alimento para comercialização, vamos trazer atividades culturais. Hoje teve o filme, no dia 9 de fevereiro tem uma oficina de teatro gratuita, e no dia 23 de março faremos um curso aberto sobre a ditadura em 33 discos de música”, comenta.
A oferta de alimentos orgânicos ficou por conta de João Carlos Alves, ex-vereador de São Paulo nos anos 1980, que realiza feiras de alimentos orgânicos em empresas e condomínios. “A gente tem uma parceria com a Armazém do Campo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Temos uma ampla diversidade de produtos orgânicos e agroecológicos, desde queijo, cachaça, arroz, feijão, café, legumes, verduras, hortaliças”, explica.
Para Gláucia Machado, professora e técnica em economia solidária explica que o Conecta em Rede, que funciona desde 2015, é um grupo de empreendedores que se juntou para se fortalecer. “Cada um tem sua produção, mas nós articulamos nossa participação em feiras e eventos para gerar renda. Temos vários segmentos: os orgânicos, tanto seco como in natura, doces, compotas, geleias, costura criativa, vinhos e alimentos como pastéis, sucos, bolos, acarajé”, termina.
Para Gerson Azevedo, jornalista da editora Página, que produz o guia Daqui Lapa, Perdizes/Pompéia e Vila Madalena, integrar o cinema com a alimentação “é sempre legal. Meu interesse, além de ver o filme, é agendar uma entrevista com o diretor do filme, que é da Vila Madalena”, confessou. Arlete Martins, que trabalha na área administrativa-financeira do jornal Le Monde Diplomatique, parceiro do CineB também acompanhou a sessão e o debate com Brant. “O jornal é voltado para a defesa dos direitos, e o CineB é uma expressão de defesa de direitos também, por conta disso fizemos uma parceria e divulgamos a programação”, destaca.
Para Marcelo Gonçalves, diretor de Cultura do Sindicato dos Bancários, refletir sobre a produção de alimentos no Brasil é fundamental atualmente. “Temos diversos movimentos como o MST e os sindicatos dos trabalhadores rurais que tem compromisso com a produção de alimento de qualidade, que não usa veneno e que fortalece a agricultura familiar gerando emprego e renda para a população do campo. Precisamos conectar quem produz com quem consome”, finaliza.
O CineB Solar é um circuito alternativo de exibição que, desde 2007, leva cinema brasileiro para várias regiões da cidade. O projeto, já contabiliza um público superior a 64 mil pessoas em mais de 512 sessões gratuitas em comunidades, escolas e universidades de São Paulo. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 124 longas metragens e 73 curtas metragens.