CineB Solar realizou a 18a exibição na comunidade da zona leste da capital paulista. Debate sobre o filme foi o ponto alto da sessão
Texto: Eduardo Viné Boldt
Finalizando o mês da consciência negra, a Sociedade Amigos da Vila Rica, localizada na zona leste da capital paulista, recebeu na sexta-feira (26) o CineB Solar pela 18a vez. O coordenador do projeto, Cidálio Vieira, relembrou com muito carinho as sessões que promoveu ao longo dos 15 anos de parceria com a comunidade. “A associação dos moradores da Vila Rica faz parte da história do CineB Solar, sempre sessões cheias e com participação popular”, destaca.

A exibição contou com a presença do secretário de cultura do Sindicato dos Bancários, Marcelo Gonçalves, do diretor do Sindicato dos Bancários e coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo da entidade Júlio Cesar Silva Santos, da diretora do sindicato do bancários de São Paulo Adriana Magalhães e da presidenta da associação Bia Moreno.

Os moradores da região fizeram fila para entrar no salão da comunidade, que comportou mais de 70 pessoas. O CineB permanece adotando protocolos sanitários rígidos, tanto em sua equipe de produção quanto para os espectadores nas sessões.

Amigos da Vila Rica
Fundada pelos moradores no final da década de 1950, a associação desenvolve atividades voltadas para a comunidade nas áreas da cultura e saúde. Oficinas de capoeira, dança do ventre, teatro, atendimento à terceira idade e confraternizações são oferecidas aos moradores da comunidade em parcerias, entre elas o CineB Solar. Hoje a entidade é gerida por uma diretoria e mantida por mais de 80 sócios. Bia Moreno é presidenta da associação há quase 20 anos e ressalta a importância do projeto para a comunidade.
A exibição contou com a presença de Júlio Cesar Silva Santos. Ele é doutor e mestre em direito político econômico, advogado e dirigente do Sindicato dos Bancários. Júlio trouxe à sessão uma perspectiva importante sobre o filme e a história do abolicionista Luiz Gama.
EJA
Além dos moradores da comunidade, os alunos do EJA da EMEF Roquete Pinto estavam presentes na sessão. A professora de ciências Natalia Santos levou sua sala para a exibição do filme. A instituição está trabalhando esse mês o projeto interdisciplinar “novembro negro”. Com a divulgação da exibição, ela trouxe os alunos para assistirem o filme. “Aproveitamos a sexta-feira para fazermos uma aula diferente. Agora vamos voltar para a sala para fazer um debate sobre o filme”, destaca.

“Eu adoro estudar”, afirma Rita de Cássia (58) aluna do EJA que esteve presente na sessão. Ela está concluindo o ensino fundamental após ter ficado 16 anos longe da sala de aula. Rita se emocionou no momento em que Luiz Gama brilhou na defesa de José, em um julgamento histórico. “Quando chegou no final do julgamento eu falei: vão julgar ele culpado!!! Porque só tinha branco naquele juri, né? E naquele tempo o pessoal era muito radical”, apontou a aluna, que celebrou a absolvição do acusado.

Debate
O debate contou com participações importantes dos presentes e uma verdadeira aula ministrada por Júlio Cesar. O doutor em direito pôde explicar aspectos históricos do nosso país, através do contexto apresentado pelo filme Doutor Gama.
Ao final da sessão, os espectadores puderam conhecer o veículo do projeto, que transforma energia solar em cinema brasileiro de qualidade.

Filme exibido:
Doutor Gama – (Jeferson De – Brasil – 2021 – 80 minutos – 14 anos – Drama).
Sinopse: Doutor Gama é um filme biográfico sobre a vida do escritor, advogado, jornalista e abolicionista Luiz Gama, uma das figuras mais relevantes da história brasileira. Ele utilizou todo seu conhecimento sobre as leis e os tribunais para libertar mais de 500 escravos durante sua vida. Nascido de ventre livre, Gama foi vendido como escravo aos 10 anos para pagar dívidas de jogo de seu pai, um homem branco. Mesmo escravizado, ele conseguiu se alfabetizar, assim conquistou sua liberdade, se tornando um dos mais respeitados advogados de sua época.
Sobre o CineB Solar
Criado em 2007 pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, o CineB passou a se chamar CineB Solar em 2018, quando passou a circular com uma van que gera, através de placas solares, a própria energia consumida no evento. Já atingiu um público superior a 75 mil espectadores, 160 bairros percorridos, em mais de 580 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Nesse momento de isolamento, para evitar aglomerações, se reinventaram e prepararam novos projetos: CineB on-line, CineB Solar na Janela e CineB Autorama, ações para que todos possam ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.
Parabéns pela matéria!!!
Não posso deixar de agradecer mais uma vez este projeto, em especial meu amigo Cidalio, que nos traz tantas alegrias para a comunidade. Gratidão 🥰
Muito boa a iniciativa do cine b, já vi várias seções, a periferia necessita muito de eventos culturais, temos que sempre apoiar eventos como esse, agradeço ao sindicato dos bancários, pela atitude.
Parabéns a todos e todas por esse projeto. É sempre um sucesso quando vai para a Associação.