CineB Universidade leva o documentário “Jair Rodrigues – Deixa que Digam” aos estudantes da Unisa

Após o filme, aconteceu um debate que teve como tema central a questão racial

Sessão exibida em: 15/09/2023

O CineB Universidade voltou com toda força. Cerca de 150 alunos e professores assistiram ao documentário “Jair Rodrigues – Deixa que Digam” exibido no auditório da Unisa (Universidade Santo Amaro), na zona sul da capital paulista.

A sessão contou com a presença do produtor e roteirista de “Jair Rodrigues – Deixa que Digam”, Rodolfo Castilho Moreno, que participou do debate que aconteceu depois da sessão.

“Achei essa oportunidade maravilhosa e essa interação com o público também. É sempre muito rico esse debate com o público. Sempre enriquece a obra”, disse Moreno.

A exibição aconteceu na noite da última sexta-feira (15) e arrancou risadas com o jeito descontraído de Jair Rodrigues, além de emocionar o público com sua trajetória de vida e carreira.

“O filme é um tributo a Jair Rodrigues que é um dos nossos maiores cantores. Um intérprete que cantou sertanejo, samba, MPB e rap. Tudo com muita maestria. Foi um cara que foi revolucionário nos palcos”, destacou Moreno.

O filme explora a trajetória artística e pessoal de Jair Rodrigues. Jair foi um músico e cantor brasileiro, considerado por muitos, um precursor do gênero que viria a ser conhecido como rap, por ter lançado, ainda nos anos 1960, o samba “Deixa isso pra lá”, com versos mais falados do que cantados. Suas performances também foram popularizadas graças à sua coreografia com as mãos.

O documentário aborda a construção de seu estilo único. Desde os primeiros passos no samba, até a consagração por “Disparada”, o filme também explora a relação do artista com a política nacional. Jair Rodrigues faleceu em 2014.

Essa é a terceira sessão realizada pelo CineB Universidade na Unisa. Quem organizou a exibição foi o professor do curso de Pedagogia e Licenciatura, Diogo dos Santos Brauna. (LINK)

O professor do curso de Pedagogia e Licenciatura, Diogo dos Santos Brauna durante o debate

“Um documentário que trata da trajetória de um ícone da cultura brasileira é muito importante para os estudantes. O filme toca no aspecto da humanização”, falou Brauna. “Isso é muito importante, além do contato com o cinema brasileiro. Acho que nós precisamos dar visibilidade e incentivar”, conclui o professor ao falar sobre o projeto CineB Universidade.

O evento contou a presença da coordenadora do Programa Unisa Portas Abertas, Olga Maria Lodi Rizzini; dos professores e coordenadores adjuntos do curso de Pedagogia, Jovino José Balbinot e Rita de Cássia Geraldi Menegon; das professoras de Pedagogia Ieda Maria da Silva Pinto Barbosa e Angélica de Almeida e do professor de Publicidade e Propaganda, Expedito Leonardo Silva.

Olga Maria Lodi Rizzini, Ieda Maria da Silva Pinto Barbosa, Angélica de Almeida, Jovino José Balbinot e Expedito Leonardo Silva

“O projeto é importante aqui na universidade porque ele traz a cultura e a discussão. Então, os universitários têm a possibilidade de assistir ao filme e debater com a equipe”, disse a professora Rita de Cássia.

O coordenador adjunto do curso de Pedagogia ressaltou a importância do CineB Universidade. “A presença do cinema na universidade é poder abrir espaço para todos os nossos alunos. Nós temos alunos de diversas regiões de São Paulo. Muitas vezes, eles não têm condições financeiras de acesso ao cinema”, lembrou Balbinot.

Os coordenadores adjuntos do curso de Pedagogia, Jovino José Balbinot e Rita de Cássia Geraldi Menegon

Debate acalorado

O filme terminou com uma longa salva de palmas. Em seguida foi realizado o debate. Na mesa estavam o produtor e roteirista do documentário Rodolfo Castilho Moreno; o coordenador do Projeto CineB Universidade, Cidálio Vieira e representantes da Unisa.

Um dos pontos centrais do debate foi a questão racial. Antes de começar as perguntas, o produtor e roteirista do documentário pediu a palavra. “É interessante essa questão da militância dele com se dava isso, naquela época. Nós estamos falando dos anos 60, nós estamos falando de uma época de ditadura militar, não era simples se posicionar nesse sentido”, disse Moreno.

“O filme é um resgate e para mim como homem negro e músico foi uma coisa muito sentimental”, disse o estudante do curso de Publicidade e Propaganda, Abner Freitas – que participou da mesa de debate. “O filme trouxe uma questão racial da maneira do Jair Rodrigues, de uma forma bem delicada. Não delicada de um sentido frágil, mas que ele não precisou militar de uma forma raivosa para expressar as suas opiniões”, completou.

O universitário Ryan Freitas destacou a importância de conhecer melhor os ícones brasileiros, principalmente negros. “É muito importante a gente saber sobre os artistas brasileiro. Porque querendo ou não a gente sabe muitos dos de fora, da gringa, mas não valorizamos tanto o que nós temos aqui e que de certa forma são heróis, representam muito a nossa cor negra”, disse o aluno da Unisa.

Veja a galeria de fotos do debate:

O aluno Pedro Victor Cardoso Arouche (Publicidade e Propaganda) lembrou da família. “Eu me senti tocado, porque eu senti a minha avó, a minha mãe, a minha tia cantando essas músicas para mim como elas cantavam quando eu era criança. É muito importante trazer esses filmes pra gente consiga se conscientizar da riqueza que o nosso país tem”, disse o estudante.

Terminado o debate, chegou a hora do sorteio. Cidálio comandou a distribuição de brindes para a plateia. E houve até um “karaokê” com a música “A Majestade o Sabiá” (de autoria de Roberta Miranda) que ficou eternizada na voz de Jair Rodrigues com a dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó. A estudande Gisele Cleonice Ferreira soltou a voz com estilo no auditório. E acabou levando uma camiseta do CineB Universidade.