Curtas-metragens brasileiros foram exibidos pelo Cine B no evento Craques da Vida, realizado pela ONG Santo Dias, que há 24 anos trabalha em parceria com a Paróquia São Patrício, localizada na zona oeste de São Paulo, no bairro de Rio Pequeno. A ONG atende 5 mil pessoas no Centro Social Santo Dias, com cursos profissionalizantes, distribuição de cestas básicas, oficinas e orientações para jovens em conflito com a lei. Há um ano criou o evento Craques da Vida, unindo cultura em uma campanha contra as drogas.
Além dos curtas-metragens trazidos pelo Cine B, o público prestigiou algumas apresentações e depoimentos emocionantes, como o de Helen Pereira de Souza, que há um ano não utiliza drogas. “Lembro que num sábado de maio vim procurar ajuda aqui, no primeiro Craques da Vida que teve, falei que eu era dependente química e pedi para ser internada”, diz Helen.
Sua história de recuperação, assim como da maioria, não é uma luta fácil. Helen conta que alguns meses depois de ser internada, ganhou um final de semana em casa, com a família. Mas na rua, procurou novamente as drogas. “Foi aí que pedi para ser internada de novo, e desde então estou limpa e ajudando os que chegaram lá na clínia depois de mim”, diz Helen.
“Não posso comprar um presente para minha mãe, mas fico feliz de ao menos assim sem o vício, posso dar esse presente a ela. Quando estava viciada fiz ela sofrer muito, porque praticava roubos e cheguei a ser presa”, diz.
Segundo Valéria Rocha Brasil, psicóloga do Instituto de Tratamento Rocha Brasil, que presta um serviço solidário para a ONG Santo Dias, o alerta maior vem das substâncias lícitas. “Nosso maior problema ainda são o álcool e o tabaco, a maconha que é ilegal vem em terceiro lugar, e o pior é que cada vez mais, a idade dos usuários diminui, hoje já encontramos crianças de 10 anos que são viciadas”, diz a psicóloga. “É uma pandemia que está em todas as classes sociais”, diz.
“Queremos que os jovens saibam que para o uso e abuso de drogas existe sim tratamento e prevenção, e todos podem ser “craques da vida”, pois recuperar é possível”, diz Elisabete Schulz, gerente de projetos da ONG Santo Dias. Segundo ela, as famílias ainda não tem facilidade para resolver o problema do vício, por isso a ONG se preocupa neste evento em abrir espaço para que os próprios dependentes ou familiares destes, venham pedir ajuda e compreendam melhor que medidas podem ser tomadas para solucionar o problema.
Para o padre João Carlos Borges, a família é quem pode realmente ajudar esses jovens fragilizados. “Precisamos resgatar a identidade familiar e também manter essas obras solidárias até porque essas atitudes fazem parte do que é passado no evangelho”, diz o Padre.
Mas como este é um assunto sério e essas informações não são fáceis de serem transmitidas, o Craques da Vida foi planejado de forma que se caracterize como um evento social, que diverte o publico presente, ao mesmo tempo que demonstra soluções para o problema das drogas. DJs, grupos de dança e canto, bandas e palhaços. A organização do Craques da Vida ofereceu também uma sala para receber familiares e dependentes que buscavam se informar ou ao menos conversar sobre o assunto.
“Ainda somos uma sociedade carente desse tipo de políticas públicas, por isso o Craques da Vida é um ato de amor à nossa comunidade, uma forma de trazer cultura para a população e mostrar que para esse problema das drogas há sim inúmeras soluções”, diz Elisabete Schulz.
VIRA-LATA
Neste evento conversei com o consultor sócio-ambiental do Projeto Vira-Lata, Wilson Santos, que trabalha para fortalecer as cooperativas de catadores de lixo reciclável da região oeste de São Paulo. “Focamos no trabalho de geração de renda, conservação e preservação do planeta, além de organizar trabalhadores que estão desempregados e oferecer uma forma de trabalho digna”, diz Wilson Santos.
O Vira-Lata começou atendendo 4 desempregados e hoje gestiona 70 pessoas nos trabalhos que presta, como coletas de lixo reciclável em grandes eventos ou em condomínios e empresas como a Editora Globo. “O volume que recolhemos sempre é alto, nos três dias de show do U2 em São Paulo, recolhemos 500 mil latinhas”, diz Wilson.
Clique aqui para visitar o site do projeto Vira-Lata.
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