O Cine B realizou sua última exibição de maio no 24o Pic Nic do Movimento Boa Praça, com o tema “Desinauguração da Praça”. De forma bem humorada, este Movimento articulado por moradores dos bairros Vila Anglo Brasileira, Lapa e Alto de Pinheiros protestaram porque a obra de revitalização da Praça Paulo Schiesari feita pela Prefeitura não foi concluída. E, aliás, nunca inaugurada.
“Conseguimos uma verba de 80 mil reais para que a SubPrefeitura da Lapa reformasse muretas da praça, brinquedos do parquinho, iluminação e apropriação de um terreno baldio vizinho,”, diz Ricardo Ferraz, do Movimento Boa Praça. “Não nos prestaram conta de como foi gasto o dinheiro, mas a obra não foi concluída e eles reformaram todo o calçamento ao redor da Praça, o que era desnecessário”, diz.
Aliás, se não fosse pelos moradores, nenhuma criança iria brincar no balanço da praça, que se encontrava no começo da tarde, em estado deplorável. Aliás, não tinha balanço algum.
MÃO NA MASSA
Em 2008 a filha de Cecília Lotufo, Alice, completou 4 anos e pediu para a mãe fazer seu aniversário numa praça de frente para a casa delas. “Expliquei que não daria porque os brinquedos estavam quebrados, então minha filha, muito inocente, perguntou porque não poderíamos reforma-los”, diz Cecília. “Aceitei a proposta, mas disse que então ela não ganharia presentes, já que eu teria de gastar com a reforma dos brinquedos”, diz. Alice não pensou muito e aceitou a troca.
Desde então Cecília vem se unindo com outros moradores da região para promover a revitalização e ocupação desses espaços públicos. “Pouco tempo depois da reforma, notei que a praça voltou ao estado de abandono, então percebi que não adiantaria só reformar, era preciso que a população cuidasse desses espaços”, diz Cecília.
O Movimento Boa Praça se reúne toda segunda-feira para analisar os problemas de três praças da região e todo último domingo do mês promove um pic nic temático. Clique aqui para saber mais sobre o Movimento.
Presente no evento, Paulo Salvador, diretor do Sindicato dos Bancários, elogiou a ação do Movimento e disse que copiará a ideia de desinaugurar obras publicas. “Eventos como o ‘churrasco da gente diferenciada’, ou esta ‘desinauguração’ são verdadeiras audiências públicas, formas inovadoras de convocar as pessoas a participar das tomadas de decisão e exigirem atitudes do governo”, diz Paulo Salvador, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. “Para uma grande cidade como São Paulo, é impraticável essa política do poder e das tomadas de decisões serem feitas apenas pela prefeitura.”
ARTE, ECOLOGIA E CINEMA
O ato de desinauguração começou quando um ator se passando de Kassab e uma vereadora fictícia amarraram uma faixa e distribuíram narizes de palhaço aos moradores da região, depois de um inflamado discurso da importância de desinaugurar obras publicas. Um protesto bem humorado, que deixou a Praça Paulo Schiesari mais animada. Feita esta abertura, foi a vez do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) promover uma breve oficina de produtos de limpeza ecológicos. O mais legal foi que uma moradora da comunidade, depois de experimentar o produto em casa por alguns dias, explicou como fazer o detergente ecológico aos presentes.
Clique aqui para aprender como fazer o detergente ecológico, no site do IDEC.
Quando a noite cai, uma fogueira esquenta o publico já sentado nas cadeiras de frente para o telao do Cine B. Aí foi muito riso com o longa-metragem Quincas Berro D`água, de Sérgio Machado. Vale lembrar que o pessoal do MOVA local esteve presente até o fim da exibição, pois esta semana o professor Orlando Ramos irá desenvolver uma atividade em sala sobre o filme. “Para que as pessoas tenham uma boa educação é essencial unir a família e a comunidade com a escola, para difundr os direitos e deveres de cada um como cidadão”, diz professor Orlando.
“Ano passado a Brazucah nos cedeu um telão e exibimos filmes do Charlie Chaplin, mas esta é a primeira vez que fazemos uma exibição com essa estrutura profissional do Cine B”, diz Ricardo Ferraz. “Muito importante trazer a cultura brasileira a espaços como esse”, diz.
Agradecemos também a presença da reportagem da rádio Brasil Atual, Jornal da Gente e Jornal da Tarde.
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