
Sessão exibida em 23 de maio de 2025.
Fotos e texto: Thaís Nozue
Na última sexta-feira, 23 de maio, o projeto CineB levou ao Auditório Amarelo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região a exibição do documentário Amigo Secreto, dirigido por Maria Augusta Ramos. A sessão reuniu militantes, advogados, lideranças comunitárias e frequentadores do projeto para uma noite de cinema, pipoca e debate político — marca registrada do projeto que tem como missão democratizar o acesso ao cinema e fomentar a consciência crítica por meio da arte.
Distribuídas gratuitamente em parceria com o Sindicato, as pipocas abriram a noite com sabor de acolhimento e partilha. Após a exibição do filme, o microfone ficou aberto e o público participou ativamente, trazendo reflexões sobre a importância da defesa da democracia, da transparência nas instituições e do papel da sociedade na construção de um país mais justo. As falas foram marcadas por análises contundentes, compartilhamento de experiências e um olhar crítico sobre os impactos das revelações trazidas pelo filme.








O documentário como denúncia e alerta
Amigo Secreto expõe os bastidores da chamada Operação Lava Jato, revelando o conluio entre setores do Judiciário, Ministério Público e mídia tradicional — uma engrenagem coordenada que, sob o falso manto do combate à corrupção, pavimentou o caminho para o avanço da extrema-direita no Brasil.

Os depoimentos colhidos após a sessão foram contundentes. Entre memórias de luta e análise política, destacou-se o clamor por uma nova mobilização da esquerda, com base na união, no diálogo com a população mais vulnerável à desinformação e, sobretudo, na retomada de projetos populares que articulem política, fé e justiça social.
Religião e política: disputa de narrativa e de base
“Jesus era político”, disse uma das participantes, ligada a uma organização social cristã da Zona Leste de São Paulo. Para ela, a demonização da esquerda entre evangélicos é resultado de uma manipulação ideológica articulada por falsos profetas. “O PT nasceu dentro de uma igreja. E hoje fala mais de Jesus do que muita gente que se diz cristã”, afirmou.
Outros participantes reforçaram a importância de disputar o imaginário religioso e de reconectar o campo progressista com os territórios onde igrejas pentecostais, muitas vezes, suprem ausências históricas do Estado. “A esquerda precisa olhar com mais atenção para essas comunidades, combater as fake news e reconstruir laços de solidariedade e escuta”, destacou outro depoimento.
Justiça seletiva, manipulação midiática e repressão

Entre os relatos, uma advogada que morou em Curitiba relembrou os bastidores do cerco ao ex-presidente Lula: “A gente viajava disfarçado, como se fosse uma família comum, com cachorro e tudo, para não ser barrado pela PRF”. O depoimento resgatou a emoção das vigílias em Curitiba e o sentimento de urgência: “Vamos precisar da mesma mobilização em 2026. O bicho tá pegando.”
A repressão vivida à época da prisão de Lula foi denunciada com indignação. Bombas de gás em manifestações pacíficas, criminalização da esquerda e censura à liberdade de expressão são elementos que, segundo os presentes, continuam ecoando em tempos atuais.
Manipulação, medo e polarização
Outra fala chamou atenção para o quanto o povo brasileiro ainda é manipulado por discursos que confundem laicidade com exclusão religiosa e incentivam uma polarização falsa, que esvazia o debate político real. “O solo é o povo”, citou uma espectadora, evocando a fala do jurista Pedro Serrano no documentário. “Querem tirar nossa base comum, que é a Constituição.”
Cinema como ferramenta de mobilização
Ao final do encontro, três camisetas foram sorteadas entre o público. Mas o maior presente da noite foi, sem dúvida, a troca de ideias e afetos em torno de um projeto que ressignifica o cinema como espaço de resistência. Uma das participantes resumiu o sentimento geral:
“Esse filme precisa ser assistido por muita gente. Vamos divulgar. É uma grande reflexão sobre o que o país está vivendo.”
Se você também acredita no poder do cinema e da mobilização popular, acompanhe as próximas sessões do CineB e ajude a espalhar essas histórias que o Brasil precisa ouvir — e contar.



Mais sobre o CineB
Desde 2007, o Projeto CineB já realizou mais de 740 sessões gratuitas, alcançando cerca de 92 mil espectadores em comunidades e universidades da cidade de São Paulo e região metropolitana. O projeto tem como missão democratizar o acesso ao cinema nacional e valorizar a produção cinematográfica brasileira, promovendo encontros culturais e fortalecendo laços comunitários. Ao longo de seus 18 anos de história, o CineB exibiu 172 longas-metragens e 125 curtas-metragens, além de realizar pré-estreias e premiar cineastas e entidades parceiras.
Durante a pandemia, o projeto se reinventou com iniciativas como o CineB Online, CineB na Janela e CineB Autorama, garantindo que o público continuasse a ter acesso à sétima arte mesmo em momentos de distanciamento social.
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Veja as fotos da noite:






































































































Parabéns, pelo retorno.
Pautas necessárias com temas e reflexões , para a sociedade. Arrasaram.