
Sessão exibida em 27/11/2025
Fotos e texto: Thaís Nozue
O Auditório Amarelo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região recebeu, na noite de 27 de novembro, uma das sessões mais marcantes do CineB em 2027. O público — composto por militantes históricos, trabalhadores do setor financeiro, representantes de movimentos sociais e jovens interessados na história da categoria — assistiu ao documentário Somos Vanguarda, dirigido por Felipe Kifouri, que também participou do debate ao lado da Secretária de Imprensa do Sindicato, Erica Oliveira.

Érica de Oliveira Batista – Secretária de Imprensa e Comunicação e Presidenta da Associação Vinte e Oito de Agosto
Logo nos primeiros minutos, a atmosfera era de reencontro, memória e pertencimento. Para muitos, rever imagens de greves, assembleias, passeatas e lideranças de diferentes décadas significou revisitar a própria trajetória política e profissional. Para outros, o documentário foi uma porta de entrada para compreender a dimensão de um sindicato que ultrapassou o papel corporativo e se tornou referência nacional em organização social, comunicação e defesa da democracia.




Durante o debate, Felipe destacou que o filme nasce de um arquivo excepcionalmente rico, fruto da decisão histórica do Sindicato de registrar sua luta ao longo de décadas. “Esse acervo é o que possibilita existir um documentário como este”, afirmou, lembrando que a montagem exigiu atravessar centenas de horas de vídeos, entrevistas e registros simbólicos das transformações políticas no país. O cineasta também comentou a atual conjuntura, ressaltando que, mesmo com avanços no cenário federal, os desafios enfrentados pelos trabalhadores seguem profundos, especialmente diante da precarização promovida por modelos de trabalho que vendem a falsa narrativa do “empreendedor de si mesmo”.

A plateia reagiu com identificação. Uma ex-bancária presente relatou como o filme a levou de volta à greve de 1985, a primeira após a ditadura militar. “Foi quando eu realmente me vi como classe trabalhadora. Esse sindicato me formou, me mostrou que é com luta que a gente conquista direitos”, disse Jussara Góis Monteiro, emocionada ao recordar um período em que a juventude bancária lotava assembleias e inspirava outras categorias.

Outros depoimentos reforçaram a potência da memória coletiva. Fladisnei (Kiluange), representante da comunidade da Saracura e pesquisador das raízes do samba paulistano, destacou a relevância social do documentário:
“O Sindicato não fala apenas dos bancários. Ele fala de nação, de Estado, de educação e cultura. Hoje entendi a grandeza desse trabalho.”
Ele ainda apresentou os projetos culturais da comunidade e convidou o público para o Festival Raiz do Samba, que resultará em um documentário sobre as matrizes afro-brasileiras do ritmo.

A sessão também reuniu trabalhadores que conheceram o Sindicato por meio de familiares. Uma funcionária relatou que se apaixonou pelo movimento após ser acompanhada pelo marido, bancário do Itaú. “Muitas cenas me tocaram. Reconheci pessoas, lugares, lutas. Ver a cidade de São Paulo de cima, nos registros antigos das passeatas, foi arrebatador.”
A exibição de imagens aéreas, trechos inéditos de arquivo e depoimentos de lideranças históricas gerou impacto especial entre aqueles que viveram transformações profundas na categoria, desde os tempos de caixas-manifesto, quando os bancários se organizavam nos balcões, até as lutas recentes sobre metas abusivas, teletrabalho, saúde mental e direitos em plataformas digitais.
Representantes de movimentos comunitários e culturais também ressaltaram como o documentário aproxima o Sindicato da periferia. Para eles, ao tratar de temas como educação, trabalho, desigualdade, tecnologia e políticas públicas, Somos Vanguarda escancara a relevância da organização coletiva como caminho para a retomada da dignidade do trabalhador.
Erica Oliveira reforçou esse ponto ao comentar a tradição do Sindicato em comunicação, audiovisual e preservação da memória: “Ter esse arquivo é o que nos permite contar nossa história e mostrar que sindicato é cidadania. É luta para a categoria e luta para toda a sociedade”.
Ao final, Felipe agradeceu a equipe responsável pela pesquisa e edição, lembrando que muitos acontecimentos decisivos de 2023 e 2024 ainda estavam por vir quando as entrevistas foram gravadas. “É impressionante olhar hoje para o filme e perceber que tudo isso só confirma a importância de uma organização forte, que não se intimida, que enfrenta. A luta coletiva ainda é o que sustenta o trabalhador.”
A sessão terminou com abraços apertados, reencontros inesperados e a certeza de que o documentário reacende, entre gerações distintas, o fio da memória e da resistência.

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