Na quarta-feira, 8 de agosto, foi a vez do Colégio Santa Cruz, zona oeste de São Paulo, receber a pré-estreia exclusiva do filme À Beira do Caminho, de Breno Silveira. A plateia de mais de 400 pessoas era composta por alunos dos Cursos Noturnos, projeto social do colégio que oferece gratuitamente ensino fundamental, médio e técnico a quem não pôde concluir os estudos. E foi uma festa, pois todos foram dispensados da aula para ver o filme do Cine B.
Orlando Jóia, diretor dos Cursos Noturnos, conta que sempre busca realizar atividades culturais para estes alunos que tem poucas oportunidades em suas comunidades. Para ele, o bom da pré-estreia é que “dá um sabor especial em saber que o filme ainda não chegou aos cinemas”. Orlando destacou a relação da história do filme com a realidade daqueles estudantes: “3/4 dos alunos vieram do nordeste pra São Paulo. Com certeza eles vão se identificar, de alguma maneira, com a história narrada”.
Com isso, ele também ressalta como o filme nacional dialoga melhor com o público: “Por falar a nossa língua, acontece uma identificação básica com quem assiste; é mais fácil de a gente se ver e se reconhecer na tela”. Para ele, a escola é um canal de distribuição de cultura, por isso acha fundamental exibir filmes lá. Muitos não vão ao cinema, principalmente por ser caro. Orlando também pensa que o bom do cinema brasileiro é que ele tem “ o jeitão da nossa gente”.
O professor Cláudio Bizzone comentou o sucesso da sessão: “Foi lindo. O silêncio permanente durante a exibição mostrou a entrega dos alunos ao filme”.
A aluna Edna, que estava com as amigas Pâmela e Erivanda, ficou muito emocionada ao final da exibição: “A emoção do filme me fez lembrar o meu passado, mexeu com o meu interior”. E ela ainda completou: “O rei Roberto Carlos é a paixão da minha vida”, se referindo à trilha sonora, toda composta com músicas do Roberto.
Fazia tempo que Seu Carlito não ia ao cinema, pois não gostava muito. Mas após o filme daquela noite, ele confessou: “Agora mudei de ideia, quero ir ao cinema sempre”. Ele adorou o filme porque “dá pra dar risada, refletir sobre a vida e também se emocionar”.
Com uma sessão de sucesso assim, ficamos muito animados a voltar. Cidálio Vieira Santos, coordenador do Cine B disse, disse: “É a primeira vez que chegamos ao Colégio Santa Cruz com o Cine B e pretendemos voltar ainda este ano pra cá”.
Bom, o mais gostoso desta sessão foi flagrar, por várias vezes, as pessoas cochichando sempre que reconheciam um lugar mostrado na cena. Coisas como: “Olha, ali é o viaduto tal, e lá é próximo de casa”. Isto comprova todas as teorias de que, realmente, quando conseguimos nos identificar com a realidade dos personagens, nosso envolvimento com o filme é muito maior e, claro, bem mais gostoso.