E lá foi o Cine B, pela primeira vez nos 4 anos de projeto chegando na região do ABC, na cidade de Santo André, no Jardim Novo Oratório. A sessão foi perfeita. 150 pessoas se acomodaram confortavelmente no salão da Casa de Cursilho São José, da Paróquia Aparecidinha, o qual virou uma perfeita sala de cinema. O público pôde degustar de uma agradável sessão em que foram exibidos O troco, de André Rolim e Verônica, de Maurício Farias.
Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, elogiou toda a comunidade de Santo André pelo sucesso do evento. “Em especial, esta sessão aconteceu graças ao trabalho de dona Francisca Gomes de Matos, sua filha Luciana Gomes, e também de Pedrinho da Padaria. É visível que os moradores do bairro participaram ativamente e hoje estão aqui presentes, prestigiando este evento”, disse Luiz Cláudio.
“Incentivamos para que outras comunidades organizem o Cine B. Toda comunidade pode fazer. Esta é uma ação do Sindicato que ultrapassa o local de trabalho”, disse Luiz Cláudio Marcolino, que fez a abertura da sessão ao lado do deputado do PT, Vanderlei Siraque e agitadores da comunidade como seu Pedrinho, dona Francisca e Luciana.
“Agradeço ao Sindicato por transformar esta comunidade, trazer aqui para dentro um evento como esse, que mostra o que há de melhor no cinema brasileiro e assegura a valorização da cultura nacional”, disse o deputado Vanderlei Siraque.
O secretário geral do Sindicato dos bancários do ABC, também esteve presente. Eric Nilson agradeceu Luiz Cláudio pelo evento na comunidade. “Através do Cine B vamos aproximar os sindicatos e fortalecer nossas ações”, disse Eric.
Interessante foi o momento em que a vice-diretora da escola estadual Professora Vanda Pedro Gonçalves alertou aos alunos presentes para manterem atenção no filme. “Amanhã faremos uma avaliação da história com base no filme Verônica”, disse Sonia, acompanhada dos professores Manoel Donizete Lopes Archilla, Vera Lúcia e Miriam Carvalho.
Verônica é uma produção que tem um material pedagógico que pode ser trabalhado em aula para debates e pesquisas. Muito interessante para animar os alunos, não acha? Se ficou com vontade de conhecer, clique e conheça o material!
PROFESSOR TAMBÉM É GENTE
Na sessão passada consegui conversar com uma professora presente, sobre quais foram suas impressões do longa-metragem, Verônica. Hoje tive o prazer de encontrar outros três educadores com opiniões semelhantes.
Miriam Carvalho, professora de biologia, disse na lata que faria exatamente o que Verônica fez no filme. “Não conseguiria viver tranqüila tendo deixado aquela criança nas mãos daquela gente”, disse a professora. Mesmo assim, ela acredita que os alunos estão muito desligados da realidade e vêem os professores como pessoas sem sentimento.
“O filme reflete muito bem o cotidiano de nós professores. Para mim, os alunos vivem se esquecendo de que somos seres humanos como eles”, disse a professora de português, Vera Lúcia.
Na opinião do professor Manoel Donizete Lopes Archilla, a realidade de algumas periferias tem o grande agravante da existência do crime organizado. “O tráfico de drogas tem um poder muito grande na vida de algumas pessoas. Já passei por uma experiência em que tivemos de conversar com os traficantes para dar aula em paz. Não fizemos retaliações nem ameaças, tomamos uma postura de conversar respeitosamente e resolvemos o problema. A dificuldade mesmo é com os alunos, quando os pais afrouxam na educação. Ensinamos uma coisa na escola e quando a criança chega em casa, vivencia uma realidade completamente oposta”, disse o professor Manoel.
Que tal professores e alunos comentarem aqui suas impressões e sentimentos? Comentem!
MAIS SEGURANÇA
Enquanto caminhava e fazia minhas anotações, ouvi uma voz de criança me chamar de fundo. Olhei para trás e dois garotos me fizeram jóia com o polegar em riste. Rodrigo Mendes de Almeida, de 10 anos, disse que seu filme preferido é Tropa de Elite, de José Padilha. Seu amigo Luciano Vieira, de 7, tem como filme predileto o terror gringo Premonição.
Para a mãe de Luciano, Marilene Delourdes Alvarenga Vieira, é muito legal ter o Cine B na região. Há um ano vivendo na comunidade com o esposo Carlos José Pereira de Oliveira, ela disse que a comunidade está com boas atividades, principalmente nos espaços da igreja e escola. “Aqui na igreja tem um ótimo programa para terceira idade, com ginástica e outras atividades sociais. Todos gostam. E na escola, de final de semana, podemos participar com nossos filhos de diversas atividades, é o dia da família na escola”, disse Marilene.
Entretanto, ela alerta a necessidade do governo garantir maior segurança para os habitantes da região, principalmente nas redondezas do Bosquinho, uma área verde localizada no Jardim Novo Oratório. “Aquele lugar tem muita gente limpando e cuidando das plantas, mas de noite não tem um segurança. É perigoso e impede que as crianças da região brinquem lá no Bosquinho”, disse Carlos José.
TODOS CONVIDADOS
“Nossa comunidade está evoluindo. Um evento como o Cine B é uma vitória para nós. As pessoas precisam disso, de cultura! E cada vez mais teremos novidades”, disse Francisca Gomes de Matos, mais conhecida como Fran. Ela é conselheira titular do Posto de Saúde que atende o Parque Novo Oratório, e os bairros vizinhos Capuaba e Ana Maria.
“Aqui na igreja fazemos encontros de casais e jovens, grupos de oração e participamos da criação de uma ONG que cuidará de jovens dependentes de álcool e drogas”, disse o ex-vereador de Santo André, Pedrinho Rodrigues, apelidado na região como Pedrinho da Padaria.
Ambos trabalharam na divulgação deste Cine B. A filha de Fran, Luciana Gomes, é dona de um bar algumas quadras da Casa de Cursilho. Ela fez o seu bar virar ponto de encontro para o Cine B. Quando fui falar com ela, havia acabado de chegar. “Vi que já estava na hora, fechei o bar e trouxe comigo quem estava lá. E ainda tem mais gente para chegar, porque eu já tinha avisado antes”, disse Lu.
Depois da sessão, Lu estava muito satisfeita. “Que filmes ótimos! E realmente a Andréa Beltrão trabalha muito bem em Verônica“, disse a dona do Bar da Lu.
AGRADECIMENTOS
Ao senhor Eliseu, que cedeu o espaço para realização deste evento, assim como o senhor Jerônimo, caseiro da Casa de Cursilho São José.
Os jornais de bairro também foram bastante solícitos, publicando diversas reportagens sobre o Cine B. Por isso, agradecemos de coração os jornais: ABCD Maior, Jornal Diário do Grande ABC, Jornal ABC Repórter e Jornal Ponto final.
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PRÓXIMA SESSÃO
Gente, nos vemos agora em março. Mas até a próxima sessão eu apareço por aqui pra contar as novidades e a programação deste próximo mês. E pelo visto vai esfriar o tempo hein?
Se agasalhem. Fui!
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