200 pessoas lotaram completamente do salão da Igreja São João Batista do Brás, região central de São Paulo, onde aconteceu mais um Cine B, realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e Brazucah Produções. É a segunda vez que o Projeto visita esta comunidade do Brás.
Adalberto de Oliveira de Jesus foi quem agitou esta sessão para a comunidade. “Há um tempo recebi um convite para ir num Cine B num bairro vizinho e fui. Noutra vez levei o Padre Marcelo, que cuida aqui da Igreja e ele adorou a idéia”, disse Adalberto.
E provando mais uma vez o que disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários, a segunda sessão faz mais sucesso que a primeira. “Na outra sessão teve um numero semelhante de espectadores, mas muitos vinham ainda com o pé atrás, porque não conheciam o projeto. Mas dessa vez a comunidade já estava mais atenta, mais gente veio pedir os ingressos. O trabalho que o Cidálio Vieira faz de enviar cartas pelo correio sobre as sessões cativa as pessoas”, disse o Padre Marcelo.
Nesta sessão em particular ouvi e li muitos elogios e pedidos para a volta do Cine B na comunidade. Para mim foi a prova de que o Cine B vem transformando a vida de muitas pessoas de São Paulo e região.
Miro Tavares, um dos moradores do bairro, encontrei por acaso quando tentava bater uma foto do Mauro, motorista da M&C que fornece ao Cine B equipamentos de áudio e vídeo. Miro saiu sorrindo e fui falar com ele. “Vim na outra sessão do Cine B e gostei muito do projeto. Aí fiquei sabendo que ia ter mais essa exibição, pela carta que o Cidálio nos envia e vim”, disse Miro Tavares.
Ao final do Cine B, Fernanda Cecili Silva Torres, de 13 anos, estava sentada esperando a mãe ajudar na limpeza do salão. Ela disse ter gostado muito do filme, que a história havia sido muito emocionante. “Um dos melhores filmes que já vi”, disse Fernanda.
Antes de começar a exibição eu havia conversado com as duas. Mãe e filha são super cinéfilas. Disseram ir pouco ao cinema, mas alugam muitos DVDs. “Adoro cinema, acho uma delícia assistir os filmes”, disse Rosa Madalena Silva, mãe de Fernanda.
“Particularmente gosto muito da produção de Tropa de Elite. Achei o filme muito bem feito. Mas me cansa ver sempre os diretores brasileiros mostrando a nossa realidade com muita desgraça. Mostram a favela como se lá só acontecesse coisa ruim. Falta mostrar o Brasil bonito! Por isso meus filmes nacionais prediletos são tipo Lisbela e o prisioneiro, ou mesmo Besouro, que fala dos Orixás e é lindo”, disse Rosa.
A coordenadora de Catequese Irmã Anselma disse gostar muito do cinema nacional, mas reconhece que há muito preconceito dos próprios brasileiros com os filmes feitos por aqui. “As pessoas ainda têm lembranças dos filmes de 70, 80, em que havia muito erotismo e violência. Mas hoje nosso cinema está mudado, com histórias que provocam reflexão. Mas as pessoas ainda dão mais valor aos filmes estrangeiros”, disse Irmã Anselma.
E pra isso que o Cine B está na área, para mostrar a excelente qualidade de nossos cineastas, atores e técnicos do cinema brazucah!
MEMÓRIA CINEMATOGRÁFICA
“O Brás era um bairro glamoroso de São Paulo, tinham diversas lojas caras espalhadas por essa região. E também muitos cinemas. Inclusive este salão da Igreja São João Batista do Brás era um grande cinema, atrás tinha um estacionamento de charretes. A nossa paróquia já tem 100 anos! Há muita história neste bairro”, disse Leandro Toneli, administrador paroquial da Igreja.
“Tinha o Cine Roque, o Cine Fontana, o Piratininga, o Cine Politiano e o Cine Universo. Mas desde a década de 60 veio decaindo o movimento e foram fechando. Hoje aqui por perto, só o São Luiz, mas acho que já está fechando”, disse Adalgisa Batista do Nascimento.
Sua amiga foi muito em todos os cinemas da região. “Vivia no cinema. Hoje fico triste porque as crianças aqui da do bairro não tem nada para fazer. Nada de lazer e cultura. Isso é muito ruim”, disse Marlene.
Ambas gostam de assistir a filmes nacionais pela TV Cultura e TV Aparecida (“que passa ótimos filmes religiosos”, disse Adalgisa). Segundo elas, hoje enfrentam uma distância dos cinemas que desanima. Acabam desistindo e ficam em casa.
CONSELHO TUTELAR
Adalberto de Oliveira de Jesus, que agitou esta sessão do Cine B no Brás, é conselheiro tutelar da Mooca, que abrange os bairros (Água Rasa, Brás, Belém, Mooca, Pari e Tatuapé). Sua função é é garantir os Direitos da Criança e do Adolescente de acordo com o ECA, através de requisição de serviço junto ao Poder Público, orientando os Pais e responsáveis e quando necessário fazer a medida de proteção em caso de risco pessoal da criança ou do adolescente em situação de maus tratos ou violência, “Meu trabalho é garantir e fiscalizar a política pública, fazendo cumprir a Lei estabelecida para a criança e o adolescente como sujeito de direito. O Cine B é o reflexo de como a Comunidade tem um papel importantíssimo na vida de nossas crianças e adolescentes. O nosso objetivo é solucionar o problema e manter o jovem em um ambiente saudável, disse Adalberto.
Mas segundo ele falta investimento e vontade política para que o trabalho continue sendo bem feito. “Já fizemos mais. O governo do Gilberto Kassab distanciou os órgãos de proteção aos direitos da criança e do adolescente das comunidades. Hoje algumas pessoas precisam se deslocar muito para ir ao Conselho Tutelar. Eles ficam pensando mais na política partidária e não se dispõe a ajudar o investimento federal. Aí dá nisso”, disse o conselheiro Adalberto.
Para ele é fundamental que o próximo governante de São Paulo esteja interessado em trabalhar os direitos da criança e do adolescente com mais seriedade. “Precisamos de investimento, transparência no orçamento. Hoje temos diversas mães que não encontraram vagas nas creches da comunidade. Isso é crítico”, disse Adalberto.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Laura e Leandro da Paróquia pela ajuda na distribuição dos ingressos deste Cine B!
BINGO!
Dia 13 de março de 2010 no salão da Igreja João Batista do Brás, acontecerá um bingo beneficente para que as obras do salão sejam finalizadas. Quem quiser participar é só aparecer por lá às 19 horas. Se quiser adquirir suas fichas antecipadamente, vá à secretaria da paróquia. Maiores informações pelo telefone 2693-2645.
“Agora finalizaremos esta reforma construindo mais alguns banheiros para o salão”, disse o Padre Marcelo.
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Meus queridos, nos vemos em março. Mas, não se preocupem, que ainda apareço pra colocar aqui a programação do Cine B e passar outras notícias saborosas como a pipoca do seu Antônio.
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