No último dia 08, o coordenador do CINEB – Cidálio Vieira Santos – participou do debate, promovido pela Brazucah Produções e pelo site Vila Mundo, sobre a experiência de exibições alternativas de cinema pela cidade de São Paulo.
Para participar da mesa de discussão, foram convidados representantes de grupos e entidades que tem se destacado nesta atividade. Estiveram presentes no evento: CINE B, Rede Brazucah, Cine Favela, Movimento pelo Belas Artes, Núcleo de Comunicação Alternativa (NCA), Matilha Cultural, Cine Degrau (OCA Agência de Criatividade), Cinescadão, Fabicine, Circuito Fora do Eixo, Cinóia, DF5 , NUFRA e Perifacine Circuito Popular de Cinema.
Cidálio Vieira Santos, coordenador do CINEB, destacou que o projeto é “uma forma barata de distribuição e acesso ao curta-metragem brasileiro”. Ele citou a criação do SELO CINEB – dvd de curtas que é vendido a R$ 5,00. O pessoal do Cine Favela apontou que, além da exibição de filmes, já realizaram a capacitação de 150 jovens para a produção de conteúdo audiovisual: “Assim, acreditamos deixar uma marca cultural na comunidade, algo que fique lá pra sempre”, disse Reginaldo de Túlio, presidente do Cine Favela, de Heliópolis.
Além disso, em virtude da falta de espaços para exibição de conteúdos alternativos, os convidados apresentaram experiências de projeção em lugares pouco comuns. Gabriel Zambon, do Circuito Fora do Eixo, Cinóia e da DF5, falou das experiências de projeção nestes lugares: “Nós já passamos filmes no Minhocão, na Cracolândia e embaixo de viadutos. A ideia é reinventar o hábito destes lugares, atingindo as pessoas que ali frequentam. “Só realizando um trabalho deste que vemos a importância que um projeto assim tem para a comunidade”, disse Douglas Santos, do Cine Degrau e da OCA.
Daniel Fagundes, da NCA, falou da relevância em se democratizar a exibição: “Na verdade, o filme só cumpre sua função social quando completa o ciclo realização, produção e exibição”. Para ele, quando “a própria comunidade produz conteúdo e pode se ver na tela, faz com que se preserve a cultura matriz daquela região”.
Marco Costa, sócio-diretor da Brazucah, disse que o encontro “além de reunir grupos e projetos que tem colocado a mão na massa no que tange à distribuição e exibição, conseguimos promover um intercâmbio entre todas estas experiências”. E foi isso mesmo, pois havia projetos com mais de cinco anos de existência, outros ainda engatinhando, além de pessoas que só tinham vontade de começar. “Tenho espaço, gente e disposição para iniciar um projeto assim no meu bairro. Aqui, pude ter várias ideias de como começar”, disse Débora Coutinho, da zona norte.
Com as diversas experiências presentes, ainda foi debatido as vantagens do apoio, ou não, do setor público às exibições. Afonso Lima, do Movimento pelo Belas Artes, apontou que “só com o recente interesse da secretaria municipal de cultura de São Paulo, o BA vê alguma esperança de voltar a funcionar”. Já o Cine Favela disse estar cansado das promessas dos políticos: “Se nós fossemos esperar o que nos prometeram, a gente não tinha feito nada até agora”, desabafou Reginaldo.
O debate foi bem produtivo para conhecimento das diversas atividades que ocorrem hoje na cidade, como também para sedimentar uma troca ainda maior entre os projetos e comunidades. Ao final, foi proposta a criação de um grupo de email coletivo para que todos pudessem manter contato, se ajudar e a difundir as atividades que realizam.
Por Paulo Castro