Vila Arco-Íris lota sessão do Cine B

Texto e fotos por Carlos Rizzo

Em maio o Cine B fez sua estreia em várias comunidades de São Paulo. A mais recente aconteceu no sábado, 30, na Vila Arco-Íris, no Grajaú, Zona Sul. E como acontece por onde o Cine B passa, foi um sucesso.

O frio e a garoa não impediram que cerca de 250 moradores da Vila Arco-Íris lotassem a quadra do Centro para Criança e Adolescente (CCA) Arco-Íris para acompanhar uma sessão do Cine B. Foi a primeira vez que o projeto foi até aquela comunidade, que tem uma longa história de luta. A Vila e a Associação de Moradores da Vila Arco-Íris (AMAI) surgiram em 1984, quando um grupo de mulheres, em sua grande maioria mães solteiras, escolheram aquela região para construir, por meio de mutirão, suas moradias, segundo Margarete Rosa dos Santos, atual presidente da entidade. Margarete chegou um pouco depois desse período, em que havia muitos conflitos. “A polícia aparecia e tirava todo mundo, mas depois todos voltavam e assim foi até a gente se fixar definitivamente”. Ela conta que nesse período chegou-se ao nome da vila, pois, em meio aos conflitos, nos dias de chuva, sempre aparecia um arco-íris. Que para muitos era um sinal de esperança.

Cerca 250 moradores estiveram na sessão do Cine B na Vila Arco-Íris

Mais de trinta anos depois a comunidade está consolidada e a AMAI hoje atende os moradores por meio de duas creches, três CCAs, cada um atendendo 120 crianças, e um Serviço de Assistência Social às Famílias (SASF) conveniados com a Prefeitura de São Paulo. Margarete explica que tomou conhecimento do Cine B a partir dos trabalhos que o Sindicato dos Bancários de São Paulo faz na região.

O Cine B foi um evento bastante comemorado pelos integrantes da associação, que chegaram cedo para ajudar a montar toda a estrutura da sessão, já que a quadra não contava com iluminação. Os moradores também foram aparecendo e, em pouco tempo, as cadeiras estavam lotadas sendo necessário improvisar, com as crianças sentando no chão. Em cartaz, o filme O Menino no Espelho (2013), de Guilherme Fiúza Zenha, que adaptou as aventuras dos personagens criados por Fernando Sabino para a telona.

Professor Emerson e alunos de percussão do CCA Arco-Íris

Antes da sessão, parte do grupo de percussão do CCA, formado pelos alunos que frequentam o contra-turno escolar, fez uma apresentação bastante animada. “Foi a estreia dos novos instrumentos doados pelo Rotary Internacional” explica Emerson Soares de Andrade, que já foi aluno do CCA e hoje é professor de percussão. Segundo ele, o grupo existe há dois anos e só agora pode contar com agogos, surdos, caixas, caixetas, repiliques para formar um grupo de percussão. “Antes eram poucos instrumentos e adaptávamos com caixas e latas” conta. O grupo realmente aqueceu o coração dos presentes, já que o frio foi aumentando conforme a noite foi chegando.

Francisco A. Felix, Cidálio e Margarete na apresentação do projeto para a comunidade

Na sessão muitos viram possibilidade de unir a família em torno de um ótimo lazer. Antonia Nazirene Leite da Costa, 48 anos, acompanhava pela primeira vez uma sessão de cinema. Ela estava com os filhos Robert e Israel, que insistiram muito para que ela os levasse. “Foi a semana inteira pedindo para que eu os trouxesse ao cinema. Estou adorando porque é diferente e muito criativo a forma com que a sessão é feita”, comenta.

Antônia e os filhos Robert e Israel. “Eles insistiram muito para vir”

Já Nilton Francisco dos Santos, 32 anos, estava acompanhado da esposa Maria Efigênia de Souza, 35 anos, da cunhada Maria Vanda de Souza e dos filhos Tiago e Graziely e todos acompanhavam uma sessão de cinema pela primeira vez. Nilton explica que nunca fora ao cinema por ser muito caro levar toda a família. “Está sendo uma grande oportunidade para a minha família”, explica.

Maria Vanda, Maria Efigência, Nilton, Tiago e Graziely, todos pela primeira vez no cinema

Ao final da sessão, muitos moradores participaram de sorteios de brindes, comandado pelo coordenador do projeto, Cidálio Vieira Santos.

Seu Antonio, nosso pipoqueiro entrega um brinde à moradora
Até a próxima sessão!

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O Cine B é um projeto que tem como missão a formação de público para o cinema brasileiro. Criado em 2007 pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região em parceria com a Brazucah Produções, já realizou mais de 350 sessões de cinema por toda a cidade de São Paulo, Osasco e Região. Já foram exibidos mais de 78 longas-metragens e 50 curtas-metragens, além da realização de 23 pré-estreias exclusivas para um público de mais de 43 mil pessoas. Conta com o apoio de mídia da edição brasileira do Le Monde Diplomatique.

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