Texto e fotos por Carlos Rizzo
O CINEB já é velho conhecido da comunidade da Paróquia Santo Estêvão Rei, que pela quarta vez recebeu uma sessão do projeto, agora como filme Irmã Dulce
O filme Irmã Dulce tem feito sucesso nas sessões do CINEB. Dessa vez, os moradores da Vila Anastácio, no bairro da Lapa, tiveram a oportunidade de acompanhar a história de uma das mais importantes religiosas do país. A sessão aconteceu no salão paroquial da igreja Santo Estêvão Rei. O local conta com uma história inusitada. Os mais velhos contam que ali ao lado funcionava um cinema do pai do cineasta Zé do Caixão, que passou os primeiros anos da vida por ali. Hoje o cinema de bairro já não existe. Cedeu lugar a uma empresa e um grande estacionamento. Mas a comunidade agora pode contar com as sessões do CINEB.
Esta foi a quarta vez que o projeto organizou uma sessão de cinema no salão paroquial. Em cartaz o filme Irmã Dulce, uma cinebiografia da religiosa baiana, que, em vida, foi chamada de “Anjo bom da Bahia”, indicada ao Nobel da Paz e beatificada pela Igreja. O filme apresenta sua trajetória de vida da década de 1940 aos anos 1980. Dirigido por Vicente Amorim, a obra mostra como a religiosa católica enfrentou uma doença respiratória incurável, o machismo, a indiferença de políticos e até mesmo os dogmas da Igreja para dedicar sua vida a cuidar dos miseráveis, deixando um legado que perdura até hoje. Em setembro, está programada a última das cinco sessões do filme Irmã Dulce no CINEB, dessa vez no Jaguaré. Antes do filme foi projetado o curta-metragem Pajerama, sobre a caçada de um índio em meio a acontecimentos estranhos na floresta. A animação tem roteiro e direção de Leonardo Cadaval.
Siderlene Passos de Freitas já assistiu todos os filmes apresentados pelo CINEB na Vila Anastácio, e até arrisca falar o nome de alguns deles, como Verônica e O Contador de História. Ela já foi catequista e hoje integra a Pastoral do Dízimo. Em todas as sessões Siderlene colabora com a Produção do evento. Ela conta que a comunidade cobra constantemente o retorno do projeto e que recebe moradores de outros bairros como Vila Piauí e Parque São Domingos.
Para o pároco Donisete José Xavier, poder contar com um projeto como o CINEB é uma grande oportunidade cultural para a comunidade. “O bairro é formado por uma grande população de idosos que pouco saem de casa. Um evento como esse é uma oportunidade de encontrar pessoas e buscar a convivência, que é fundamental para uma vida em sociedade. Mas eu chamo a atenção para o filme Irmã Dulce, que conta a história de uma pessoa que dedicou sua vida a atender os mais carentes. A sessão é uma oportunidade para conhecer essa pessoa maravilhosa”, conclui.
Para Maria Rosani, secretária de Relações Sindicais e Sociais do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a entidade vê a sociedade de forma ampla. “Além de lutarmos pela categoria, é um orgulho grande contarmos com um projeto como o CINEB que leva o cinema brasileiro, de qualidade, para diversas comunidades”, explica.
Apesar das várias sessões que aconteceram na Vila Anastácio, muitos acompanhavam pela primeira uma sessão ali. É o caso de Luis Carlos de Godoi e a filha, Rafaela Guedes de Godoi que gostaram muito do clima familiar da sessão e aprovaram a pipoca de Seu Antonio. “Agora, sempre que o CINEB retornar, estaremos aqui novamente”, finaliza.
Quem também marcou presença foi Adaucto Durigan, bancário aposentado e liderança comunitária, coordenador do Fórum Social que há dois anos reúne a sociedade civil e representantes de várias áreas do poder público para discutir a implantação de políticas públicas para atender a exclusão social na região da Vila Leopoldina. A sessão contou com a divulgação dos jornais Nosso Bairro e Jornal da Gente, que deram destaque para a sessão do CINEB.
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O CINEB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 50 mil espectadores em mais de 360 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 75 longas-metragens e 50 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas. Conta com o apoio de mídia da edição brasileira do Le Monde Diplomatique.