Texto por Carlos Rizzo
Fotos por Carlos Rizzo e Danilo Ramos
A última sessão do filme Irmã Dulce no CINEB, que aconteceu na quinta-feira, dia 17 de setembro, reuniu mais de 200 pessoas no salão paroquial da Igreja São José do Jaguaré. Local foi um dos primeiros espaços a receber o projeto do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e contou com a divulgação da Rede Vida
Foram quatro exibições do filme Irmã Dulce no CINEB que emocionaram as quase mil pessoas que compareceram às sessões entre os meses de agosto e setembro. A última delas ocorreu quinta-feira, 17 de setembro, no salão paroquial da igreja São José do Jaguaré, na Zona Oeste. O espaço tem uma longa história com o CINEB, pois foi lá que aconteceu uma das primeiras sessões do projeto, em 2007. Desde então, foram outras oito sessões, sempre com um grande público. E não foi diferente dessa vez.
Mais de 200 pessoas, entre alunos de três escolas da região e moradores da comunidade ocuparam todas as cadeiras disponíveis no grande salão paroquial para acompanhar a cinebiografia da religiosa baiana, que, em vida, foi chamada de “Anjo bom da Bahia”, indicada ao Nobel da Paz e beatificada pela Igreja. O filme Irmã Dulce apresenta sua trajetória de vida da década de 1940 aos anos 1980. Dirigido por Vicente Amorim, a obra mostra como a religiosa católica enfrentou uma doença respiratória incurável, o machismo, a indiferença de políticos e até mesmo os dogmas da Igreja para dedicar sua vida a cuidar dos miseráveis, deixando um legado que perdura até hoje.
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Três escolas marcaram presença: as estaduais (EE) Maria Eugênia e Professor Architiclino Santos e a Escola Municipal (EM) Marechal Esperidião Rosas. Lucimar Terneiro Azambuja, professora de História da EE Maria Eugênia conta que há quatro anos os alunos vêm para as sessões do CINEB que, para ela, é um “fantástico incentivo à comunidade para participar de uma atividade diferente que tem a ver com cultura. Eu percebo, como professora, que a comunidade que vive aqui não sai do bairro, então trazer o cinema para cá oferece uma nova perspectiva”, avalia.
Outro que também elogia o trabalho do CINEB é o professor readaptado de geografia Jamir Odovaldo Calaresi Jr. da EM Espiridião Rosas. “Nós participamos das sessões desde o início, há quase dez anos. Não perdemos uma vez sequer. Estamos em um grupo de professores que acompanham os alunos do EJA [Educação de Jovens e Adultos], [O CINEB] é fundamental para esse pessoal, é uma das poucas oportunidades de vivenciar o cinema”, explica.
O surdo-mudo Diego Antunes de Oliveira, convidado por um amigo estudante da EE Architiclino Santos, assistiu ao filme ao lado da intérprete de libras da escola, Eufrásia Beneris que o auxiliava com os diálogos. Diego elogiou o projeto, que aproxima as pessoas além de oferecer “divertimento”. Já sobre o filme, ele considera Irmã Dulce uma “pessoa importante, que lutou muito para ajudar os mais necessitados”.
Para o pároco Roberto Grant Maison, o CINEB é uma iniciativa pertinente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, pois oferece a “possibilidade das pessoas entrarem em contato com obras cinematográficas brasileiras de qualidade, perto da casa delas. Muitas vezes as pessoas não têm como se locomover ou não tem dinheiro para ir ao cinema, então é um serviço cultural importante”, conclui.
Marcelo Gonçalves, diretor de Cultura do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, tem acompanhado várias sessões do CINEB e na sua avaliação o projeto tem surpreendido-o pela capacidade de reunir as pessoas em torno do cinema nacional. “Hoje temos casa cheia, muitas crianças, famílias, um povo bonito, que representa nosso país e nossa cultura, que também é retratada em filmes que contam a história de nosso país e de nossas lutas, como é o caso da vida da Irmã Dulce”, pondera.
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O CINEB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 50 mil espectadores em mais de 360 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 75 longas-metragens e 50 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas. Conta com o apoio de mídia da edição brasileira do Le Monde Diplomatique.