Temporada do CINEB começa com Betinho

A Regional Paulista do Sindicato dos Bancários de São Paulo foi o palco para o início da nona temporada do CINEB em 2016, na quarta-feira, dia 20 de abril. O documentário Betinho, A Esperança Equilibrista abordou a história de um dos mais emblemáticos personagens da redemocratização. Após o filme, o CINEB realizou um debate com José Roberto Vieira Barboza, bancário aposentado que integra o Comitê Betinho desde 1993.

Teve início, na última quarta-feira, 20 de abril, na Regional Paulista do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a nona temporada do CINEB, o maior projeto de democratização do cinema brasileiro. O filme escolhido para começar o ano foi o documentário Betinho, A Esperança Equilibrista, com direção de Victor Lopes. A sessão aconteceu depois do projeto participar, entre os dias 11 e 15 de abril, na Praça do Patriarca, das atividades comemorativas pelos 93 anos do Sindicato dos Bancários, quando o CINEB exibiu cinco sessões de curta metragens para um público de 380 pessoas.

O documentário exibido na Regional Paulista conta a história do sociólogo Hebert de Souza, conhecido como Betinho, considerado uma das figuras mais emblemáticas na luta pela democracia e pelos direitos humanos durante o período da ditadura militar. Exilado, foi homenageado na música O Bêbado e o Equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc, sucesso na voz da cantora Elis Regina. Hemofílico, nos anos 1980 após a redemocratização foi contaminado pelo vírus HIV e se tornou uma das principais referências na luta contra a AIDS no Brasil. Na sequência, esteve à frente da maior campanha de combate a fome da história do país, a Ação da Cidadania que acabou inspirando o programa Fome Zero do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, responsável pela criação do Programa Bolsa Família, que tirou o país definitivamente do mapa da fome.

A sessão contou com a presença do bancário aposentado José Roberto Vieira Barboza, que em 1993, ao lado de outros bancários funcionários do Banespa, criaram o Comitê Betinho, para contribuir com a Ação da Cidadania e desde então ajuda, financeiramente, na construção de cisternas na região Nordeste, e em mais de 20 anos de existência já possibilitou a construção de 700 cisternas. “Temos parcerias com ONGs e com o poder público e além do financiamento de cisternas temos parcerias com ações de geração de renda, defesa do idoso e do meio ambiente”.

Para o diretor de Cultura do Sindicato dos Bancários, Marcelo Gonçalves, que participou da abertura oficial da sessão ao lado de José Roberto e do coordenador do CINEB, Cidálio Vieira Santos, iniciar a temporada do CINEB com o documentário sobre Betinho ajuda a refletir a situação que o Brasil vive atualmente de ameaça à democracia e às conquistas sociais feitas pelos governos Lula e Dilma. “No tempo do Betinho, o Brasil contava com 36 milhões de pessoas passando fome e centenas de crianças morriam todo dia como consequência da má alimentação. Com o aumento do salário mínimo, a geração de emprego, e programas como o Bolsa Família, essa situação acabou. A ONU excluiu o Brasil do mapa da fome desde 2011”, lembra.

Após a sessão, Cidálio organizou um debate em que José Roberto respondeu perguntas sobre o trabalho do Comitê Betinho. Muitos dos que acompanharam a sessão puderam dar sua opinião, como foi o caso do padre Dimas Martins Carvalho, do Santuário Nossa Senhora da Paz, em Itaquera. Ele conta que hoje existe dificuldade para se fazer um trabalho abrangente como o do Betinho. “A Pastoral da Criança já não tem tanta força depois da morte da Zilda Arns”, que coordenava nacionalmente o projeto, lembra o pároco. Aldemir Bidou, vice-presidente da Associação de Moradores do Pantanal, comentou que trabalhos como o do Betinho, abriram as portas para que entidades assumissem novas funções como atual na área de cultura e lazer, opinião compartilhada por Bia Moreno, da Associação dos Moradores de Vila Rica. “Acabei me emocionando com o filme porque lembrei que eu também ajudei na ação contra a fome lá atrás, e hoje nós atuamos oferecendo cultura para a comunidade. As necessidades mudaram”, finaliza. O CINEB fará uma sessão na Vila Rica no próximo dia 4 de maio.

Para Cássio Rodrigues, da Cia de Decálogo Jalc, do Jardim Angela, o filme traz um importante contraponto para a juventude ter “parâmeros mais sociais, coletivos, porque hoje os jovens só pensam em ter um trabalho, fazer uma faculdade para trabalhar”, enfatiza. Sobre a presença do CINEB no Jardim Angela no próximo dia 30 de abril, ele elogia o acesso à cultura e ao cinema brasileiro oferecido pelo projeto. Também compareceram à sessão Marsen Borges, da Casa de Cultura do Itaim Paulista e a bibliotecária Elani Tabosa do Nascimento, responsável pelas atividades culturais da biblioteca do Espaço Alana.

O CINEB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, já atingiu um público superior a 50 mil espectadores em mais de 392 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 86 longas-metragens e 55 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.

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