CINEB encerra temporada de Apart Horta na Vila Anglo

A Vila Anglo-Brasileira, na Zona Oeste, teve a oportunidade de encerrar, no último sábado, dia 20 de agosto, a temporada do filme Apart Horta, que faz uma reflexão sobre a agricultura urbana. O filme foi exibido em cinco sessões no CINEB com um público de cerca de 500 pessoas.

A cada ano que passa, o Projeto CINEB cria novos laços de amizade como novas comunidades. Os moradores da Vila Anglo-Brasileira são um exemplo. Ano passado, o CINEB estreou no bairro ao levar, pela primeira vez, uma sessão com o filme Irmã Dulce. O enorme sucesso garantiu o retorno ao Salão Paroquial da Igreja Nossa Senhora Aparecida. Dessa vez o local foi escolhido para encerrar a temporada do média-metragem Apart Horta, que aborda um tema cada vez mais importante na vida das pessoas: a agricultura urbana.Durante as cinco sessões em que o filme foi exibido, cerca de 500 pessoas aprenderam técnica de agricultura urbana e puderam compartilhar com os presentes nas sessões o gosto por plantas.

Padre Hélio Vigo, que já foi bancário, e público aguardam início da sessão

O média-metragem foi escrito e dirigido por Cecília Engels, jovem cineasta paulistana. Conta a história da baiana Nazaré que vai a São Paulo pela primeira vez para visitar seu irmão Natanael, que tem um estilo de vida voltado ao trabalho. Nazaré vive uma relação saudável com as pessoas, a natureza e a alimentação. Aos poucos trazendo seu axé e cultivando alimentos no apartamento, Nazaré germina a transformação no ambiente da vida de Natanael e do prédio em que ele vive. O filme é entrecortado com quatro mini-documentários de personagens reais que realizam experiências de cultivo de alimentos na cidade de São Paulo.

Cidálio Vieira Santos, coordenador do CINEB, faz transmissão ao vivo da sessão pelo facebook.

Mesmo com a sessão concorrendo com Brasil e Alemanha disputando a final do futebol nas Olimpíadas Rio 2016, a Vila Anglo já conta com um público cativo e que gosta de cinema. É o caso do historiador Leandro Antonio Gatti, que levou à sessão um curta-metragem com imagens da cidade de São Paulo e da Vila Anglo nos anos 1950. Gatti narrou durante os quatro minutos os detalhes das imagens. “Uma carro descendo a rua Ciridião Buarque. As pessoas andavam nas ruas porque não era comum ver um carro circulando”, explicou. Ela explicou que filme pertence à família de Wanderley Monteiro, de 89 anos, presente na sessão. Wanderley começou a trabalhar como balconista de farmácia em 1939 e trabalhou por 66 anos no bairro e fez imagens do bairro, dos filhos e amigos.

Historiador Leandro Gatti, Wanderley Monteiro e sua esposa, Alberto Monteiro e padre Helio.

Outro amante do cinema presente na sessão foi Alberto Monteiro, colega de Wanderley. Ele organizava sessões de cinema na Praça Araçariguama na década de 1950. “Exibíamos os filmes do Gordo e o Magro, Charles Chaplin, entre outros, na parede de uma casa. O jardim da praça enchia de crianças sentadas no chão para ver as histórias”, recorda. Gatti juntou memórias como a de Alberto e a de Wanderley no livro Histórias da Vila Anglo-Brasileira e no blog historiasdavilaanglo.wordpress.com. No site é possível assistir ao filme exibido no CINEB.

 

Luiz Claudio Marcolino, idealizador do CINEB, Marcelo Gonçalves, diretor de Cultura do Sindicato dos Bancário e Cidálio, coordenador do CINEB.

A abertura oficial da sessão contou com a presença do padre Helio Vigo, pároco da igreja, que também foi bancário antes do celibato. Ele elogiou a iniciativa do Sindicato dos Bancários em parceria com a Brazucah Produções e brincou: “no ano passado o chão do salão ficou todo molhado tanto foi a emoção ao assistir o filme da Irmã Dulce”. Marcelo Gonçalves, diretor de cultura do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região lembrou que a categoria está em campanha salarial e lutando para garantir o emprego dos funcionários do Bradesco e Itaú. “Os bancos estão lucrando muito e querem demitir pais e mães de família. Não podemos deixar isso acontecer”, ponderou.

As bancárias Karen Criatina e Fernanda Mieko, moradoras da região, aproveitaram a sessão do CINEB.

Após a sessão, o coordenador do CINEB, Cidálio Vieira Santos conversou com muitos dos presentes para saber se alguém cultivava alimentos em casa.Terezinha Cavenaghi contou que planta hortaliças como salsinha, coentro e muitas flores. “Sou do interior, de Lindóia, e cresci no meio de plantas, por isso adoro cultivar”. Amélia Milani sempre gostou de plantar e o gosto passou para o filho, bancário do Itaú, que cultiva seus alimentos na varanda do apartamento. “Ele colocou uma horta na parede. Tem salsa, coentro, alface, pimentão”.

A horta no quintal da paróquia. Verduras, hortaliças e até um pé de café.

Na sessão estavam presentes duas bancárias moradoras da região. Fernanda Mieko, funcionária do Banco do Brasil e Karen Cristina de Souza, do HSBC. Fernanda disse que também cultiva ervas medicinais e flores. “Tenho boldo e lavanda em casa”. Ela explicou que descobriu as lutas do Sindicato dos Bancários recentemente. “Eu vivia a realidade do banco, mas adoeci e percebi que nós somos apenas peças que são trocadas. Quando conheci como o Sindicato defende os direitos dos trabalhadores, dos cidadãos, percebi que há uma outra perspectiva na minha vida profissional. Hoje quero ajudar quem está lá no banco sendo perseguido, prejudicado”.

Camiseta do CINEB foi um dos brindes sorteados.

O diretor da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Luiz Cláudio Marcolino, idealizador do Projeto CINEB quando era presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, também participou da sessão.

Até a próxima sessão!

O CINEB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 50 mil espectadores em quase 400 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 75 longas-metragens e 50 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.

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