Texto e Fotos: Carlos Rizzo
Cine B exibiu, na última quinta-feira, (1/12), curtas do 14º Festival Noia de Cinema Universitário na Unisantana, na Zona Norte de São Paulo.
Antes que termine o ano letivo, o Cine B aproveitou a oportunidade e foi, na última quinta-feira (1/12), até a Unisantana, uma das mais tradicionais faculdades de São Paulo, localizada próximo à rodoviária do Tietê, na Zona Norte de São Paulo, para mais uma exibição de cinema brasileiro.
A sessão aconteceu durante a Jornada das Licenciaturas, uma semana de atividades organizadas pela universidade, destinada aos que estão se formando como professores de história, geografia, pedagogia, educação física, letras e matemática entre outros. Segundo o historiador e coordenador do curso de história da Unisantana, Eduardo Silveira Neto Nunes, um amigo em comum o apresentou ao coordenador do Cine B, Cidálio Vieira Santos. “Achei que poderíamos fazer uma parceria. Quando, recentemente, organizávamos uma semana de reflexões dentro da Jornada, pensando em discutir o Brasil contemporâneo, percebemos que o Cine B se encaixava na nossa proposta, pois traz muita produção atual do cinema brasileiro, com um viés de reflexão sobre o país. Foi aí que entramos em contato e deu tudo certo”, comentou.
Para o evento, o Cine B selecionou cinco curtas-metragens premiados pelo 14º Festival Noia de Cinema Universitário. O festival foi organizado inicialmente em 2002 pelos alunos de comunicação social da Universidade Federal do Ceará (UFC) e já se tornou referência na produção cinematográfica brasileira. A sessão foi organizada no auditório da universidade, onde alunos dos cursos de produção audiovisual e fotografia da instituição estavam rodando cenas do curta de ação O Fim de um Sonho, trabalho interdisciplinar que participará da Semana de Comunicação. Johnny Gonçalves, aluno de fotografia e um dos diretores do curta conta que a fita, de ação, conta a história de um psicopata.
Após as gravações, teve início a sessão. O primeiro curta a ser exibido foi Vlado (2015), de Felipe Mucci, que conta a história do último dia na vida do jornalista Vladimir Herzog. No ano de 1975 em São Paulo, Brasil, no contexto da ditadura militar brasileira. Desde quando ele descobre que seu amigo sumiu até o momento em que Vlado toma uma decisão que mudaria para sempre o rumo de uma nação. Na sequência foi exibido Verde Chorume (2015), de Roberta Bonoldi que mostra sons e imagens abordando um dia de comércio numa rua popular do centro de São Paulo e termina num aterro não muito longe dali. Vendedores, carroceiros, consumidores e garis são alguns dos agentes da epopeia que acontece entre o consumo e o descarte. O curta Muriel, de Vanessa Cavalcante, o terceiro da sequência, conta a história de um personagem que nunca teve uma namorada. Após ver uma chamada de um programa de TV, ele decide que está na hora da sua vida mudar, de arrumar uma namorada, e de não mais ser um fracasso.
O Silêncio Não Está Morto, Querida Vó Helena (2015) de William Costa Lima, que apresenta a história da relação entre Samanta, uma jovem estudante de arquitetura prestes a se formar, e sua avó Helena, uma vendedora de antiguidades prestes a se aposentar, é o tema central do média. Diante de tamanha abundância e acumulação de bens materiais, qual a importância das relações humanas. Por fim, Fio-Terra (2015) de Ian Capillé apresenta Dora e David que se conhecem quando acordam na mesma cama e conta a história da relação dos personagens utilizando imagens de smartphone, o principal meio de comunicação do casal.
Suzana Soz, coordenadora do curso de pedagogia elogiou o trabalho do Cine B. “A maneira como vocês ambientam o espaço, que vocês geram todo um clima de cinema é muito bom. Achei sensacional o filme que trata do jornalista Herzog. A fotografia do filme, iluminação, a música, o enredo, o personagem, tudo nos remete a mergulhar exatamente naquela época da ditadura militar… O filme conseguiu me levar para esse universo, sentir o que estava acontecendo naquele momento”, comenta.
A aluna de pedagogia Odilene Brito Ferrari é fã de cinema. Conta que gostou “daquele que a moça vai para Paris [Fio-Terra]. Eu também teria essa mente de sair do Brasil e não voltar. Para conhecer outras tradições, outras culturas”, finaliza.
O CINEB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 54 mil espectadores em mais de 400 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 75 longas-metragens e 50 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.