O CineB esteve na FIAM-FAAM Campus Morumbi na última terça-feira, 23/5, e exibiu o filme “Cidade Cinza”, de Marcelo Mesquita e Guilherme Valiengo, documentário que denuncia a prática da prefeitura de São Paulo de apagar grafites.
Pode-se dizer que “Cidade Cinza”, documentário realizado por Marcelo Mesquita e Guilherme Valiengo em 2008, finalizado em 2012 e lançado em 2013 é um filme feito para os dias atuais. Afinal de contas, trata de um tema que ganhou as manchetes e invadiu as redes sociais quando o atual prefeito da cidade de São Paulo, João Dória (PSDB) decidiu jogar tinta cinza sobre grandes murais de grafites pintados nos principais corredores viários da capital.
A atitude, logo no início de seu mandato, foi um repeteco do que aconteceu com São Paulo em 2008, quando a prefeitura destruiu obras realizadas pelos grandes artistas do gênero como Gêmeos, Nunca e Nina. O prefeito, naquela época, era Gilberto Kassab.
“Cidade Cinza” acompanha o trabalho d’Os Gêmeos, Nunca e Nina, artistas famosos no mundo todo por seu estilo de grafite, convidados a repintar um muro de 700 m2 no entroncamento entre a Radial Leste e a Avenida 23 de Maio, no Centro, depois da prefeitura apagar o trabalho “por engano”. No documentário, o artista Nunca afirma: “não existe um engano de 700 m2”. O filme é uma obra fundamental para refletir a representatividade da arte de rua e como o poder público ainda não consegue entender esse tipo de manifestação.
Cerca de 120 alunos de comunicação, dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda e Rádio e TV acompanharam a exibição no auditório da faculdade. O coordenador do curso de Rádio e TV da FIAM-FAAM, Fernando Albino Leme lembra que o CineB tem oferecido aos alunos possibilidade de conhecer o cinema brasileiro. “É uma oportunidade para eles estarem mais próximos do cinema, da direção, do roteiro e essa prática estimule novos roteiristas, novos diretores para que eles possam produzir e o cinema brasileiro ficar cada vez mais forte”, avalia.
“Cidade Cinza”, caiu nas graças de Letícia Nogueira de Oliveira, aluna do primeiro semestre de Relações Públicas e moradora do Grajaú, apaixonada por grafite. “O filme é encantador, eu não consegui piscar do início ao fim”, comentou. “Se eu pegar um spray, eu só faço, como eles falaram. É uma coisa que sai da veia, você pega e faz. Eu escrevo meu nome, faço homenagens para minha mãe, para minha vó”, explica.
Já para Felipe Martinho, aluno do sétimo semestre de Publicidade e Propaganda e morador de Cotia, na Grande São Paulo, o filme retrata uma realidade que se repete: “nosso querido prefeito pintou novamente o mesmo muro de cinza. Eu pego o trânsito todo o dia e sei o que é ver um muro todo cinza, e outro, quando é pintado. Pintado você vê uma paisagem diferente. Precisamos ter mais pinturas nas ruas, mais grafites, mais desenhos”, finaliza.
O CineB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 56 mil espectadores em mais de 430 sessões gratuitas realizadas em comunidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Foram exibidos na tela do CineB mais de 100 longas-metragens e 69 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.