Marcos Takeda, roteirista de “Magal e os Formigas” participou, na última quinta-feira, 28/9, de um debate no Salão Paroquial da Igreja São José do Jaguaré, localizado na Zona Oeste da capital após a exibição do filme. Alunos da EE Profª Maria Eugênia Martins participaram da atividade.
Este ano está virando rotina diretores e integrantes das produções cinematográficas em exibição no CineB participarem de debates e bate-papos. E não foi diferente na sessão da última quinta-feira, 28/9, que aconteceu no Salão da Paróquia São José do Jaguaré, localizado na Zona Oeste de São Paulo. Marcos Takeda, roteirista do longa “Magal e os Formigas” foi até a igreja que já recebeu o projeto por 12 vezes – a igreja foi um dos primeiros locais a exibir uma sessão do CineB em 2007 – para conversar com o público sobre curiosidades e detalhes da produção dirigida por Newton Cannito. Também participaram do debate Mary Cannito, mãe do diretor, que aos 80 anos atuou pela primeira vez como atriz, e Lurdes Cannito, irmã do diretor que acompanhou toda a produção do filme lançado ano passado.
“Magal e os Formigas” é sucesso no CineB. Por onde passa tem recebido elogio do público. Conta a história de um aposentado que está aborrecido com a vida e reclama o tempo todo de seu trabalho. Viciado em loterias, ele está afundado em depressão e não vê esperança. Até que, após um delírio, ele começa a receber visitas do cantor Sidney Magal. Assustado com o fenômeno sobrenatural recorrente, ele irá aprender, com o bom humor da aparição, um novo jeito de viver uma vida mais feliz. Além de Magal, integram o elenco Norival Rizzo, Imara Reis, Mel Lisboa e José Carlos Machado entre outros.
Takeda, que é roteirista de TV e cinema e trabalha há algum tempo com Cannito conta que o filme é um projeto antigo do diretor que virou realidade quando Sidney Magal topou interpretar a si mesmo para dar um “up” na vida da família retratada no filme. “Eu escrevi o roteiro junto com o Newton. É basicamente a história da família dele, na forma de comédia”, explica. O roteirista que mora na região Oeste de São Paulo conta que não conhecia o CineB. “Se eu soubesse já tinha vindo em uma sessão aqui”, comenta.
O padre Roberto Grandmaison, que “recebeu de braços abertos” o CineB desde seu início, ficou surpreso ao saber que nas 12 sessões realizadas na paróquia passaram mais de mil pessoas. “É uma oportunidade para ver e conhecer o que o brasileiro é capaz de fazer. O cinema possibilita essa troca de ideia, de experiência. Tudo isso para mim é manifestação cultural”, completa.
Alunos do ensino médio da Escola Estadual (EE) Profª Maria Eugênia Martins, que fica bem próximo à igreja, acompanharam a sessão que também exibiu o curta “Depois Que Eu Te Vi”, de Vinicius Saramago que aborda a história de um jovem autista que cumpre metodicamente seu trabalho na farmácia do tio, mas que muda sua rotina depois que vê uma menina passar de bicicleta.
Ao final da sessão, Takeda, Mary e Lurdes responderam muitas perguntas, como a de Gabriel Martins de Barros, aluno do 3º ano do ensino médio, que participou de várias sessões no Jaguaré. “O filme falou só verdades, tudo o que a gente enfrenta no dia a dia. O povo sempre fica quieto como se tudo estivesse bem, mas não está nada bom, é preciso ser mais ousado”, comenta.
A professora de português Rosa de Souza lembrou que o filme lhe trouxe uma recordação de criança, quando assistiu um show de Magal na inauguração de um supermercado na Zona Leste, onde morava. “ Somos brasileiros, temos nossas dificuldades financeiras, dificuldades para realizar nossos sonhos que ficam adormecidos diante da necessidade de sobreviver. E o filme mostra que é preciso usar a criatividade para driblar as questões do dia a dia para ir atrás dos sonhos”, avalia.
Para a desempregada Cássia Ferreira Clemente, que foi à sessão a convite da mãe, aluna de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da EE Maria Eugênia, o filme “é um exemplo para a gente acreditar a dar a volta por cima. O estímulo que Magal levou para a família na história, os debatedores estão trazendo para a gente hoje”, reflete.
Takeda lembra que o retorno de quem assiste o filme é fundamental para quem trabalha na criação. “A gente tentou fazer uma história popular, então é interessante ver a recepção desse público porque foi bem melhor do que a do público que acompanha cinema com regularidade. O filme só faz sentido quando ele consegue dialogar com o público”, analisa.
O CineB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 60 mil espectadores em mais de 450 sessões gratuitas realizadas em comunidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Foram exibidos na tela do CineB mais de 100 longas-metragens e 69 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas.
Foi maravilhoso participar, é sempre gostoso conversa com o público. Foi um dia marcante. Aproveito para parabenizar o Cidálio e toda equipe do cineB.
Abraços e muito sucesso.