Fotos de Vivian Szelpal
Numa instituição sem fins lucrativos que há 28 anos cuida de crianças e adolescentes do Mandaqui, zona norte de São Paulo, o Lar da Tia Maria, o Cine B abriu sua tela para exibir o curta-metragem O xadrez das cores e o longa Domésticas.
“Gostei da idéia de fazer um Cine B aqui porque acho a periferia muito parada, o pessoal nunca tem muitas idéias para agitar as pessoas, ajudar a todos ficarem com as idéias mais esclarecidas, compreender melhor o mundo que vive”, disse Maria Napoleão Felinto Moura, a Tia Maria, fundadora do Lar.
Há 30 anos tia Maria trabalhava como maquiadora nos círculos da alta-sociedade, até que se irritou com a hipocrisia e a diferença abrupta de realidades entre pobres e ricos em São Paulo e, escondida da família, começou o Lar da Tia Maria num barraco, neste mesmo terreno onde hoje um prédio de dois andares representa a ONG.
“Estava saindo do consulado da França e um garoto de rua veio me pedir algo para comer, disse estar com fome. Eu tinha uma pêra na minha bolsa e dei pra ele, mas fui pra casa pensativa. Em 1969 juntei dinheiro e comecei minha creche, escondida da minha família. Sempre tive orgulho, pois até hoje acompanho casos de jovens que chegam aqui desestruturados e quando saem vão se casar, tem emprego fixo e boa educação”, disse a tia Maria que tem 78 anos.
“Antes era meu marido que vinha ajudar, aí antes de ele morrer fizemos um pacto que quando um fosse embora, o outro teria que vir ajudar aqui do Lar. Como ele faleceu, hoje quem vem sou eu”, disse a simpática Cecília Kimico Nakagawa, secretária da tia Maria, moradora do bairro Brasilândia, zona leste. Pega diariamente duas conduções para chegar até o projeto nas primeira horas da manhã. “Me espelho muito na tia Maria, uma mulher que as dificuldades da idade não parecem lhe abater”, disse Cecília.
“Hoje não trabalhamos com moradia, oferecemos cursos de dança, teatro, música, cursos profissionalizantes e aulas de inglês. Recebemos doações de amigos e pessoas que querem ajudar”, disse tia Maria, que atende 30 jovens de 0 a 18 anos na entidade.
“Quando se fala em cidadania todos pensam o que se pode exigir, o que é seu de direito. Mas cidadania é todo mundo se unir para a construir uma comunidade boa pra viver. Esse filme (O xadrez das cores) reflete muito a minha história, uma infância difícil, com preconceito, mas que consegui vencer e hoje posso participar de uma festa dessa com todos vocês”, disse tia Maria na abertura do Cine B.
Ao final da sessão, além do tradicional sorteio de camisetas do Cine B e livros do Corpo Humano, duas cestas básicas (doadas pela comunidade) foram sorteadas!
CLICKS
Gostaria de fazer uma visits
Cumprimentos pelo artigo, empregou palavra simples de escutar
e o texto conquanto ficou bastante rico em conteúdo.
Espero que siga à grafar incessantemente.
Primeira vez que entrada seu diário virtual e adorei.
Já coloquei nos favoritos para vir no mínimo uma vez na semana.
Obrigado.