Exibição do filme Marighela reuniu militantes, movimentos organizados de moradia, estudantes e professores de escolas públicas.
por Eduardo Viné Boldt
Mais de 500 pessoas se reuniram na noite de sexta-feira (3), na quadra dos bancários, localizada na região central da capital paulista para assistirem ao filme Marighella, de Vagner Moura. A exibição foi uma realização do projeto CineB Solar e contou com a presença de movimentos sociais e escolas que já receberam o projeto ao longo do tempo.
Foi a primeira vez que o projeto realizou exibição na quadra, local historicamente vinculado com as assembleias e a luta de uma das mais importantes categorias de trabalhadores do Brasil. A oportunidade não poderia ser melhor: o projeto inicia as comemorações dos seus quinze anos de existência e pode proporcionar mais uma exibição do aclamado filme Marighela.
Para o coordenador do projeto, a sessão coroou a trajetória vitoriosa do CineB Solar – parceria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região com a Brazucah Produções – em uma união entre os movimentos sociais e estudantes para assistirem a um dos filmes mais importantes dos últimos anos no cinema brasileiro. “Foi uma noite muito importante onde conseguimos unir uma parti significativa do nosso publico mais atuante: estudantes, militantes, participantes de movimentos sociais nesse lugar simbólico para os trabalhadores brasileiros que é a quadra dos bancários”, celebra o coordenador.
O filme teve exibição simultânea no sindicato dos metalúrgicos do ABC, com a presença do presidente Lula e de parte do elenco em São Bernardo. Na quadra dos bancários a exibição teve a presença do idealizador do projeto, Luís Cláudio Marcolino, do secretário de cultura Marcelo Gonçalves, da secretária de finanças Maria Rosani Hashizumi e de diretores do sindicato dos bancários.
Dois ônibus trouxeram alunos e professores das escolas Professor Leopoldo Santana e República do Panamá. Integrantes de movimentos sociais se inscreveram pela internet e também puderam assistir a exibição do filme.
Evaniza Rodrigues é militante histórica no movimento social, e hoje atua na União dos Movimentos por Moradia (UMM). Ela conversava com as companheiras da importância do resgate dessa memória do brasil para a consolidação da democracia brasileira. “Quando a gente houve as pessoas defendendo a volta dos militares, a volta da ditadura, a gente precisa é resgatar essa memória. Porque essa memória é a nossa forma de resistência”, salienta.
O diretor da escola República do Panamá Diogo Brauna disse que o projeto promoveu um festival de curta na escola um pouco antes da pandemia. A escola marcou presença com mais de 100 estudantes do ensino médio para a exibição, que estavam ansiosos para ver o filme. “Muitos alunos estavam curiosos porque sabem da repercussão do filme, sabe da dificuldade do lançamento no Brasil. Isso aguçou a curiosidade dos nossos estudantes”, ressaltou.
A professora coordenadora do Professor Leopoldo Santana, Tatiane de Jesus Santos veio com quase 30 pessoas, entre professores e alunos do ensino médio, para a quadra dos bancários. Ela celebrou a parceria e diz que o filme teve um impacto imediato nos alunos. “Como eles fiaram impactados. Já estão ‘metralhando’ os professores de história perguntando se era assim mesmo… Se ninguém fazia nada com essa situação… Eu acho que vai render uma boa aula na semana que vem”, destacou a coordenadora.
O secretário de cultura Marcelo Gonçalves ressalto a importância da exibição do filme em um lugar tão emblemático como a quadra dos bancários.
Para o vice-presidente da CUT-SP Luiz Cláudio Marcolino a exibição cumpre o papel que o CineB Solar se propôs a realizar a mais de 15 anos atrás: divulgar o cinema brasileiro e fortalecer a democracia.
A vereadora do PT Juliana Cardoso participou das duas sessões do filme no mesmo dia e pode falar da importância da obra sobre o Marighella no contexto atual.
Filme exibido:
Marighella – (Wagner Moura – Brasil – 2021 – 155 minutos – 16 anos – Drama).
Sinopse: 1969. Marighella não teve tempo pra ter medo. De um lado, uma violenta ditadura. Do outro, uma esquerda intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir, o líder revolucionário escolheu a ação. Em Marighella, o inimigo número 1 da Ditadura Militar tenta articular uma frente de resistência enquanto denuncia o horror da tortura e a infâmia da censura instalados por um regime opressor. Em uma experiência radical de combate, ele o faz em nome de um povo cujo apoio à sua causa é incerto — enquanto procura cumprir a promessa de reencontrar o filho, de quem por anos se manteve distante, como forma de protegê-lo.
Sobre o CineB Solar
Criado em 2007 pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, o CineB passou a se chamar CineB Solar em 2018, quando passou a circular com uma van que gera, através de placas solares, a própria energia consumida no evento. Já atingiu um público superior a 75 mil espectadores, 160 bairros percorridos, em mais de 580 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Nesse momento de isolamento, para evitar aglomerações, se reinventaram e prepararam novos projetos: CineB on-line, CineB Solar na Janela e CineB Autorama, ações para que todos possam ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.