Debates com diretor, produtor e ator do filme marcam a retoma do projeto pós-pandemia
Texto, fotos e depoimentos: Thaís Nozue
Quinta-feira, dia 25 de agosto, foi o dia escolhido para o retorno do CineB Universidade. Alunos, professores e convidados prestigiaram o filme de Pedro von Krüger no auditório da FAM, localizado na Rua Augusta, na Consolação, em São Paulo. Cerca de 200 pessoas assistiram “Um Dia Qualquer” e ao final construíram um debate produtivo com perguntas ao núcleo do filme presente.
Centro Universitário FAM
“Eu conheci o CineB através de uma sessão que eles produziram lá na escola que eu estudava no ensino médio, a Escola Estadual Irmã Charlita. Eles foram lá umas duas vezes, isso nos anos de 2014, 2016, mais ou menos. E hoje estou prestigiando o filme que eles estão passando aqui na FAM, pelo CineB.”
Aluna do Raquel Costa Pereira semestre do curso de Jornalismo, já conhecia o projeto da época em que estudou na escola.
Vicente Darde, coordenador dos cursos de Comunicação da FAM, conta como se deu essa parceria com o CineB e a importância de eventos como esse para alunos e alunas da universidade.
“Este projeto CineB que está hoje aqui na nossa Universidade é muito importante, tradicional na Cidade de São Paulo e região que traz o cinema pra nossos estudantes. Eu já conheço o projeto, conheço o coordenador, o Cidálio há bastante tempo, já tive oportunidade em outros locais e também compartilhar desse projeto e dessa vivência e experiência de levar o cinema até os estudantes e de debater com convidados, diretores, produtores, artistas envolvidos na produção do filme e que isso traz realmente um aprendizado muito grande para os nossos estudantes. Então, representando aqui o Centro Universitário das Américas FAM é uma honra poder ter pela primeira vez o projeto do CineB solar aqui na nossa universidade e tenho certeza que será um primeiro encontro de muitos outros para que a gente possa fomentar o cinema brasileiro e fomentar as discussões sociais que essas obras cinematográficas permitem junto aos nossos estudantes aqui de Comunicação.”
Camila Cattai, docente de Cinema na instituição, fala sobre a presença do projeto na FAM.
“Hoje nós estamos aqui no auditório da FAM, recebendo o CineB e o auditório está lotadíssimo de jovens, meninos e meninas assistindo o cinema nacional. Pra gente já uma grata surpresa, porque por mais a gente indique, tem pessoas que não tem tanta facilidade de ir ao cinema. Não sei se especialmente esta geração, mas acho que como um todo aqui no Brasil, a gente tem uma cultura de cinema brasileiro muito rara. São raras as pessoas, as famílias que consomem cinema brasileiro. E eu acho que esse projeto ele traz uma fagulha para esses jovens de assistir mais cinema, de ver que o cinema está fora do mainstream, que é só aquilo que a gente conhece, tem muita coisa boa pra gente assistir, muito diretor que está na guerrilha fazendo filme, muita gente que consegue edital e outros caminhos inclusive pra eles conhecerem e produzirem os próprios filmes e finalmente entenderem que o que eles estão fazendo também é cinema brasileiro.”
“Um Dia Qualquer”
Dirigido por Pedro von Krüger e produzido por Denis Feijão, “Um Dia Qualquer” mostra que um dia qualquer nos subúrbios cariocas pode ser qualquer coisa, exceto algo comum. Quando o Estado é omisso, forças paralelas assumem seu lugar. Milícia, tráfico e corrupção fazem parte de uma combinação explosiva em que a principal vítima é a família e comunidade dos subúrbios cariocas.
Por trás de um cotidiano aparentemente simples e rotineiro, a violência diária e o clima de guerra civil obrigam os moradores a iniciar uma verdadeira jornada por sobrevivência. Neste delicado momento para os moradores, diversas histórias se misturam e mostram que viver mais um dia pode não ser tão fácil assim. E revela ainda as entranhas e, principalmente, a maneira como nasce e se consolida o poder paralelo em uma zona esquecida pelas instituições públicas. Em um retrospecto de 10 anos, vemos o tráfico de Seu Chapa perder espaço para Quirino, um correto Policial Civil que passa a adequar suas convicções às novas dimensões: os fins, agora, justificam os meios. (fonte: Revista de cinema).
Debate e bate papo
Após a sessão, o diretor Pedro von Krüger, o produtor Denis Feijão e o ator Vinicius de Oliveira, participaram do debate mediado pela professora Camila Cattai e pelo coordenador do projeto Cidálio Vieira. Alunos de todos os cursos de comunicação pegaram o microfone para fazer perguntas à mesa e sanar suas dúvidas e curiosidades sobre a produção do filme.
A primeira a falar, foi a estudante de jornalismo Geovana Tebaldi Dias Neves que questionou os convidados como foi gravar na pandemia. O produtor Denis Feijão e o Diretor Pedro von Krüger responderam a aluna.
Interessados em saber sobre a escolha do elenco, Rayner Paixão e Ana Carolina Campos de Souza, ambos os alunos de Publicidade e Propaganda pegaran o microfone e perguntaram sobre os critérios de seleção para atuar no filme e como uma pessoa que está começando na área consegue uma chance, respectivamente. O ator Vinícius de Oliveira e Denis responderam aos alunos.
Gustavo Calzetta, de Publicidade e Propaganda, questionou o elenco sobre como fugir da bolha e retratar a realidade nua e crua nos cinemas. Novamente Pedro respondeu ao questionamento.
Aproveitando o gancho do colega, Gabrielle Aguirre, estudante de jornalismo, pediu dicas sobre como fazer um filme desse gênero e tão bem retratado, sendo respondidas por Pedro e Vinícius.
Sarah Silva Pereira e Guilherme Pedroso, ambos do curso de Audiovisual, trouxeram questionamentos importantes. Sarah estava curiosa em saber como apresentar um filme sobre milícia num governo de milicianos e Guilherme perguntou “Pra aonde está apontando o cinema nacional hoje?”. Indagações que foram prontamente respondidas com falas incisivas de luta e resistência.
Por fim, Kevin Ferro Kaleski, do 2º Semestre de Cinema e Audiovisual fez uma pergunta sobre alterações de roteiro, tendo sido respondida por Denis e Pedro.
O debate terminou com uma fala importante de Pedro: “País sem cultura é como uma casa sem espelho”.
Ao final da sessão, houve sorteio das camisetas do projeto aos participantes.
CineB nas Universidade
é utilizar a estrutura que as instituições possuem, como auditórios equipados com projetor digital e som, e transformar esses locais em salas de exibição. Desde 2010 o projeto esteve presente em mais de 78 sessões para aproximadamente 9.700 mil entre alunos e professores. A universidade recebe material de divulgação sendo Cartazes, convites e panfletos . Além da exibição do filme sempre convidamos o diretor ou alguém da produção do filme para participar de um debate após o término do mesmo.
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