CineB Universidades apresenta “Marte Um” a alunos da Unisa

Estudantes de pedagogia e história lotaram o auditório da universidade para assistirem a exibição do premiado filme brasileiro

texto e foto: Eduardo Viné Boldt

O projeto CineB Universidades esteve na Universidade de Santo Amaro (Unisa) na segunda-feira (10) a noite e exibiu o filme “Marte Um”, do diretor Gabriel Martins. A sessão recebeu mais de 250 estudantes dos cursos de história e pedagogia, o que rendeu um ótimo debate sobre cinema como instrumento pedagógico.

O professor de práticas pedagógicas, Diogo dos Santos, foi o responsável por articular a ida do projeto para a instituição. Ele já havia levado o CineB a outras escolas e conhece o projeto de longa data.

“Eu conheci o CineB há alguns anos atrás em um projeto compartilhado com uma outra escola da região do Capão Redondo. Naquela escola nós levamos o projeto pelo menos umas duas ou três vezes. Aqui na universidade o CineB já esteve há muitos anos atrás e agora ele volta com as turmas de pedagogia e história. Os alunos estavam com uma certa expectativa, principalmente depois da pandemia”, destaca.

A coordenadora do curso de pedagogia, professora Olga Maria Lorde falou da importância da utilização do cinema e das histórias levadas à tela como instrumento pedagógico a ser aplicado na sala de aula. “Eu acredito que utilizar o cinema faz com que os alunos aprendam a entender e interpretar os filmes. Eles desenvolvem a comunicação verbal e escrita, além de pensarem diferente.  Pegando um exemplo do filme: esse menino (protagonista do filme) nós temos nas escolas. Todos os professores tiveram um aluno com esses sonhos, e acho que a gente tem que alimentar esses sonhos, a esperança dos alunos”, explica.

Cinema e educação 

O filme “Marte Um” teve ótima recepção do público, formado por futuros profissionais da educação. Tocante, o filme também causo reações e identificação entre os presentes. Para a estudante de história Ana Clara Rodrigues, o acolhimento pela família do sonho de Deivinho tem semelhança com a sua história de vida.

“Eu nunca havia assistido ao filme, mas eu gosto muito de cinema brasileiro. Mostrar esse filme é importante para que a gente possa enxergar nossas famílias e nossa realidade. Eu trouxe mais para minha realidade. A minha família sempre aceitou eu ser professora de história, e estar nessa caminhada. Então foi muito legal ver esse acolhimento na tela, o mesmo acolhimento que a minha família está tendo comigo”, explica.

Com um público heterogêneo,  de diversas idades, debates sobre temas contemporâneos foram realizados, como o alcoolismo e a relação homoafetiva entre duas personagens. A estudante de pedagogia Ivone Silva assistiu ao filme pela primeira vez e destacou os temas abordados.

“São temas sociais atuais, mas que saem da caixinha. Porque o protagonista é um menino pobre, preto, que não quer jogar futebol, que é o que na verdade todo mundo esperava que ele fizesse, e que quer ser uma coisa totalmente absurda de se pensar: ele quer ser astrofísico. É tirar aquele menino daquele lugar comum e alçar ele para um ambiente em que ele não é sequer considerado visto”, salienta.

Ivone ainda questionou em uma pergunta durante o debate a impressão dos professores sobre a relação entre essas personagens, e ressaltou que todas as gerações presentes no auditório acabaram aprendendo com o filme. “O filme expressa tanto uma questão atual de como o jovem é hoje em dia como as questões tradicionais dos pais que não compreendem esse tipo de coisa. Então quando passou a cena do relacionamento homoafetivo, a primeira coisa que eu pensei foi na professora Olga! Por ela ser de uma geração um pouco mais tradicionalista, por ela ser um pouco mais velha. Para a gente esses padrões foram rompidos, mas como se sente as pessoas mais antigas, ao ter que se colocar nesse mundo onde todas essas coisas estão acontecendo? Então não é uma aula só para a gente, que é estudante. Acaba sendo uma aula para as gerações anteriores também”, conclui.

Apesar das mudanças de geração, o que une as pessoas presentes naquele auditório é o amor pela educação. A coordenadora Olga Maria Lorde expõe essa paixão em sua fala. “Eu tenho paixão pela educação. Eu acredito na educação. Trabalhei no ensino público, fui professora, coordenadora, vice diretora, diretora… É a terceira instituição de ensino superior que eu trabalho. Então eu acredito na educação. Eu tenho esperança na educação. Nos preparamos o indivíduo para transformar alguma coisa, nem que seja a sua própria vida. Se a gente não consegue transformar a sociedade civil toda, pelo menos a sua vida ele transforma. Então ele vai ser mais um na sociedade, um ser pensante, reflexivo, crítico. A partir do momento que a gente não acreditar na educação, a gente tem que estar fora. A educação para mim é esperança”, conclui.

SOBRE O CINEB SOLAR

CINEB SOLAR é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Dsde 2007, o projeto já atingiu um público de 86.724 mil espectadores em mais de 681 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Percorremos cerca de 161 bairros da cidade de São Paulo e 23 cidades fora de São Paulo

Ao longo destes 16 anos criamos o Selo CineB do cinema brasileiro , com 4 DVDs que contém no total 18 curtas mais bem avaliados pelo projeto. No Prêmio CineB Solar do Cinema Brasileiro premiamos com troféu 217 entidades e 156 diretores dos filmes exibidos. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil.

Já foram exibidos na tela do CINEB SOLAR 159 longas-metragens e 104 curtas-metragens, sendo também realizadas pré-estreias exclusivas.

Em 2020 em virtude da pandemia, nos reinventamos e lançamos novos projetos: CineB on-line, CineB Solar na Janela e CineBAutorama, ações para que todos pudessem ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.

CINEB NAS UNIVERSIDADES

Além das exibições públicas em bairros, ruas, praças e entidades comunitárias, o projeto também realiza sessões gratuitas dentro de universidades. A ideia é utilizar a estrutura que as escolas já possuem, como auditórios equipados com projetor digital e som, e transformar esses locais em salas de exibição. Desde 2010, foram 71 sessões em universidades de São Paulo , com a presença de 8.494 alunos e professores, sempre com debates seguidos da exibição em instituições de ensino parceiras do CINEB.

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