ARCO Ação Beneficente recebe CineB Solar pela primeira vez

foto e texto: Eduardo Viné Boldt

Projeto CineB Solar exibiu o filme "O homem do saco" para os moradores do bairro Jardim Angela, na Instituição ARCO, no dia 15 de junho de 2024
Projeto CineB Solar exibiu o filme “O homem do saco” para os moradores do bairro Jardim Angela, na Instituição ARCO

O projeto CineB Solar foi até o extremo sul da cidade de São Paulo na noite do sábado (15) para realizar a primeira sessão junto a ARCO Ação Beneficente. A sessão teve forte participação da comunidade dos arredores da Chácara Flórida, que lotou a quadra da entidade filantrópica. 130 pessoas assistiram ao filme “O homem do Saco”, dos diretores Rafael Halpern, Felipe Kfouri e Carol Wachockier.

Madalena Sodré coordenou os trabalhos junto com a equipe do CineB Solar

Madalena Sodré é diretora-geral da Arco. Ela contou que a instituição está presente no bairro há 33 anos, suprindo a necessidade dos moradores, uma vez que o estado está pouco presenta na comunidade. “(Aqui) era um local muito menos habitável do que agora. A comunidade começou a procurar outros serviços como creche, lugar para as crianças aprenderem a escrever, e assim ARCO nasceu, criando programas e projetos. Hoje a gente atende 650 crianças por dia. Crianças de 0 meses até 17 anos de idade”, relata.

Equipe da ARCO que participou da exibição do filme

Gabriel Cardoso dos Santos foi uma das crianças atendidas pela instituição. Hoje, aos 24 anos, ele trabalha como auxiliar administrativo da entidade. “Eu era aluno. Entrei aqui em 2014, tinha 14 anos de idade. Eu frequentava, estudava, bagunçava um pouquinho também. Então fui me desenvolvendo, fui me interessando pelos cursos, fui mostrando que eu queria trabalhar” explica. A instituição tem sem seu quadro de empregados 25% de ex-alunos e pessoas da comunidade que já passaram pelo projeto ao longo das mais de três décadas de atuação na comunidade.

Lenia Kleine-König é uma das voluntárias da Alemanha que atuam na instituição

A entidade também recebe apoio financeiro e voluntários da Europa. Lenia Kleine-König tem 18 anos e veio da Alemanha para atuar como voluntária na instituição. Ela faz de tudo um pouco na entidade. “Uma vez por semana eu dou aula de inglês. Eu fico também nas turmas com os professores, ajudando eles a organizar o dia, a fazer atividades com as crianças. E um dia eu fico lá na creche, trabalhando no escritório. Tem várias atividades”, explica a jovem. Lenia ficará até setembro no projeto, quando voltará para o seu país para cursar a universidade.

Referência

Por causa da falta de oportunidade na região, a instituição acabou virando um ponto de referência para os meninos e meninas que vivem na comunidade. “Aqui faltam opções de lazer, opções de cultura. Um parque para que as crianças possam chegar, brincar, se divertir, uma quadra de futebol. A quadra mais perto aqui é na escola, e fica a 30 minutos até você chegar lá. E tem esse espaço da ARCO, que ajuda bastante as crianças, como me ajudou também” ressalta Gabriel.

Com poucas opções de lazer na região, a presença do CineB Solar pôde proporcionar à comunidade uma experiência nova. A sessão de cinema foi montado no coração do bairro, garantindo o acesso dos moradores da região, que em grande parte nunca tiveram acesso à sétima arte.

A comunidade esteve presente na exibição do documentário

O filme não poderia ser mais apropriado: o documentário “O homem do saco”, lançado em 2015, narra a história dos catadores e catadoras de materiais recicláveis na cidade de São Paulo. O filme, produzido de forma independente e sem financiamento através de fomento estatal, debate a importância dessa atividade para a sociedade, através do relato da vida desses profissionais. O filme proporciona a reflexão sobre a condição de vida e de trabalho das pessoas que dedicam o seu dia a dia para essa atividade, que muitas vezes passa despercebida pela população das grandes cidades.

Emilia durante o debate no final da sessão

Emília Câmara Sant’Anna é educadora e foi dirigente sindical. Ela desenvolveu um projeto com os catadores de material reciclável em 2015 e conhece muito bem o perfil dos moradores da região. “A região aqui é, praticamente, 99,9% de catadores e catadoras. Aqui, quem está assistindo, a maioria vive da catação”, explica.
Ela relata que existe uma grande dificuldade no trabalho dos catadores, uma vez que existe pouco incentivo do estado para organizá-los em cooperativas. Com isso, parte do trabalho deles não é aproveitado nos centros de reciclagens e nos ferro-velhos, acarretando dificuldades para aqueles que trabalham individualmente.

Participação dos catadores que residem na região no debate sobre o filme

Ao final da sessão, vários catadores presentes foram até a frente contar suas experiências e relacioná-las com o filme. A vida dos moradores do bairro passou na tela do CineB Solar. João Batista foi um dos debatedores. Ele e sua esposa vivem da catação desde o ano 2000. João foi um dos entrevistados para o filme, e pôde ver pela primeira vez a sua participação no documentário. Ele falou da importância de se ter uma cooperativa para que os catadores da região possam trabalhar, e o quanto isso impactaria na vida dos trabalhadores da região. João aprovou o filme, e pode assistir a uma sessão de cinema bem pertinho de casa, junto com seus familiares.

João Batista participou do documentário e do debate sobre o filme

“O Homem do Saco” (2015) 58 minutos
Direção: Carol Wachockier, Felipe Kfouri & Rafael Halpern

Sinopse: O homem do saco é um personagem conhecido por levar crianças desobedientes na sacola. O que muitos não sabem é que ele é um personagem real, um homem que vive à margem da sociedade e caminha invisível perante os olhos de todos, catando materiais recicláveis para se sustentar. Hoje, esse homem desenvolveu seu próprio método de coleta e tornou-se catador, profissão alternativa ao desemprego que assola muitos brasileiros.

Mais sobre o CineB Solar


CineB Solar é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o projeto já atingiu um público de 90 mil espectadores em mais de 700 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Percorremos cerca de 200 bairros da cidade de São Paulo e 23 cidades fora de São Paulo.

Ao longo destes 17 anos criamos o Selo CineB do cinema brasileiro , com 4 DVDs que contém no total 18 curtas mais bem avaliados pelo projeto. No Prêmio CineB Solar do Cinema Brasileiro foram premiados com o troféu 217 entidades e 156 diretores dos filmes exibidos. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil.


Já foram exibidos na tela do Cineb Solar 163 longas-metragens e 116 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas. Nesse momento de isolamento, para evitar aglomerações, nos reinventamos e preparamos novos projetos: CineB on-lineCineB Solar na Janela e CineBAutorama, ações para que todos
possam ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.


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One comment

  1. Este dia da apresentação do filme: “O homem do Saco” trouxe momentos inesqueciveis para a comunidade, pois se viram no filme. São pessoas que vivem na cidade com elevados índices de vulnerabilidade social e baixissima qualidade ambiental. O poder público não faz a sua parte, por isso temos poucas cooperativas em Sampa, acarretando esse trabalho aos catadores e catadoras avulsos, que só tem os ferro-velho para vender, onde pagam valores baixíssimos. O pessoal trabalha sem EPI em situações sub-humanas, empurrando carroças ou carregando sacos nas costas. Deveriam receber o PSAU que é o Pagamento pelos Serviços Ambientais Urbanos. Até qdo serão invisíveis ??

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