Foram duas exibições no Colégio Ilha de Vera Cruz e cinco vezes no salão da Igreja Nossa Senhora de Lourdes. Luiz Villaça, diretor do filme O contador de Histórias, exibido nessa sessão, esteve presente para um bate-papo com o público.
“Para mim é muito gratificante ver este filme ser exibido no Cine B, em um local público como este, depois de dois anos que foi lançado e perceber que ele ainda toca as pessoas”, diz Luiz Villaça. “É um filme que fala sobre o amor de mãe, amor que nenhuma instituição pode dar. Este filme mostra que somente políticas públicas que dêem aos cidadãos educação e uma vida sem miséria, podem ajudar todas as nossas crianças a terem um futuro digno”.
Foi neste mesmo que local, que no dia 6 de julho de 2007 o projeto fez sua primeira exibição oficial como cinema itinerante, exibindo na época o longa O tapete vermelho e o curta-metragem BMW Vermelha. Na exibição deste dia 16 de julho de 2011, em que o projeto completou quatro anos, com público acumulado de mais de 22 mil espectadores, estiveram presentes nesta exibição mais de 300 espectadores. “Antes do Cine B existir, eu já era voluntário da Brazuch Produções e levei o filme Paulinho da Viola para este local, através do projeto Cinema BR em Movimento”, diz o coordenador do Cine B, Cidálio Vieira Santos. “Hoje é uma satisfação ver essa quantidade de filmes brasileiros que já divulgamos aqui na região”.
A moradora do projeto Cingapura Madeirite, Luciana Caetano da Silva foi em todas as exibições na região. “Não perdi uma, porque é bom que a gente se diverte muito aqui, assistindo aos filmes brasileiros”, diz. “O que eu mais gostei foi O casamento de Romeu e Julieta”, diz Luciana.
Esta exibição reuniu pessoas de diferentes grupos e comunidades, entre eles, freqüentadores da Igreja, moradores da Lapa (que conheceram o projeto no Arraiá da Lapa, realizado no Pelezão), do Cingapura, do grupo de escoteiros Quarupe, do Albergue Zancone, da Creche Nossa Turma, Adaucto Durigan, ex-subprefeito da Lapa na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy e assessor do deputado Luiz Cláudio Marcolino, equipe de filmagem da TV Assembléia Allesp e reportagem do Jornal da Gente.
Na abertura da exibição, o deputado estadual pelo PT, Luiz Cláudio Marcolino, morador de Vila Leopoldina, ressaltou a importância de projetos como o Cine B, o qual idealizou enquanto presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e hoje ainda luta para que se multipliquem em todo Estado. “Apenas 0,2% de nosso orçamento está voltado para a cultura”, diz o deputado. “Queremos mudar isso para que várias atividades culturais possam percorrer o Estado d São Paulo, divulgando o cinema que reflete quem somos enquanto povo”.
“O Brasil hoje possui uma produção de filmes de ótima qualidade, mas que são pouco visto pelos brasileiros”, diz a diretora executiva da Brazucah Produções, Cynthia Alario. “O Cine B é um projeto que segue a linha da Brazucah em busca de modificar esse cenário e fortalecer a propaganda boca a boca”.
Presente na exibição, a argentina Griselda Moreno, coordenadora do cinema itinerante Cine a la Intemperie ressaltou também que não só o cinema é fortalecido em ações como esta. “Cinemas itinerantes fortalecem os bairros, unem as pessoas”, diz Griselda.
“Nem todos podem ir num cinema, pagar ingresso para assistir um filme, então é um prazer para nós da Igreja, recebermos um projeto como este”, diz Frei Rodolfo, representando Frei Fábio enquanto este terminava a missa para também ir ao Cine B comer uma pipoquinha e assistir um bom filme brasileiro.
No final da abertura, Eduardo Fiori, editor do Jornal da Gente ressaltou o apoio do Jornal ao Cine B. “É um filme que traz uma bonita mensagm, tem muita qualidade e por isso sempre apoiamos uma iniciativa como esta”, diz Eduardo.
AGRADECIMENTOS
Ao Jornal da Gente e Nosso Bairro por divulgarem esta exibição e à secretária da Igreja, Dona Bernadete, grande aliada na divulgação deste Cine B.
BATE-PAPO COM O DIRETOR
No final do evento, o público fez algumas perguntas para o cineasta Luiz Villaça.
Adaucto Durigan, ex-subprefeito da Lapa na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, contou emocionado sua experiência em 1984 e 85, na ala de recepção da FEBEM. “Os filhos são a família, é amor de mãe e como foi mostrado no final do filme, a instituição tem consciência de que quando a mãe entrega a criança, a batalha já foi perdida”, diz Adaucto. “Por isso a melhor política pública é aquela que dá qualidade de vida para que a própria família possa criar seus filhos”.
Luiz Villaça fez questão de dizer que muitas vezes temos uma noção errada da FEBEM. “A cena final das personagens Pérola e Margherit, resume muito bem o que eu e os roteiristas estudamos durante oito anos sobre essa instituição”, diz Villaça. “As pessoas que trabalhavam na FEBEM eram bem intencionadas, faziam o possível por aquelas crianças, mas a única solução é através do afeto, a relação de amor, de mãe para filho, de pai para filho. Então assim como Adaucto, me emociono, pois sei como é difícil esta nossa realidade. Torcemos para que todos um dia tenham, como diz na Constituição, direito a casa, comida, educação, cultura.”
“Quanto ao patrocínio, como foi para conseguir neste filme? Foi através de Lei Rouanet, ou você teve que bater de porta em porta? Porque percebo que a Lei Rouanet só patrocina espetáculos de porte, não vejo patrocinar pessoas que não tenham uma estrutura tão forte por trás”, perguntou Donizete Zolli, morador do bairro Remédios, em Osasco. “Também gostaria de umas dicas para mexer com roteiro”.
“Para fazer este filme ficamos seis anos batendo em portas”, diz Villaça. “Essa democratização em teoria existe, pois algumas empresas estatais fazem concursos públicos para que aconteça em todos lugares essas iniciativas culturais. Mas também em cultura sofremos os problemas da economia, ou seja, o que é bancado é o que pode gerar mais dinheiro. Por isso muitas coisas legais não tem chance de serem produzidas. Quanto à roteiro, há várias boas oficinas, mas a dica é tentar escrever o que você gosta e desenvolver bem suas ideias”.
Assista abaixo alguns trechos que filmamos desta conversa do diretor com o público do Cine B!
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