Sessão exibida em 28 de outubro de 2024
Texto e fotos: Thaís Nozue
Na noite da última segunda-feira (28), o CineB Universidade foi ao Centro Universitário das Américas (FAM) e levou aos estudantes e professores o documentário Acordo com Lampião? Só na Boca do Fuzil!.
O documentário se inspira no livro Os homens que mataram o facínora – a história dos grandes inimigos de Lampião (Realejo, 2021), do jornalista, historiador e roteirista do filme Moacir Assunção e foi dirigido pelo cineasta Marcelo Felipe Sampaio. Assunção e Sampaio estiveram presentes na exibição do filme na FAM e participaram do debate com os alunos, ao final da sessão.
O diretor Marcelo Sampaio conta que se descobriu nordestino durante a gravação do documentário, além de outras coincidências. “Eu sou cineasta, faz 20 anos que eu estou na área de cinema, mas eu estou na área da arte desde 1991, com 17 anos de idade. E o interessante de fazer esse filme, Acordo com Lampião? Só na Boca do Fuzil!, é que eu me descobri nordestino fazendo esse filme. Eu sou um típico cidadão paulista, nasci aqui na Brigadeiro Luiz Antônio, mas toda a minha família era do Nordeste, eu nunca tinha ido pra lá. O filme, para mim, foi uma descoberta.”, falou. “O que foi mais prazeroso de fazer esse filme foi que eu fui descobrindo, foi me divertindo durante o processo. E essa foi uma coincidência que eu falei. Misticamente, eu era para fazer esse filme. Porque eu descobri que meu avô nasceu no mesmo dia que o Lampião, que esse primo do meu avô era médico oftalmologista, um deputado muito famoso e mandou construir a estátua do padre Cícero. E era médico oftalmologista. O Lampião tinha um problema do olho e ele era médico do olho do Lampião e do Padre Cícero. E descobri muitos membros da minha família lá.”.
O documentário narra a história pouco conhecida dos inimigos de Lampião, que é tão interessante quanto a do cangaceiro. “Então, o que foi mais interessante é a gente ir nos lugares onde teve a batalha do Lampião e conhecer e ir atrás do assunto que é pouco falado, que são os grandes inimigos do Lampião, quem que o Lampião temia, quem que ele tinha medo. E é uma história muito interessante, porque eram amigos de infância, os nazarenos lá da cidade de Nazaré do Pico eram os amigos de infância do Lampião. E o mais interessante é que começou, porque havia umas brigas bobas de que um roubou o chocalho do outro. Isso aí culminou na morte do pai do Lampião.”, conta.
Jornalista, historiador e agora roteirista, Moaciar Assunção é autor do bem sucedido livro Os homens que mataram o facínora – a história dos grandes inimigos de Lampião (Realejo, 2021) que está em sua terceira edição. Após uma série de viagens ao nordeste junto com um fotógrafo e outro amigo jornalista em comum, escreveram diversas matérias para o Diário Popular. Ao se deparar com uma imensa quantidade de material, Assunção decidiu escreveu um livro. Contudo, o jornalista não queria fazer uma biografia de Lampião e resolveu, então, contar a história dos inimigos de Virgulino, se tornado uma referência sobre o tema. “Eu virei um pouco uma espécie de referência quando se trata dos inimigos do Lampião, das volantes. Porque eu sempre pensei assim, se o cara é grande, imagina os inimigos dele! E aí eu conheci o Marcelo, porque ele veio me entrevistar para um outro livro que eu tenho da Guerra do Paraguai e ficamos amigos, isso já faz dez anos. E aí um dia eu sugeri para ele, ele topou fazer esse filme independente. O filme está fazendo muito sucesso, ganhou prêmio, prêmio internacional. Fez muito sucesso, né? E aí a gente tá muito feliz, porque também todos os lugares que ele foi, ele encheu os lugares, né? Sempre casa lotada, inclusive no CineSesc, no Belas Artes.”, conta.
Assunção fala sobre a importância do projeto CineB Universidade para a disseminação do cinema brasileiro e da aproximação do público com quem faz cinema. “Então, a importância desse projeto, eu acho que é fundamental, acho que é um projeto que tem que existir mesmo e tem que ser muito valorizado, porque formar público, conseguir fazer com que as pessoas conheçam o cinema, se interessem para o cinema brasileiro, É uma coisa fantástica, que não tem preço. Acho que isso é fantástico, é sensacional. Eu acho que o imaginário das pessoas de se aproximar do diretor, da pessoa que idealizou um filme, e eles estarem no projeto é também algo que faz bastante diferença, porque o universo do cinema parece uma coisa muito distante. Parece muito distante, parece quase deuses. Nunca vou encontrar com aquela pessoa e, no entanto, você está ali convivendo com ela.”.
Debate
Ao final do filme, estudantes dos cursos de comunicação da FAM participaram de um debate com o diretor e o roteirista do documentário.
Kaique Nogueira, estudante do sexto período de Relações Públicas aqui na FAM e bancário do Banco Itaú, gostou bastante do filme, da iniciativa do CineB, junto com o Sindicato dos Bancários. “Acredito que seja importante a democratização da história, trazer sempre os diversos pontos de vista e relatos diferentes de uma mesma história para que nós possamos evitar alguns erros e aprender com alguns acertos de coisas que já ocorreram no passado. Entendo que nós, estudantes da área da comunicação, somos um dos públicos alvos de conhecer a história, porque nós somos as pessoas que estaremos conduzindo a comunicação da nossa geração e das próximas. E o acesso à informação para todos aqueles que têm dificuldades sociais com a iniciativa de levar o filme a diversos lugares são iniciativas importantes que precisam sempre estar sendo valorizadas. Então, agradeço ao CineB e toda a produção do filme por estar oferecendo esse conteúdo.”.
Estudante do terceiro semestre de jornalista, Mayke dos Santos Cardoso, comentou sobre o filme e a inicitiva do projeto.”Minhas considerações sobre o filme, sobre a diretoria, é que, parabéns, o filme é muito bom, achei o conceito de filme/ documentário/ drama. Eu gostei muito de como brincaram com esse lance de O Lampião é bom, o Lampião é ruim. Vamos mostrar o lado das pessoas que eram contra ele. O Lampião era bom, o Lampião era ruim. Através de histórias, de entrevistados, enfim. E eu achei isso muito interessante. Essas são minhas considerações. Parabéns, pessoal, que esse trabalho se alavanque cada vez mais e que possa cobrir não só as periferias de São Paulo, mas as periferias de todo o país.”
Ao final da sessão, houve sorteio do livro que inspirou o filme e camiseta do projeto CineB Universidade.
Mais sobre o CineB
CineB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o projeto já atingiu um público de 91mil espectadores em mais de 732 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Percorremos cerca de 220 bairros da cidade de São Paulo e 23 cidades fora de São Paulo.
Ao longo destes 17 anos criamos o Selo CineB do cinema brasileiro , com 4 DVDs que contém no total 18 curtas mais bem avaliados pelo projeto. No Prêmio CineB Solar do Cinema Brasileiro premiamos com troféu 217 entidades e 156 diretores dos filmes exibidos. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil.
Já foram exibidos na tela do CINEB 169 longas-metragens e 125 curtas-metragens; além da realização de pré-estreias exclusivas. Nesse momento de isolamento, para evitar aglomerações, nos reinventamos e preparamos novos projetos: CineB on-line, CineB Solar na Janela e CineBAutorama, ações para que todos
possam ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.
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