Sessão exibida em 30 de setembro de 2024
Fotos e texto: Thaís Nozue
Aconteceu na noite da última segunda-feira (30), em Heliópolis, mais uma sessão do CineB, encerrando o mês de setembro. A quadra do Projeto Garoto Cidadão foi transformada em uma sala de cinema e cerca de 80 pessoas prestigiaram o filme “Ó Paí, ó 2”.
A fila para a pipoca foi se formando poucos minutos antes do filme começar. A comunidade estava aguardando pra conhecer a pipoca do Seu Antonio e se acomodar nas cadeiras.
Os amigos Emerson Pereira de Souza Silva e Mauro de Souza Bispo foram os primeiros a chegar. “Muito bom, chique, legal. Bonito, da hora. É a primeira vez que a gente participa. A genta vai quase nada no cinema.”
A abertura da sessão ficou por conta da apresentação do Grupo Luna, já conhecida do CineB, tendo se apresentado em outra sessão. Confira aqui.
Ana Lúcia de Camargo, a Analu, é coordenadora do projeto Garoto Cidadão e integrante do Grupo Luna, conhece o CineB há 18 anos. “É a segunda vez que a gente faz uma atividade com o CineB. Eu conheço o Cine B há mais de 18 anos. Antes dele existir, eu já conhecia. E é um projeto que eu amo demais, que eu admiro e que eu acho que faz a diferença nas periferias, faz a diferença na cultura, faz a diferença no cinema. E as pessoas estão muito felizes de ter o Cine B aqui hoje.”
Rafael Araújo Teixeira, coordenador pedagógico do Projeto Garoto Cidadão, da Fundação CSN em São Paulo, do Polo Heliópolis contou um pouco mais sobre o projeto. “O Projeto Garoto Cidadão está desde 2019 aqui no território de Heliópolis e a gente está há mais ou menos um ano e meio com o projeto Garoto Cidadão 14+, que é para o atendimento de jovens de 14 a 18 anos, porque a gente acha que tem uma ausência muito grande de políticas públicas para os adolescentes nessa cidade, em todo o município de São Paulo e aqui em Heliópolis também. Então, o projeto tem o eixo da cultura, pela captação da Lei Rounet, com a CSN, Companhia Siderúrgica Nacional e a gente trabalha várias linguagens artísticas com o intuito de profissionalização para as crianças e adolescentes. teatro, música, dança, cultura e cidadania, audiovisual. E o audiovisual, ele tá muito presente no nosso projeto, porque hoje a gente vive numa sociedade que as redes, o social media também é muito valorizado e a gente quer colocar as crianças também e os adolescentes com esse direito de fazer audiovisual. Nós temos alguns adolescentes que já estão fazendo cinema, crianças e adolescentes, pegando na câmera, fazendo doc, fazendo pesquisa para contar a história do seu bairro, para contar a história da sua cultura.”
O coordenador pedagógico falou também da importância de uma sessão de cinema dentro da comunidade. “Eu acho que uma sessão de cinema aqui na quebrada de Heliópolis, que já é uma região muito invisibilizada pelas políticas públicas, é extremamente importante, porque quando o jovem acessa a cultura, ele acessa perspectivas, ele acessa a cidade e ele acessa até outras perspectivas da própria história e para a história da sua família também. Então, a cultura tem esse poder, ela tem esse poder dinamizador, de explorar as potências que cada um tem e trazer cinema para cá.”, relatou.
Para que as pessoas da comunidade de Heliópolis possam acessar ao cinema, é preciso que elas de desloquem até os shoppings, como Mooca e o Plaza Sul. Contudo, Rafael conta que há a barreira do preconceito. “As nossas crianças, muitas vezes nesses lugares, elas são vistas com maus olhos, assim. Elas não são permitidas de entrarem ali por conta da questão da classe social mesmo, do preconceito social, do classicismo. Então trazer o cinema aqui para as quebradas é mostrar que valorizar a presença dessas crianças também dentro da arte.”, finalizou o coordenador.
Reginaldo José, diretor da União de Núcleos e Associações de Heliopolis e Região (UNAS), esteve presente na sessão e se emocionou com a presença do projeto. “Hoje vivem cerca de 200 mil habitantes aqui, o que faz de Heliópolis a maior favela de São Paulo e a UNAS atende boa parte dessa população com os seus projetos para crianças a partir de zero ano. Queremos que o CineB percorra por toda a Heliópolis para que todos tenham a oportunidade de ir ao cinema.”
A sessão permaneceu cheia até o final e para a dona Iracema Andrade, que conheceu o CineB naquela noite, foi tudo de bom. “Maravilha. Primeira vez aqui. Eu conheço aqui o prédio há 15 anos e é a primeira vez que eu entro, uma coincidência! Vim hoje. Gostei muito!”
A jovem Agatha Victoria frequenta o Garoto Cidadão e também participou da sessão no início ao fim. “É a primeira vez que eu vim, né? E eu gostei muito. E eu acho que devia ter mais pelo bairro, para as pessoas conhecerem mais. Eu não costumo ir ao cinema, porque quando eu quero, é muito caro. Aqui eu gostei!”
Sorteio
Para encerrar a noite, foram sorteadas camisetas do projeto CineB e os ganhadores posaram para a foto com seu presente.
Agredecimento especial para Cleide Alves, presidenta da UNAS.
Mais sobre o CineB
CineB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o projeto já atingiu um público de 91mil espectadores em mais de 732 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Percorremos cerca de 220 bairros da cidade de São Paulo e 23 cidades fora de São Paulo.
Ao longo destes 17 anos criamos o Selo CineB do cinema brasileiro , com 4 DVDs que contém no total 18 curtas mais bem avaliados pelo projeto. No Prêmio CineB Solar do Cinema Brasileiro premiamos com troféu 217 entidades e 156 diretores dos filmes exibidos. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil.
Já foram exibidos na tela do CINEB 169 longas-metragens e 125 curtas-metragens; além da realização de pré-estreias exclusivas. Nesse momento de isolamento, para evitar aglomerações, nos reinventamos e preparamos novos projetos: CineB on-line, CineB Solar na Janela e CineBAutorama, ações para que todos
possam ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.
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