CineB exibe Black Rio! Black Power! para jovens aprendizes do ESPRO na semana da Consciência Negra

Texto e fotos: Eduardo Viné Boldt

Exibição realizada no dia 18 de novembro de 2024

Atualizado em 30 de novembro de 2024

O CineB, circuito itinerante de cinema promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções, realizou duas sessões no ESPRO – Ensino Social e Profissionalizante, na segunda-feira (18). Ana Lúcia, assistente social da instituição, foi a responsável pelo contato com o projeto, que viabilizou as sessões.

O documentário foi exibido nos períodos da manhã e tarde, em unidade da instituição localizada no Polo Paulista, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, próxima a Avenida Paulista. Pela manhã, a sessão contou com a presença de 167 pessoas. No período da tarde, 138, totalizando 305 espectadores. O público foi composto por jovens aprendizes, assistentes sociais e instrutores da instituição, que puderam assistir ao documentário Black Rio! Black Power!, do diretor Emílio Rodrigues.

Consciência Negra

O documentário Black Rio! Black Power! relata a influência do movimento Black Rio na sociedade e nas lutas por justiça racial entre os anos de 1970 e 1980. O filme discute também a influência do movimento na música e na política no período final da ditadura brasileira.

Pouco antes do início da sessão, o coordenador do CineB, Cidálio Vieira, convidou duas pessoas para dançarem, aos moldes dos bailes Blacks apresentados no filme. Os jovens aprendizes Lucas Andrade e Amanda Camandaroba se prontificaram e puderam compartilhar um pouco das suas habilidades na dança.

Amanda destacou a importância do resgate realizado pelo documentário para o fortalecimento da representatividade. “Acho que foi importante para a nossa história, para o que a gente é hoje. Para poder ter a autoestima que a gente tem hoje, principalmente cabelo, cor, tudo. Foi importante esse movimento”, disse a jovem.

Lucas falou um pouco da sua busca por representatividade através da arte. “Eu gosto muito de dançar, mas eu nunca fui muito envolvido. Eu estava procurando alguns movimentos negros que me incentivem a dançar. Movimentos como o desse filme. Quando terminou o movimento Soul, eles deixaram que esse legado fosse continuado. Você vê hoje em alguns bailes aqui em São Paulo, no Rio de Janeiro e Salvador essa representatividade crescendo. É muito importante, parece que realmente está algo reacendendo”, destaca Lucas.

A instrutora Jaqueline Fernandes também se identificou com a história. O documentário reacendeu parte de sua memória afetiva. “É uma visita ao passado. É uma visita às histórias da minha mãe, dos meus tios e do meu pai. De onde surgiram os passinhos, de onde surgiram as influências musicais que a gente escuta hoje em dia. Eu acho o máximo esse mix cultural”, apontou.

A instrutora Jaque arriscou alguns passos ao longo da sessão

Jaque também pôde fazer uma reflexão sobre o momento político e social vivido pelas personagens do documentário. “Na época éramos crianças, mas agora a gente já entende o que estava acontecendo na política e na sociedade. Então, para além da dança, para além da cultura, para além do movimento, tem uma questão política envolvida que é interessante. Tem uma questão de descoberta: descoberta familiar, da ancestralidade, da herança genética, da herança dos gostos, até de afinidades que a gente possui no dia a dia”, destaca.

Debate

Os jovens aprendizes participaram ativamente do debate realizado após a exibição do filme, e puderam expor seus pontos e observações sobre o documentário. A assistente social Rosemeire Soares pediu a palavra e expôs seu ponto de vista, fazendo uma relação do filme com os ritmos e manifestações culturais existentes hoje em dia, como o Funk, um estilo musical periférico e marginalizado. “Eu acredito que os movimentos nas periferias são fortalecidos através de jovens, por esses locais, quando eles se juntam para escutar uma música. Todo tipo de funk é marginalizado. Então, quando os jovens se unem para ligar um som, escutar uma música, ficam ali todos juntos, acabam fazendo um debate, conversando, e se tornando um movimento político. Acredito que eles precisam ser mais organizados em alguns momentos, mas acredito que é um movimento político e a gente não pode deixar que isso acabe”, ressalta Rosemeire. Ela aponta ainda que os encontros também impactam de maneira positiva o território. “Acredito que fortalece. Fortalece a comunidade e fortalece os jovens. Fortalece os comércios também”, aponta.

Rosemeire fez uma importante reflexão sobre os movimentos periféricos atuais

Maria Eduarda Ferrari é jovem aprendiz em uma indústria de moda e fabricação de roupas. Ela adora cinema brasileiro. O documentário a fez refletir sobre a sua cor e a de sua família. “A maior parte da minha família, principalmente por parte de mãe, é nordestina e preta. É que a minha mãe casou com branco, né? Aí eu vim sem lugar de fala”, brinca Maria Eduardo. “Mas eu amei o dia e amei o filme, porque é importante trazer esse momento de reflexão, não só em novembro, não só no Dia da Consciência Negra”, aponta a jovem.

Maria Eduarda durante debate sobre o filme

Rosemeire destacou que as assistentes sociais iniciaram as atividades sobre a consciência negra já no início do mês, e expôs a importância de temas como esse virem através de obras cinematográficas. “A gente teve roda de conversa, teve palestrante, mas nada como um documentário trazendo essas pautas para que eles entendam de uma outra maneira. Porque às vezes vem um palestrante e fala, fala, mas a cabeça às vezes voa. E quando vem através de um documentário, de uma galera que passou, que lutou para que o movimento negro acontecesse no nosso país, eu acho que é muito bacana e fundamental”, conclui. 

Jovens, assistentes sociais, instrutores e equipe do CineB juntos depois da exibição no período da tarde

Ensino Profissionalizante

O ESPRO é uma instituição de ensino social profissionalizante que trabalha com a legislação de aprendizagem. Ele atende jovens, entre 14 a 24 anos, conforme a Lei 10.097/00. “Nesta unidade nós temos aproximadamente 400 jovens por dia. Eles frequentam a escola como parte da formação profissional, tendo aula sobre a parte teórica da atividade, conforme a legislação exige”, afirma Rosângela Biano, assistente social da instituição. “O treinamento é realizado uma vez por semana na unidade, e eles desenvolvem a atividade prática na empresa os outros 4 dias da semana. Realizamos também o acompanhamento daqueles jovens que estão no ensino regular”, explica Ana Lúcia.

Rosângela Biano é assistente social no ESPRO

A instituição de ensino atua através de socioaprendizagem, e oferece cursos como Formação para o Mundo do Trabalho e Aprendizagem Profissional ou no Programa de Estágio, em parceria com empresas. Segundo dados da instituição, hoje o ESPRO é composto por 63 unidades espalhadas pelo Brasil, alcançando 1.067 municípios. O projeto atende anualmente mais de 40 mil jovens.

Black Rio! Black Power!

Dir. Emílio Domingos. Brasil (2023). 75min. Livre

Black Rio! Black Power! é uma longa-metragem documental brasileiro dirigido por Emílio Domingos, que faz uma viagem no tempo e mergulha nos bailes de soul music dos subúrbios do Rio de Janeiro da década de 1970, que deram origem ao movimento Black Rio e serviram como espaço de afirmação de identidade e resistência política de jovens negros. O documentário aborda sobre a importância do cenário musical na luta por justiça racial durante os anos da ditadura militar brasileira através da trajetória de Dom Filó, ativista do movimento negro e produtor cultural, e da equipe de som chamada Soul Grand Prix. As cenas são embaladas ao som dos grandes hits de James Brown e da Furacão 2000, além de mostrar a influência do movimento no funk, hip-hop e o impacto significante para as novas gerações da população negra.

Mais sobre o CineB

CineB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o projeto já atingiu um público de 91 mil espectadores em mais de 732 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Percorremos cerca de 220 bairros da cidade de São Paulo  e 23 cidades fora de São Paulo.

Ao longo destes 17 anos criamos o Selo CineB do cinema brasileiro , com 4 DVDs que contém no total 18 curtas  mais bem avaliados pelo projeto. No Prêmio CineB Solar do Cinema Brasileiro foram premiados 217 entidades e 156 diretores dos filmes exibidos. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil.

Já foram exibidos na tela do CINEB  169  longas-metragens e 125 curtas-metragens; além da realização de pré-estreias exclusivas. Nesse momento de isolamento, para evitar aglomerações, nos reinventamos e preparamos novos projetos: CineB on-line, CineB Solar na Janela e CineB Autorama, ações para que todos possam ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.

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Fotos da sessão:

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