Texto e fotos por Carlos Rizzo
O filme Irmã Dulce, que conta a história da religiosa brasileira, fez sua estreia no Cine B no último sábado, 8/8, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Parque Grajaú
Era véspera do dia dos Pais e a comunidade da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, comandada pelo padre Francisco Aparecido da Silveira, conhecido como padre Chicão, estava organizando o almoço de confraternização dessa data especial quando parou os preparativos para acompanhar a estreia, no Cine B, do filme Irmã Dulce. A sessão aconteceu no salão paroquial da Igreja, no último sábado, 8 de agosto.
Com direção de Vicente Amorim, o filme é uma cinebiografia de Irmã Dulce, que, em vida, foi chamada de “Anjo bom da Bahia”, indicada ao Nobel da Paz e beatificada pela Igreja. O filme apresenta sua trajetória de vida da década de 1940 aos anos 1980. O filme mostra como a religiosa católica enfrentou uma doença respiratória incurável, o machismo, a indiferença de políticos e até mesmo os dogmas da Igreja para dedicar sua vida a cuidar dos miseráveis, deixando um legado que perdura até hoje. Antes do filme foi projetado o curta-metragem Pajerama, sobre a caçada de um índio em meio a acontecimentos estranhos na floresta. A animação tem roteiro e direção de Leonardo Cadaval.
Foi a primeira vez que Cine B esteve na paróquia. O contato com o projeto foi feito por Uranide Sacramento Cruz, a Nani, que atua no Centro de Promoção, Resgate à Cidadania Grajaú Paulo VI (Ceprocig), uma ONG que realiza um forte trabalho na área de educação, moradia e prevenção à saúde. Nani conta que procurou o Cine B para que a comunidade que frequenta a entidade também tenha atividades culturais, pois a região é bastante carente desse tipo de inciativa. “Temos mais de 600 famílias cadastradas no Programa Minha Casa, Minha Vida e atendemos 35 crianças no contra-turno escolar. Queríamos mostrar outras ações para eles”, explica. Nani conta que o maior trabalho do Ceprocig atualmente é na prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DST) e à AIDS: “a cada dois meses fazemos uma grande intervenção no terminal Grajaú, distribuindo informativos e preservativos. Também realizamos oficinas nas UBSs da região e temos parceria com o programa Saúde da Família”. Ela conta, ainda, que esse trabalho tem reduzido a incidência de gravidez precoce na região, segundo dados da Secretaria de Saúde do município.
A paróquia da igreja foi escolhida para a exibição da sessão porque o Ceprocig nasceu lá há 15 anos e mantém uma relação muito próxima com a comunidade. Nani aproveitou o momento para apresentar as principais conquistas da entidade para o público presente, que lotou o salão paroquial.
Após a exibição do filme, que foi longamente aplaudido pelos presentes, o coordenador do Cine B, Cidálio Veira Santos comandou mais um dia de sorteios de camisetas e brindes. Para Francisca Nogueira Ribeiro, 50 anos, que nunca esteve em uma sessão de cinema antes, foi uma grata surpresa assistir ao filme da Irmã Dulce. “Eu frequento a igreja e não pude deixar de vir, cheguei bem cedo”, explicou. Já Nilza de Oliveira, 56 anos, outra que por toda a vida não entrou numa sala de cinema aprovou o filme “Irmã Dulce tem uma história de vida muito bonita, um exemplo para todos”, comentou.
Estiveram presentes na sessão, estudantes de fotografia das Escolas Técnicas (ETEC) do Centro Paula Souza, que além de registrarem a atividade para a Paróquia e para o Ceprocig, estão se organizando para levar uma sessão do Cine B Universidades para suas respectivas escolas. Marcaram presença na sessão, Mário Luis Balbino, representando a Associação de Moradores Morar e Preservar Vila do Conde, também no Grajaú, que recentemente recebeu uma sessão do projeto (veja matéria aqui) e o grupo de jovens da Paróquia, que contribui na organização da atividade. Ainda estão previstos mais três sessões do filme Irmã Dulce nos próximos dias: na Vila Leopoldina, Vila Anastácio e Jaguaré.
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O CINEB é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o já atingiu um público superior a 50 mil espectadores em mais de 360 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil. Já foram exibidos na tela do CINEB mais de 75 longas-metragens e 50 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas. Conta com o apoio de mídia da edição brasileira do Le Monde Diplomatique.