Cine B em clima de verão chega pela primeira vez na Cohab Raposo Tavares, zona oeste de São Paulo. Nesta exibição ao ar livre, foram exibidos o longa-metragem A guerra dos vizinhos, de Rubens Xavier, e o curta-metragem O Divino, de repente, de Fábio Yamaji.

Dona Maria Eliane, antes de começar a sessão, ficou parada na frente do portão de sua casa só observando o movimento. Alguns minutos depois sentou-se numa das cadeiras com seu saquinho de pipoca. “Adoro cinema, e esses filmes eu nunca vi”, disse ela. “Quando era mais moça, trabalhava na região da Paulista, então todo dia eu fazia algum programa cultural, ia no cinema ou no teatro”, disse.

“Aqui é um bairro bom para morar, mas nunca tivemos um evento como o Cine B. Ainda temos poucas atividades organizadas com a comunidade”, disse Artur Martins da Silva Filho, presidente da Associação Mandela, que há oito anos se articula em prol da região.
“Atualmente acompanhamos o andamento das consultas domésticas feitas pelo Posto de Saúde e tentamos construir nossa nova sede, apenas aguardamos a documentação”, disse Artur.

A Cohab de Raposo Tavares começou no governo da ex-prefeita Luiz Erundina com apenas apenas 400 moradores, em 1990. Segundo Artur hoje a Cohab abriga em torno de 5 mil pessoas. “Somos uma grande família”, disse a moradora Vandelis do Carmo.
“Há muitos primos aqui, porque um foi chamando o outro. Então todo mundo se conhece”, disse Artur. E aproveitando o título do filme, tem muita guerra entre vizinhos? Artur, assim como outros que fiz a pergunta, ri.
“Nunca, todo mundo aqui se dá muito bem. Quando tem festa todo mundo é convidado. Essa é a melhor rua para se morar”, responde Vandelis.
A única coisa que os moradores reclamam é a falta de cursos, oficinas e atividades ligadas a cultura e profissionalização. “As escolas ficam abertas de final de semana, mas não tem nenhuma programação. Precisamos de idéias para tirar os jovens das ruas, dar outros exemplos pra molecada”, disse Felipe Tadeu da Motta.

Se depender do Cine B, nossa parte será feita. “Vamos programar o próximo cinema ou na escola, ou na igreja. O pastor não está aqui mas as filhas sim, e poderão contar sobre o Cine B”, disse Artur na abertura da exibição.
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