Jardim Apuanã recebe CineB Solar após 15 anos da última sessão

Em clima de muita animação 80 pessoas prestigiam novamente o projeto

Sessão exibida em 26 de julho de 2024

Fotos e texto: Thaís Nozue

Quinze anos se passaram desde que o CineB Solar esteve pela última vez na Associação dos Trabalhadores Sem Terra do Jardim Apuanã, zona norte de São Paulo. Na última sexta-feira (26/07), cerca de 80 pessoas estiverem presentes no galpão da Associação para assistir ao filme “Meu Sangue Ferve Por Você”.

Abertura da sessão com Elaine Silva, agente comunitária e secretária voluntária na Associação, José Gomes Sobrinho, coordenador da Associação do Jd Apuanã, Maria Izilda Camillo, presidenta da Associação Sem Terra da Zona Norte, Cidálio Vieira, coordenador do CineB Solar e Maria Hilda dos Santos Pires, secretária da Associação do Jd Apuanã.

Mesmo depois de tanto tempo, a recepção foi calorosa. Confira aqui como foi a sessão em 2009. Logo no início da sessão de sexta (26), muita dança e cantoria empolgaram a noite.

Maria Hilda dos Santos Pires, secreatária na Associação e moradora do Jardim Apuanã há 20 anos, estava muito feliz com o retorno do CineB Solar. “Para a gente é uma felicidade muito grande trazer o CineB Solar novamente aqui para o nosso bairro, para a nossa comunidade. Depois de 15 anos, foi em 2009 a última sessão e pra gente é uma realização, uma estrutura muito maravilhosa, cada dia que passa tá melhor. E é uma gratidão, porque o nosso povo aqui, a população que mora aqui dentro do Apuanã, não tem acesso ao cinema, o shopping mais próximo é distante, tem que pegar ônibus, é no metrô Tucuruvi. E pra gente é fantástico o nosso povo poder vir assistir cinema aqui dentro da nossa comunidade, em frente à sua casa, em frente ao seu apartamentinho, e ver pipoca, filme brasileiro que as pessoas entendem, tudo muito maravilhoso.

Maria Hilda dos Santos Pires

José Gomes Sobrinho foi encarregado de obra na construção das casas e hoje é coordenador da Associação, contou um pouco da sua trajetória que se mistura com o Movimento Sem Terra. “A gente começou em 90, foi em dezembro de 90, na época da (Luiza) Erundina. Quando a Erundina terminou o mandato, a gente ficou ainda sem terminar, aí entrou o Maluf. Na época do Maluf, a gente não conseguiu avançar. Ficamos muito tempo sem continuar o projeto. Aí terminou o Maluf e aí entrou o Pitta, que foi um caso pior ainda, porque aí a gente chegou ao ponto de paralisar o mutirão. A gente ficou paralisado, entrou umas três, quatro verbas só, mas a gente não teve como avançar. Aí, logo em seguida, veio a Marta, que foi quando a gente continuou Primeiramente, a gente fez uma entrega de 456 apartamentos. Isso foi em 95 que a gente fez essa entrega. E aí a gente continuou com o projeto quando foi em 2000 e em novembro de 2001 a gente entregou o restante do projeto. E aí a gente continua e até hoje eu continuo como encarregado e como coordenador e, na verdade, porque os outros coordenadores se afastaram, eu como moro aqui e fui encarregado de obra, ficou tudo nas minhas costas. Eu achei muito importante, fiquei muito feliz com a volta do projeto, principalmente na comunidade, porque o pessoal daqui não tinha assim, uma diversão, né? Muitas pessoas, às vezes, nem conheciam o que era o filme, né? Eu mesmo não conhecia, né? Então, foi muito importante.”

José Gomes Sobrinho

Presidenta da Associação Sem Terra da Zona Norte, Maria Izilda Camillo, estava muito emocionada com o retorno do projeto e contou sobre a importância do lazer e da cultura em comunidades sem acesso ao entretenimento. “Aqui no projeto Apuanã, é um projeto de 802 famílias, onde a gente construiu em mutirão autogestão. E em 2009, a primeira vez, a gente trouxe o CineB Solar. Porque as famílias aqui nunca tinham ido no cinema, então foi emocionante. E hoje a gente pediu pra vir de volta e o pessoal veio, ficou muito feliz, porque passou um filme da década deles, muitos já tombaram, já se foram, que participaram em 2009, mas hoje, pessoas novas também se emocionaram. Eu estou muita emocionada. Toda vez que eu trago um projeto para cá, eu me emociono. Porque esse povo é um povo que consegue tudo com muita luta. Eles conseguiram a sua casinha, trabalham muito, então não tem como. Não tem tempo pra ter lazer, cultura. Então, quando tem uma oportunidade assim, eles ficam tão felizes que emociona mesmo. Muito obrigada.”

Maria Izildo Camillo

A agitaçao não acabou nem mesmo com o final do filme. Três camisetas foram sorteadas aos presentes que se divertiram com a brincadeira.

Wanderlei Teles, um dos ganhadores do sorteio, compareceu à sessão e adorou. Teles é diretor geral da ONG Raiz, também localizada no Jardim Filhos da Terra e espera poder levar o CineB Solar para sua entidade. “Há 40 anos eu moro no Jardim Filhos da Terra. Sou nascido e criado aqui também. Atualmente sou diretor-geral do projeto Raiz, do Jardim Filhos da Terra. É uma ONG que a gente está implantando aqui agora, onde a gente tem atendimento de 3.500 pessoas no mês. A gente tem atividade com crianças, capoeira, bit box, temos uma entrega de alimentação, a nossa ONG ‘Prato Verde Sustentável’ faz essa parceria com a gente. Agora a gente tem a nossa rádio comunitária, a Rádio Globo São Paulo, que é 94,5 FM. A gente está nessa parceria aí no Filhos da Terra e a gente está tentando elevar mais cultura para o bairro, através de informação. Hoje também teve um documentário na nossa sede. Eu não conhecia o Projeto CineB, mas eu passei a conhecer através daqui do Apuanã, né? E como eles levaram lá pra gente também a ideia de que ia ter, então a gente já fez a parceria pra fazer a divulgação junto com eles, né? Até então o projeto aqui do Apuanã, a Associação também sempre nos ajudou desde sempre o que a gente precisa, Hilda, a Izilda, que a gente solicita pra eles, estão sempre assim, pronto pra nos ajudar. Então é uma parceria que a gente tem aqui do bairro, né? Eu adorei o projeto. Isso daí foi excelente, né? Um filme ainda mais brasileiro aqui, né? Um ícone da música brasileira. Pô, não tem como não gostar, né? É excelente.”

Wanderlei Teles

Agradecimento especial a Elaine Silva, agente comunitária, que ajudou na divulgação da sessão.

Mais sobre o CineB Solar


CineB Solar é um circuito itinerante de cinema realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e pela Brazucah Produções. Desde 2007, o projeto já atingiu um público de 90 mil espectadores em mais de 700 sessões gratuitas realizadas em comunidades e universidades de São Paulo. Percorremos cerca de 200 bairros da cidade de São Paulo e 23 cidades fora de São Paulo.

Ao longo destes 17 anos criamos o Selo CineB do cinema brasileiro , com 4 DVDs que contém no total 18 curtas mais bem avaliados pelo projeto. No Prêmio CineB Solar do Cinema Brasileiro foram premiados com o troféu 217 entidades e 156 diretores dos filmes exibidos. A iniciativa busca democratizar o acesso ao cinema nacional e divulgar os filmes produzidos no Brasil.


Já foram exibidos na tela do Cineb Solar 163 longas-metragens e 116 curtas-metragens, além da realização de pré-estreias exclusivas. Nesse momento de isolamento, para evitar aglomerações, nos reinventamos e preparamos novos projetos: CineB on-line, CineB Solar na Janela e CineBAutorama, ações para que todos
possam ficar em casa e se divertir com uma sessão de cinema.


Nas redes

Você já curtiu as nossas redes sociais do Projeto CineB Solar?

Instagram https://instagram.com/projeto_cinebsolar

Tiktok: https://www.tiktok.com/@cineb.solar

Facebook: https://www.facebook.com/@cinebsolar

Youtube: youtube.com.br/cinebsolar INSCREVA no nosso canal

Veja mais fotos da sessão:

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *