Fotos de Vivian Szelpal
As caravanas partiram da frente da estação de metrô Santa Cruz. Três carros contendo coincidentemente uma pessoa de cada região da cidade de São Paulo e um carrinho de pipoca. O trânsito de sábado de tarde estava tranqüilo e por isso levamos apenas 1 hora e 30 minutos para cruzar a gigante zona sul de Sampa, indo ao extremo, passando pelos Terminas Varginha e Grajaú, estradas de terra, até parar num endereço dentro do município de São Paulo, no salão da Igreja São Thiago, no bairro de Chácara Santo Amaro.
A zona sul de São Paulo é muito grande, abriga shoppings, bares, restaurantes, cinemas e milhões de paulistanos. Há bairros super modernos nesta área da Cidade, mas também há muitos bairros que parecem não pertencer a nenhuma prefeitura.
“Os shoppings mais próximos são o Interlagos e o SPMarket, que é onde costumo ir porque tem cinema. O tempo do trajeto é uma hora e meia, fora a espera no ponto. Aqui o ônibus é de meia em meia hora, são duas linhas que nos atendem e freqüentemente um dos ônibus não vem, aí o tempo de espera aumenta”, disse Roseane Aparecida Rasquinho Ferrarini, agente comunitária na comunidade. Ela tem sorte, porque mora e trabalha na região.
“Quando eu trabalhei na avenida Paulista, eram seis horas por dia para ir e voltar. Achar emprego aqui é difícil, então o pessoal arruma longe. Minha vizinha, uma senhora já de idade, trabalha em casa de família, acorda todo dia 4 horas para pegar o primeiro ônibus e chegar no horário”, disse Roseane.
“É uma comunidade que nem perece pertencer a São Paulo, uma região carente de tudo, por isso quando conheci o Cine B pela internet, fui atrás e forcei para que fossemos atendidos com uma exibição. Saúde não é só dar vacina. Todo ser humano precisa de momentos agradáveis, ver coisas bonitas que façam bem pra gente”, disse Caroline Terrazas, gerente do Posto de Saúde de Chácara Santo Amaro, na abertura do Cine B.
“Queríamos fazer a exibição no Posto de Saúde, em parceria com o Sylvio Ayala, do PAVS, mas o Cidálio achou que lá dentro não ia comportar e fora está muito frio. Então trouxemos o evento aqui para o salão da Igreja São Thiago”, disse Caroline.
Os moradores do bairro marcaram presença na exibição, inclusive os donos do bar vizinho a igreja, que fecharam o estabelecimento e foram pegar um cineminha.
Elke Paulino e sua filha Agatha Sophia, de 4 anos, é moradora do bairro e chegou bem adiantada para a exibição. Encontramos ela cobrando a presença de alguém ao celular e caminhando para a Igreja São Thiago. “Eu já assisti a esse filme [O casamento de Romeu e Julieta], mas vim mesmo assim porque nunca tinha visto algo assim aqui na comunidade”, disse Elke.
Sylvio Ayala, representante do PAVS (Projeto Ambientes Verdes e Saudáveis), esteve presente na exibição, aproveitando para divulgar uma cartilha educativa do Programa sobre saúde. “Assim como a Caroline, a gente acaba se envolvendo muito com a comunidade, os problemas que aqui acontecem e tentamos fazer além do nosso trabalho, é preciso agira, educar e oferecer mais oportunidades”, disse Sylvio.
E A PIPOCA?
Sempre a pipoca e o pipoqueiro são os grandes atrativos do Cine B. Os filmes é a proposta do projeto, então nada mais natural. Mas o pipoqueiro já virou figura lendária nesta equipe do Cine B, às vezes cativando o público mais que os filmes.
Enquanto nossa caravana rumava para Chácara Santo Amaro, o pessoal veio fazendo algumas perguntas sobre o nosso pipoqueiro oficial, seu Antônio Nascimento e o hábito de consumir pipoca no cinema.
Clique aqui para a tímida biografia do nosso pipoqueiro, no texto do Jaraguá.
Clique aqui para descobrir porque comemos pipoca no cinema, e não churros caramelados.